quinta-feira, 24 de abril de 2014

PRÁTICA DA MEDIUNIDADE - II




Para que seja eficaz e produza todo o efeito desejado, a oração      deve ser um chamamento ardente, espontâneo e, por conseguinte, de breve duração: pelo contrario, as orações vulgares, recitadas da boca para fora, sem calor comunicativo, não produzem senão irradiações débeis insuficientes.
Fácil, portanto, será compreender a necessidade de que haja, nas sessões, união de pensamentos e vontades. Deve-se ter presente, sobretudo, a importância que exercem nas emissões fluídicas os sentimentos de fé, de confiança, de desinteresse, em uma palavra: todas as qualidades morais, as facilidades que elas dão aos bons espíritos, de par com os obstáculos que opõem a ação dos espíritos mal-intencionados.
E, tudo isso, sem excluir o livre exame e as condições de controle que nenhum observador deve abandonar jamais. Tão pouco há que se surpreender se os resultados obtidos são relativamente trabalhosos e pobres em ambientes em que reina uma atmosfera de ceticismo, onde se pretende dar ordens aos fenômenos e aos espíritos, e nos que, sem saber, criam travas as manifestações de ordem elevada.
Ademais, o presidente de cada grupo deve esforçar-se em obter silencio e recolhimento durante as sessões, e evitar as perguntas inoportunas e demasiado pessoais, que pretendam dirigir aos espíritos, para manter, dentro do possível, a união dos pensamentos e das vontades, dirigindo-os para uma finalidade comum. Os pensamentos divergentes e as preocupações materiais formam correntes desencontradas, uma espécie de caos fluídico, que dificulta a intervenção dos guias, enquanto que a concordância de intenções e de sentimentos estabelece a fusão harmônica dos fluidos e cria um ambiente propicio a sua ação. A sessão deve terminar com algumas palavras de agradecimento aos espíritos protetores e convidando os participantes a aproveitar os ensinamentos recebidos, praticando a moral que deles se deriva.
Com suas criticas, nossos contraditores inexperientes demonstram, com frequência, sua escassa competência nestes assuntos. Mas, por outro lado, todos os magnetizadores conhecem a propriedade que tem os fluidos de refletir exatamente nosso estado de animo e sabem imprimir-lhes, às vezes, qualidades benéficas e curativas.
Também e possível demonstrar, experimentalmente, a existência e a variedade infinita desses fluidos que diferem em cada personalidade. Pode-se facilmente tirar placas fotográficas com as irradiações que se desprendem de nossos cérebros, e registrar os fluidos que variam segundo as disposições pessoais.
O exercício da mediunidade encontra dois obstáculos temíveis: o espírito de lucro e o orgulho. (Quantos médiuns começaram animados de um sincero desejo de servir a nossa causa e terminaram, por causa do orgulho, por cair no ridículo, convertendo-se em motivo de zombaria para todos!) A satisfação de si mesmo e perfeitamente legitima, quando e o resultado de qualidades ou de meritos adquiridos por meio de trabalho ou estudos prolongados. Como sentir orgulho por uma faculdade que veio do Alto e que não precisou de gastos nem esforços?
O orgulho e o que inspira essas rivalidades, essa inveja mesquinha entre médiuns, causa frequente de desunião em alguns grupos. E preciso que cada um se contente com o que recebe.

Quando o médium esta isento de vaidade, e franco de coração, e, com a sinceridade de sua alma, aos olhos de Deus, oferece seu concurso aos bons espíritos, estes se apressam em assisti-lo e o ajudam a desenvolver suas faculdades. Cedo ou tarde levam ate junto dele os parentes falecidos, os amados mortos, reatando-se uma doce intimidade, fonte de alegrias e consolos. Pouco a pouco o médium vai se tornando o artífice bendito da obra de renovação. Recebe e transmite as instruções que iluminam a vida e traçam a via de ascensão para todos, proporcionando, assim, a ajuda moral que faz mais fácil o dever e mais suportável a prova. Assim, com os ensinamentos dos espíritos, a noção de justiça se estendera pelo mundo. Ao saber que viemos quase todos para expiar faltas anteriores, o homem não se mostrara tão inclinado a murmurar contra a sua sorte, e seu pensamento se elevara acima das misérias deste mundo, evitando que seus atos ou suas palavras aumentem o peso das injustiças que sobre si recaem. Então a vida social poderá melhorar, e a humanidade adiantara um passo.
Todas essas humildes vidas de médiuns que, a não ser por isso, ficariam obscuras e insignificantes, se verão enriquecidas pela missão recebida, iluminadas por um raio divino e se converterão em elementos de progresso e de regeneração.
O contato com o Invisível, com as almas puras e grandes, aumenta as faculdades psíquicas e multiplica os meios de percepção. Nas sessões bem dirigidas, o médium percebe, cada vez mais, as irradiações, os fluidos dos mundos superiores. Experimenta uma dilatação de seu ser, uma soma de gozos que escapam a analise e que são, como uma antecipação da vida espiritual, um preludio da vida do espaço. E uma compensação oferecida, ja nesta existência, as fadigas e trabalhos pelo exercício da mediunidade.
O médium sincero, leal, desinteressado – como dizíamos – pode estar seguro da assistência dos bons espíritos; mas se ele se deixar invadir pelo amor ao lucro, ou pelo orgulho, os Espíritos Guias se afastam e deixam o caminho aos espíritos fracos e atrasados. Então, aumentam os enganos e as fraudes. Aparecem mensagens firmadas com nomes pomposos de estadistas, reis, imperadores ou poetas celebres, porem, quando se passam essas comunicações pela peneira da razão e da reflexão, nos damos conta de que somos vitimas de uma fraude.

Léon Denis.

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