terça-feira, 12 de novembro de 2013

O CONSULENTE NA UMBANDA


A umbanda não exige de seus simpatizantes que eles mudem sua religião para serem aceitos ou atendidos, não cobra, não impõe e não agride consciências, mas sabemos que dentro de cada religião, principalmente da umbanda, existem os maus adeptos que distorcem e conspurcam os ensinamentos divinos, gerando confusão nas mentes ainda ignorantes.
Entendemos que ao longo de décadas os simpatizantes da umbanda foram mudando pouco a pouco o seu perfil, antes eram os mais pobrezinhos e com o tempo, pessoas de todos os níveis sociais foram se achegando, levando suas mazelas particulares para o pretinho (a) velho (a) amigo (a), ajudar a resolver, entoando a amorosa saudação:
ê, ê! Sarve nosso sinhô zezuis cristo, mizi fio!
 Acreditamos que por justamente a Umbanda não exigir de seus adeptos fidelidade (e estamos totalmente de acordo com isso) o que ao nosso ver é certo, as pessoas por anos a fio frequentaram os centros umbandistas sem ao menos se preocuparem em conhecer este universo, entrando e saindo por anos a fio, como meros visitantes, despreocupados com a necessidade íntima de reformarem-se moralmente, ou seja, muitos deixaram para os pretos velhos e para os caboclos, entre outros irmãos do Alto, a função de higienizadores morais, isto é, vão até os centros ou casas espiritualistas achando que a entidade espiritual virá com uma fórmula mágica para fazer desaparecer os nossos problemas, sem que precisemos espancar nossa índole má, para nos transformarmos em espíritos melhores!
 Nós entendemos que houve um mal entendido daqueles, pois até hoje, muitos consulentes, cerca de 80% deles, não fazem absolutamente nada para mudar o rumo de suas vidas, reclamam há anos das dores no corpo, das feridas malcheirosas, das enfermidades horríveis que carregam, reclamam da infelicidade conjugal, familiar e profissional, mas não movem uma palha para que esta situação mude. Infelizmente a grande maioria dos consulentes esperam que “os mortos” façam algo por eles. Por que será?
Certa vez, em um ambiente onde se praticava a caridade, os consulentes aguardavam em fila a sua vez para o atendimento com um médium de nome Anchieta. Estávamos lá também e a nossa frente havia apenas uma mulher que naquele momento iria ser atendida pelo médium. Da porta pudemos ver as pessoas que já estavam dentro da sala que o senhor Anchieta já havia atendido, a cerca de uns dois metros de distância de nós, estava ele com seus assobios e preces interessantes, aquele foi um médium fantástico, podíamos perceber a presença dos guias a lhe informar sobre cada consulente. Naquele exato momento que a tal mulher aproximou-se e ficou de frente para o médium, caladinha, pois ela ainda nem tinha falado nada, ele a olhou fixamente e disse: “Não, não! Aqui não fazemos trabalho para matar o marido de ninguém! Aqui ajudamos as pessoas e não o contrário! A senhora veio ao local errado…
Calada ela entrou e muda saiu, com o semblante denotando certa decepção foi embora daquele local misterioso e bom, deixando-nos a todos estáticos.
E os nossos irmãos queridos, do “lado de lá”, pacientemente vão nos orientando até que um dia, algo desperte em nós (que tal o desconfiômetro?). Os guias ficam ali, no desejo puro de nos ver mais espertos e mais conscientes de que o trabalho é nosso, a bagunça que fizemos não podemos deixar para os outros arrumar, não é mesmo? Os guias espirituais só nos apontam os melhores caminhos e nós é que precisamos trilha-los.
Vários são os consulentes que frequentam a umbanda há anos e até hoje não se deram conta de que o aconselhamento do guia amoroso sem nosso esforço verdadeiro é em vão, de que os tratamentos espirituais que visam nos livrar de nossas mazelas físicas, não podem nos livrar de nossas mazelas morais se nós mesmos não fizermos por onde! Que os livros espíritas sérios e elucidativos de todos os tempos, não contém fórmulas mágicas daquelas dos filmes de ficção, que resolvem tudo a contento, não mesmo!
Até quando o consulente dentro da Umbanda ficará comodamente a “espera de um milagre”? Até quando os nossos irmãos do Alto terão que nos alertar sobre o tempo que desperdiçamos e que não volta atrás? Até quando os espíritos de amor e de luz terão que repetir através dos livros, as mesmas coisas sobre nossa índole negativa e sobre nossa letargia no campo da boa moral?
Até quando precisaremos das ervas dos Caboclos para curar nossas infecções e tumores, que não cessamos de produzir, com nosso egoísmo e orgulho latente, por encarnações e encarnações?
Até quando iremos permitir que o “palestrante” fique com a garganta seca de tanto falar, no intuito amoroso de nos passar algo de útil, que nos faça despertar enquanto há tempo para nossos erros e para a necessidade de corrigi-los nós mesmos?
Até quando os consulentes frequentadores da umbanda irão continuar a visitar os templos, sem arregaçar as mangas e buscar a instrução e comprometer-se verdadeiramente com o conhecimento de si mesmo?
É muito bonitinho ver todo mundo sentadinho, nas cadeiras, esperando o momento de receber o axé dos guias e os aconselhamentos tão importantes, entretanto, melhor ainda é quando saímos destes lugares decididos a seguir a risca tudo o que nos foi dito!

Fé e Luz!

 Marcos Marchiori e Letícia Gonçalves

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