domingo, 21 de agosto de 2016

"O CAMINHO DAS ÁGUAS"

PERGUNTA: — Há fundamento na assertiva de que Jesus caminhava "sobre as águas"?



RAMATÍS: — Ainda hoje, na Índia, não é muito difícil encontrarem-se indivíduos que conseguem realizar o prodígio de andar sobre as águas, caminhar sobre cacos de vidros acerados e deitar-se em braseiros sem quaisquer danos, pois a matéria não passa de energia condensada do mundo oculto, que pode ser dominada pelo homem, conforme a vossa ciência vos prova dia a dia. Mas é preciso distinguirmos a função de um prestidigitador que surpreende o senso comum das criaturas operando fenômenos exóticos, com a "missão" de um Espírito do quilate de Jesus.  O primeiro pode tornar-se um "homem dos milagres" e acompanhar-se de um cortejo de admiradores e fanáticos, que lhe prestarão homenagens até o dia da primeira falha ou incompetência; o segundo é um libertador de almas que dispensa os recursos da matéria para organizar o seu apostolado. Jesus poderia realizar todos os milagres que lhe foram atribuídos, embora operando sabiamente com as energias naturais do próprio mundo físico; no entanto, isso em nada lhe ajudaria a convencer a criatura humana necessitada de sua própria libertação espiritual!

Nenhum missionário, por mais excêntrico e poderoso no manejo das forças ocultas, conseguiria transformar um homem num anjo, somente à custa de fenômenos e milagres! O espírito do homem não se gradua para a angelitude presenciando milagres ou admirando "magos de feira", mas isso ele só o consegue despertando em si mesmo as forças espirituais que depois o libertam do instinto animal e abrem clareiras mentais para a amplitude de sua consciência!

O "milagre" do Mestre Cristão andar sobre as águas, conforme a narrativa dos evangelistas, prende-se à interpretação errônea de um costume tradicional entre os galileus de sua época.

Havia dois caminhos muito conhecidos que convergiam de Cafarnaum e outras localidades para Nazaré; um deles cortava a planície e o denominavam "caminho do campo"; outro marginava o lago Tiberíades e o chamavam o "caminho das águas". Assim, quando alguém seguia ou retornava beirando o lago Tiberíades, era costume dizer-se que "fulano fora ou viera pelo caminho das águas". Mas decorrido certo tempo, então era mais próprio dizer-se que "fulano fora ou viera pelas águas". Deste modo, quando Jesus retornava com seus discípulos para Nazaré era muito comum anunciarem que o "Mestre vinha pelas águas", e isso fez com que a tradição religiosa trouxesse até vossos dias a lenda de que "Jesus andava sobre as águas"!



DO LIVRO: “O SUBLIME PEREGRINO” RAMATÍS/HERCILIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.






















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