domingo, 26 de março de 2017

MEDO E NEGATIVISMO AO EXTREMO – AS PORTAS DE ACESSO PARA A PATOLOGIA.



O medo é um dos sentimentos mais primitivos e que surge com a criatura. Desde os tempos mais remotos esse sentimento tinha a importância de manter vivas as criaturas num ambiente hostil e perigoso. Ele serve para nos fazer recuar diante do perigo seja ele qual for, analisando cautelosamente as probabilidades de sobrevivermos e/ou de nos preservarmos da dor.
O medo é um “alerta” saudável e necessário à nossa sobrevivência, entretanto, queremos enfatizar nesse despretensioso texto, os perigos do medo doentio que paralisa o indivíduo diante das adversidades e das oportunidades de crescimento no campo da vida (atuando em todas as áreas e em todas as idades com perfil patológico)...
Não intencionamos criticar nosso semelhante, pois estaríamos “atirando em nosso próprio pé”. Desejamos tão somente, convidar os leitores amigos à reflexão voltando o olhar para dentro de si, numa análise autocrítica, saudável e engrandecedora.
O texto é simples, mas deseja expor de forma sincera e fraterna, opiniões que não pretendem hastear a “bandeira” da verdade absoluta!

Toda pessoa negativa ao extremo sente medo excessivo em alguma área. O negativismo surge através das experiências mal vividas ou mal “digeridas”, que deveriam ser analisadas a contento (trabalhadas positivamente) sob a ótica do equilíbrio. Elas vão crescendo em nossa concepção como ideias originadas das relações traumáticas que tivemos.  Enfim, tudo isso serve para dizer que é o medo exagerado de reviver um trauma, a dor, a angústia, as lembranças de vivências anteriores que nos causaram pesar.
Podemos também salientar que o sentimento de orgulho próprio ferido, aliado ao temor do indivíduo em mostrar-se como realmente é, com o passar dos anos pode gerar um medo mórbido de se expor ou ser exposto por alguém. Ou seja, reage mal por saber que na sua natureza humana ainda frágil,  e fraca moralmente reveste-se da "armadura" poderosa do ego, que o defende e constrói ao longo da sua vida, máscaras ou personas que ocultarão muitas das vezes essa sua fragilidade e dificuldades várias, de mostrar-se como realmente é. Pois isso imputaria em ser julgado e muitas vezes “condenado”...
O ego, como sabemos, irá participar ativamente dessas manifestações de medo e de negativismo, assumindo o papel do “defensor” que constrói disfarces muito “bem” elaborados para expor o que desejamos transparecer à sociedade.
 “O Ego, para quem não sabe, é a estrutura da mente que reúne nosso senso de identidade, realidade e personalidade. Dentro da teoria freudiana, o Ego é uma de três estruturas básicas da mente e divide espaço com o  Id e o Superego. Dessas três estruturas, somente o Ego aparece em outras teorias. O Id e o Superego são exclusivas da psicanálise.”
Pablo de Assis 
Onde o negativismo e o medo se fundem em nós de forma desequilibrada? Onde acontece a patologia? Quando?
Acredito que em nossa infância temos os primeiros contatos com o medo, através das imaginações e as “podações” de nossos pais nos reprimindo e incutindo-nos suas experiências negativas, através das admoestações “educativas”.

 “Meu filho, não faça isso... é coisa do Demônio!  Não suba em árvores, poderá cair!  Não sonhe alto, minha filha, nós não merecemos ser tanto!  Eu o proíbo que faças isso, é perigoso, meu filho! Você vai ser o que eu escolher! Não mexa nisso! Não faça isso! Não toque nisso! Não vá lá! O  bicho papão vai te pegar se me desobedecer! Vou chamar o “homem do saco” para te levar com ele se não for obediente, menino! Papai do céu vai “te castigar”, isso é pecado! Você vai pro inferno se continuar assim! Você não vai conseguir nada na vida! Pobre não merece ter as coisas, minha filha! Estudar é para os ricos, meu filho, desista é um erro! Você não vai conseguir ser alguém na vida! Não confie em ninguém! Não exponha seus sentimentos para ninguém! Não se apaixone nunca, minha filha, os homens são todos uns mentirosos! Não confie nas mulheres, meu filho, elas vão lhe trair! Tenha medo dos homens, minha filha! Tenha medo das pessoas, não confie nelas! O mundo é cruel! As pessoas não prestam! Eu não confio em ninguém! Sexo? Se você fizer antes da hora, Deus vai te punir! Homem não chora! Você irá para o inferno se não seguir esta religião! Se fizer isso vai morrer! Esse país não vai pra frente! Não confie nos políticos, são “todos” corruptos, não vote em ninguém! ”...

