terça-feira, 24 de setembro de 2013

Natureza da Mediunidade




Chama-se mediunidade, o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o Mundo Invisível. O médium desfruta, por antecipação, dos meios de percepção e de sensação que pertencem mais a vida do espírito que a do homem, por isso tem o privilégio de servir de traço de união entre eles. 
Temos que ver nesse estado o resultado da lei de evolução e não um efeito regressivo, uma tara, como creem certos fisiologistas, que comparam os médiuns a histéricos e enfermos. Esse equívoco provém do fato de a grande sensibilidade e a impressionabilidade de certos médiuns provocar em seu organismo físico, perturbações sensoriais e nervosas; mas esses casos são exceções, que seria errado generalizar, porque a maioria dos médiuns possui boa saúde e um perfeito equilíbrio mental. Toda extensão das percepções da alma e uma preparação para uma vida mais ampla e mais elevada, uma saída aberta a um horizonte mais vasto. Sob este ponto de vista, as mediunidades, em conjunto, representam uma fase transitória entre a vida terrestre e a vida livre do espaço. 
O primeiro fenômeno desse gênero, que chamou a atenção dos homens, foi o da visão. Por ela se revelaram, desde a origem dos tempos, a existência do mundo do Além e a intervenção, entre nós, das almas dos mortos. Estas manifestações, ao se repetirem, deram nascimento ao culto dos espíritos, ponto de partida e base de todas as religiões. Depois, as relações entre os habitantes da Terra e do Espaço se estabeleceram das mais diversas e variadas formas, que se foram desenvolvendo através dos tempos, sob diferentes nomes, mas todas partem de um único principio. Por meio da mediunidade sempre existiu um laço entre ambos os mundos, uma via traçada pela qual a alma humana recebia revelações, gradualmente mais elevadas, acerca do bem e do dever, luzes cada vez mais vivas sobre seus destinos imortais.
Os grandes espíritos, por motivo de sua evolução, adquirem conhecimentos progressivamente mais amplos e se convertem em instrutores, em guias dos humanos cativos na matéria. 
A autoridade e o prestigio de seus ensinamentos ficam realçados ainda mais pelas profecias, pelas previsões que os precedem ou os acompanham. 
Em outra parte estudamos, detalhadamente, os diferentes gêneros de mediunidade e os fenômenos que produzem. Então pode-se ver como se estabeleceu a comunicação dos vivos e dos mortos; como se constitui essa fronteira ideal onde as duas humanidades, uma visível e a outra invisível, entram em contato; como, graças a essa penetração, se estende e se esclarece nosso conhecimento da vida futura, a noção que possuímos das leis morais que a regem, com todas as suas consequências e suas sanções. Por todos os procedimentos medianímico, os espíritos superiores se esforçam em trazer a alma humana das profundidades da matéria para as altas e sublimes verdades que regem o Universo, para que se revistam dos altos fins da vida e encarem a morte sem terror, para que aprendam a desprender-se dos bens passageiros da Terra e prefiram os bens imperecíveis do espirito. 
A alma não pode achar harmonia senão no conhecimento e na prática do bem, e somente dessa harmonia e que flui, para ela, a felicidade. 
Aos espíritos superiores se unem as almas amigas dos parentes mortos, cuja solicitude continua estendendo-se sobre nós, assistindo-nos em nossas dolorosas lutas contra a adversidade e contra o mal. 
Assim, a mediunidade bem exercida se converte em um manancial de luzes e consolos. Por seu intermédio, as vozes do Alto nos dizem: “Escutai nossas chamadas; vos que buscais e chorais não estais abandonados... Temos sofrido para lograr estabelecer um meio de comunicação entre o vosso mundo esquecido e o nosso mundo de recordações.
A mediunidade já não se vera enxovalhada, menosprezada, maldita, porque os homens já não poderão desconhece-la. Ela e o único laço possível entre os vivos e nos, a quem nos chamam mortos.

Esperai, não deixaremos fechar-se a porta que temos entreaberta para que, em meio as vossas duvidas e vossas inquietudes, possais entrever as claridades celestes.”



Léon Denis – “Espíritos e Médiuns”.

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