terça-feira, 15 de março de 2016

Trilogia “Apometria e Umbanda”, conclusão.



Salve, mizi fios!



Hoje esta preta velha vai falar de maneira articulada, de acordo com a psicologia transpessoal da Nova Era, adequada aos esforçados leitores espiritualistas. 
A psicologia do terreiro, no seu linguajar popular, é para que atinjamos os espíritos dos simples, mesmo alguns semi-analfabetos.

Um homem do povo, brasileiro, diante de uma "dôtora", ou erudita abadessa, exímia psicóloga do autoconhecimento, de português aprimorado na escrita e na oralidade, ficará inibido, não abrindo o seu coração. Por isso, nos apresentamos como uma vovó preta nos terreiros e uma freira nas mesas, trabalhando com mais de um aparelho mediúnico. A cada um é dado de acordo com a sua necessidade de esclarecimento.

A Umbanda, que não doutrina ninguém, evangeliza chegando próximo das coisas "pequenas" do dia-a-dia. E, com essa sintonia, com amor e humildade, vai fazendo os homens reverem seus valores, repensando suas condutas, interiorizando e alargando os ensinamentos do Cristo-Jesus.

Nesta época de liberdade, em que se anuncia nas listas da Internet os princípios mais diversos, o psiquismo cresce em importância e o animismo perde o garrote da mistificação. Raro o fenômeno mediúnico isolado, como exígua é a manifestação tão-somente anímica. Se o ente sintoniza com uma comunidade de espíritos perdidos e presos no passado - por exemplo, em situação de guerra, acidentes violentos, torturas, magia -, sentirá repercussão vibratória prejudicial pelo processo mediúnico mórbido, quase certamente antecedido de uma síndrome de ressonância com o passado, o que é um fenômeno anímico.
A sintonia mediúnica é antecedida de um fenômeno anímico, como, por exemplo, a passividade clássica, que é a deliberação da vontade da alma do médium permitindo o contato fluídico com outro espírito, no caso desencarnado. Observem que existe o transtorno anímico sem mediunismo, e é "impossível" a sintonia mediúnica sem a alma do encarnado, o animismo, salvo em médiuns totalmente inconscientes que outrora não conseguiam controlar as manifestações. 
Os médiuns, inconscientes no passado ou conscientes nos dias atuais, para expressar um "transe", têm de exercer um ato volitivo, de vontade, dando a clássica passividade: a alma, a ânima, se expressa antes da instalação do fenômeno medi único ou da catarse anímica.
Na atualidade, não reencarnam mais médiuns inconscientes. Ao menos até autorização em contrário dos maiorais do Espaço. Na apometria, se detalha os transtornos anímicos, com clareza. Aumenta a responsabilidade, no encadeamento das leis de causa e efeito, dos que lidam com a apometria; ela é geradora de carma, bom ou ruim, de acordo com a intenção e a consciência de quem está aplicando a técnica. Tentaremos exemplificar.  Numa primeira situação, uma mãe aturdida com o filho "adolescente" de 24 anos, agressivo, anti-social, que eventualmente se droga, e está namorando uma mulher mais velha, vai a um "pai-de-santo", num determinado terreiro, e pede que dê um jeito.
A mãe "amorosa" contrata trabalho "forte", que resolve. O filho se encontra com seu discernimento normal, e suas atitudes não justificam o procedimento intempestivo da mãe, que está "autorizando", como se fosse uma procuração, ainterferência no campo energético do filho, com sérias consequências, dentro das leis de causa e efeito, para ela e para o "pai-de-santo". 
O dito "pai-de-santo" faz despacho com animal de quatro patas, sacrificado, invocando os espíritos que o apóiam, em concentrada mentalização, com sinais cabalísticos.
Num segundo exemplo, visitemos um grupo de apometria em seu dia de atendimento aos médiuns trabalhadores. 
Uma das médiuns, em sentido choro, diante do dirigente, roga atendimento ao seu filho, jovem "rebelde" que se envolveu com uma garota muito "louca", de uma turma da "pesada", levando o coitadinho a faltar à faculdade e não se interessar mais por nada. Com o semblante sério, entre lágrimas, diz que achou uma bagana de maconha na carteira do filho. O dirigente apométrico procede aos comandos verbais, contagens, varredura energética; despolariza memória, cria campos de forças de detenção, faz tudo que pode com a sua liderança, junto ao grupo, para auxiliar a dedicada médium e seu rebento amado com sua adestrada força mental. Por último, em sentido entusiasmo, adota os procedimentos apométricos mais "modernos" que aprendeu em recente seminário, ótima oportunidade de ensinar aos médiuns os avanços nesta fantástica técnica.
O jovem filho da médium "zelosa" se encontra com o discernimento em perfeita normalidade. Dentro das leis cósmicas, equânimes para todos, se distorceu o livre-arbítrio individual (nenhum dos dois consulentes pediu o atendimento) e o merecimento (não houve intercessão de espírito superior com esse direito), desequilibrando-se a programação reencarnatória de ambos, praticando-se magia negra, desestruturando a harmonia universal.
Que os filhos concluam que é muito fácil fazer magia negra com a apometria; não precisa haver despacho pago em encruzilhada urbana. Basta a força mental do operador e a aquiescência do grupo.

A liberdade que se tem impõe enorme responsabilidade no que se faz. Diferente de quando disfarçávamos os cultos e os cânticos aos orixás com os santos e rezas católicos, no escuro da senzala de chão batido. Diverso de quando os negros recémalforriados aceitavam as propostas das moedas dos sinhôs para praticar sua magia em proveito deles, pressionados que estavam pelo estômago esfomeado.

Os "apometristas", bem nutridos física e intelectualmente, localizados em salas ventiladas, com secretárias, fichários dos atendimentos e estagiários na assistência, não devem sentir-se um passo à frente, como se as outras formas de terapêutica espiritual estivessem ultrapassadas.

Vigiam-nos as leis cósmicas, eternas e imutáveis, onipotentes, simbolizadas no "olho que tudo vê", que iguala o "dotô" da apometria com o "pai-de-santo" da encruzilhada...

Que a conclusão da trilogia Apometria e Umbanda, livros capitaneados por Ramatís e sua falange, sirva de reflexão a todos os filhos desta pátria do Cruzeiro do Sul.

Que o amor se esparja nos corações.



   Vovó Maria Conga

                              Porto Alegre, 06 de abril de 2005.



DO LIVRO: VOZES DE ARUANDA RAMATIS e BABAJIANANDA/Norberto Peixoto – EDITORA DO CONHECIMENTO.




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