Quantas frases infelizes e altamente destrutivas ouvimos no decurso de nossas vidas? Por quantas vezes já ouvimos nossos familiares, amigos e até os que nos são antipáticos nos desestimularem de nossos sonhos em nome do negativismo e do medo avantajado?  
Os nossos pais nos doam aquilo que têm, suas virtudes, seus medos, suas frustrações, etc.
Nossos amigos e companheiros de jornada evolutiva opinam e filosofam muitas vezes numa visão um tanto pessimista sobre a vida, sobre as relações humanas, sobre a política e, infelizmente absorvemos essas opiniões sem que antes nos consultemos se realmente queremos pensar assim. Então, sob a ótica do outro deixamo-nos intoxicar pelo negativismo, já seduzidos pelo medo excessivo e, de certa forma acovardados.
A sociedade hoje em dia a vida cotidiana traz-nos dificuldades novas, pois conviver com o diferente nem sempre é coisa agradável, muitas vezes precisamos nos adaptar ao novo, a modismos, a novas regras de comportamento e a situações que nos causam estresse. 
A criminalidade sem rédeas, os jovens cada vez mais corrompidos e seduzidos pelas sensações inferiores, pelos modismos ridículos e perniciosos.
Nossa atuação na sociedade está cada vez mais defensiva, ou seja, estamos mais agressivos, mais desconfiados e mais cautelosos do que nunca. Isso reflete em nosso comportamento e em nossos pensamentos, na forma como vamos lidar com o outro, nas relações afetivas, em como vamos resolver os conflitos do dia-a-dia.
Em muitos de nós as experiências negativas em sociedade geram traumas, complicações (depressão) acalentando o medo e o negativismo patológicos.
Meus amigos, precisamos romper essas correntes imaginárias e perigosas para que a liberdade nos abrace e nos permita fazermos por nós mesmos reforma necessária para adquirirmos a boa experiência na vida com todas as suas nuances. Não importa se caímos e fracassamos, se erramos ou acertamos, se as experiências no campo das relações humanas foram traumáticas, negativas ou positivas. O importante é vivermos plenamente, sabedores de que cada um tem um potencial a desenvolver e somos todos espíritos em evolução. Portanto, o medo patológico é um “gigante” que temos que enfrentar e derrubar!
                “A característica central da fobia social é o medo de uma ou mais situações sociais em que a pessoa fica exposta a pessoas não familiares ou a possível avaliação pelos outros. O medo é de se comportar de maneira embaraçosa ou humilhante ou de demonstrar sintomas de ansiedade. No subtipo circunscrito, o medo fica restrito a uma situação específica como falar, escrever ou comer em público. Indivíduos que temem diversas situações sociais são classificados no subtipo generalizado. A fobia social é diferenciada da timidez normal por causar marcada disfunção sócio-ocupacional e/ou sofrimento importante.
        O diagnóstico também é clínico e raramente pode ser confundido com ansiedade secundária a condição médica geral. A principal diferenciação é em relação a outros transtornos de ansiedade e a depressão.”

O medo exagerado está em nós, jamais do lado de fora. Ele é nossa imaginação desequilibrada nos direcionando para os abismos imaginários e com isso, nos paralisando e impedindo-nos de enfrentarmos a vida.
Nada é fácil, não há atalhos a se tomar...
O autoconhecimento é a forma mais tradicional e eficaz de nos tratarmos das doenças imaginárias e reais que nos afetam. Aliado a isso, o conhecimento ou a busca por ele é e será o antídoto para a morbidez que se instala em nós, justamente por sermos ainda aprendizes da Escola de Deus.
Como espíritos eternos que somos, trazemos em nossa bagagem sideral tudo o que somos “até aqui” e, muitas vezes, nas experiências terrenas (reencarnação), dependendo de como somos preparados emocionalmente por nossos pais, despertamos sentimentos adormecidos para o bem ou para o mal, que jazem em nós. Podem ser estimulados e alimentados ou permanecerem adormecidos, até que morram por “falta de uso”.
É por isso que o Amor, esse sentimento verdadeiro pode curar as almas e desvia-las de caminhos ainda mais tortuosos.
 Em muitos casos a pessoas deixam de trabalhar seus medos, deixam de se olhar por dentro, não se educam, são profundamente orgulhosas e culpam a Deus e as pessoas e a própria vida de não lhes dar aquilo que elas mesmas deveriam ir buscar!

Algumas características de pessoas profundamente negativas e excessivamente medrosas:
Têm dificuldade de confiar.
Dificuldade de amar.
Não se arriscam.
Têm medo das mudanças.
Valorizam mais as memórias negativas.
Orgulho.
Tendência natural a desacreditar da capacidade das pessoas.
Dificuldades para acompanhar as mudanças no mundo.
Preferem permanecer parados, resguardando-se dos “perigos” naturais que a vida apresenta.
São críticos infalíveis.
Orgulho exacerbado.
Convicção absoluta de suas ideias.
Dificuldades em perdoar.
Têm “leves” tendências paranoicas.
Cultivam o ciúme.
Sempre recorrem à chantagem emocional.
São imaturos, etc.

Será que não temos em nós algumas dessas características? Se temos o importante é nos reconhecermos aprendizes e com humildade, buscarmos o melhoraramento.
Não existe perfeição na Terra, somos ainda crianças necessitadas de aprendizado e mais experiências enriquecedoras no campo da vida.
Reconhecer nossas deficiências nada mais é do que assumir que somos humanos. Um trabalho de humildade e de autoamor.
Não nascemos sabendo, não somos os donos da verdade, não somos infalíveis!
Somos apenas seres buscando o progresso pessoal e espiritual e para isso é necessário refletirmos sobre nossas dores... qual a sua causa? Por que estamos negativos? Qual o motivo de sermos altamente perturbados com o sentimento do medo patológico? A quem pedir ajuda?
O medo é um tema fantástico e rico.
Existem várias vertentes a serem estudadas nessa área, nós só abordamos uma pequena fração delicada e que merece sim a nossa atenção. 
O aprofundamento nessa área seria com o apoio dos psicólogos, filósofos e médicos renomados, pois vasto e complexo é o tema.
O sentimento exagerado do medo é patologia que deve ser identificada e o quanto antes tratada.
Reflitamos.
Letícia E. Gonçalves.

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