quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

CONFIDÊNCIA

Confidenciar é fazer com que os outros participem conosco de segredos, que o cuidado deve acompanhar. E, em se falando das coisas espirituais, a revelação é progressiva e todos os dias se comunica, pretendendo-se que o ouvinte ou leitor somente assimile aquilo que realmente suporte. As leis são elásticas. Em cada dimensão evolutiva, ela se reveste, tomando diretrizes compatíveis com cada alma ou cada povo.
A prudência no falar é nota harmoniosa por demais necessária, tanto para quem transmite, quanto para quem ouve. Ser comedido na comunicação é saber filtra as ideias e direcionar bem os pensamentos, pois é através da palavra que nos fazemos entendidos e desenvolvemos o dom maravilhoso do verbo. Falar é tão sagrado como comer, estudar, vestir, amar e sorrir. É uma música partindo de nós para os outros. Devemos torná-la melodia agradável aos ouvidos dos semelhantes e às sensibilidades mais profundas das almas.
Se quereis ser úteis nas confidências, vigiai, para que os gritos não participem da vossa palavra. E se ainda encontrais dificuldades em condensar o que dizeis e harmonizar o que falais, esperai um pouco, pensai bastante no amor, despertai a alegria, mesmo que seja forçada.
As vezes a confidência bem orientada desatrela ideias que alimentamos há muito tempo, cultivando-as como certas. E a aproximação de alguém, que fala conosco, induz a razão a abrir prisma novo, para sentirmos melhor o caminho que deveremos tomar.

Ao falar e escrever devemos ter cuidados especiais nas colocações dos adjetivos, pois eles expressam nossas ideias e comunicam de vez as nossas intenções. A mente alheia é um campo imenso de emoções, onde as ideias surgem como sementes caídas em solo fecundo. E, ainda mais, costumam dar guarida às ideias exteriores, como grãos que poderão igualmente nascer, com a participação dos frutos, a quem ofereceu as sementes.
Eis a responsabilidade do transmissor de notícias, daquele que fala às massas e do que confidencia ao pé do ouvido dos seus iguais. E dos escritores. A área da mente das criaturas é fermentada todos os dias, por turbilhões de estímulos, seus e dos outros, capazes de fazê-los convergir para a paz, como atear fogo no seu íntimo, ardendo em cadeia como se fosse um verdadeiro inferno, bem maior que o
de Dante.
A palavra é uma lâmina de gilete ou uma navalha, que embelezam o rosto para sorrir, como podem, em mãos inábeis, fazer chorar de dor. O verbo exercido por espírito evoluído é qual água pura oferecida ao sedento. É fonte inesgotável que a vida esqueceu de estancar, por misericórdia. Aprendamos, pois, a conversar com quem possa nos ouvir, procurando sentir suas mais profundas necessidades e tocando-as de leve, de modo que a alma se encoraje para as lutas de cada dia, de maneira que o espírito se conforte nas conversações e as suas forças se renovem no intercâmbio magnético, que se processa pela fraternidade.
Usemos a vigilância como emblema em todas as comunicações que porventura tivermos com os outros, para que não as tornemos maledicências, deturpando, assim, os bons princípios dos outros. Falar é sagrado, e falar bem é divino.
Já pensastes na vossa responsabilidade se, ao vos aproximar de uma indústria da qual vivem milhares d.e famílias,pelo trabalho digno de centenas de homens e, por vingança ou brincadeira, provocardes um curto-circuito nas instalações? Pois essa mesma calamidade poderá acontecer, por invigilância ou maldade da vossa língua, provocando um curto-circuito psíquico na alma de quem vos ouve. E a mente em perturbação põe em perigo todo o corpo, disseminando veneno por todos os centros de força e, em muitos casos, até atingindo dezenas ou mesmo milhares de pessoas que participam de vosso convívio.
A fala é uma sublimação do espírito. É uma conquista que somente o tempo consagrou pela vontade de Deus. No entanto, saber falar condignamente é participação nossa. Cada som que articulamos carrega consigo o timbre daquilo que somos e voltará a nos. por justiça, com outro igual. Granjeemos amigos, confidenciando coisas. Todavia, jamais esqueçamos de convidar Jesus para participar das nossas conversações.

DO LIVRO! "HORIZONTES DA MENTE" MIRAMEZ/JOÃO NUNES MAIA - FONTE VIVA.

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