sábado, 6 de janeiro de 2018

A PARENTELA CARNAL



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Quem são as pessoas que compõe o nosso grupo (consanguinidade) familiar terreno? E mesmo os adotados, trazidos para junto do seio familiar, será que os conhecemos de outros tempos? Somos nós quem escolhemos em que grupo familiar iremos reencarnar ou viver? Em quais circunstâncias se dão tantas afinidades e antipatias?
Essas e outras interrogações são uma constante em nossa vida, estamos sempre intimamente procurando entender os laços de família que tanto nos podem trazer alegrias, quanto as pesadas lágrimas de decepção e pesar. Mas será mesmo que há uma ligação antiga entre os espíritos por trás dos nascimentos no campo físico?
Ou será que não? Será que existem afinidades e aversões ligadas ao nosso passado ou isso tudo não passa de “coincidências” da vida devido à diversidade de opiniões e costumes?
Não. Não existem coincidências e as simpatias recíprocas e os entrechoques no campo das íntimas relações têm uma origem anterior e perfeitamente explicável. Mas nossa intenção não é tratar do tema cientificamente dentro de uma psicologia formal, desejamos apenas dissertar sem a pretensão de mostrar “verdades absolutas”.
Convidamos os leitores desse blog à reflexão voltada para o conteúdo desse singelo texto, e, uma investigação pormenorizada sobre como e porquê amamos ou odiamos nossos entes consanguíneos. Voltemos o entendimento para essas relações tão complexas e delicadas, exigindo de cada um de nós, firme postura e muitas transformações internas que são o produto “final” de muitas vivências na carne, das repetições sistemáticas da lições até o completo entendimento do espírito, dentro da coragem e da disciplina, do equilíbrio e a da sabedoria, da caridade e do afeto, da renúncia e do sacrifício, da bondade e do amor.
Ao que sabemos, nascer no seio de uma família onde se é amado e respeitado, onde podemos receber todo apoio moral e incentivo necessários para a formação da nossa personalidade, onde a atenção, carinhos e amor que nos são dispensados vão fazer sim a diferença na nova construção de nosso caráter, é indício de que estamos entre os entes afins e simpáticos ao nosso padrão vibratório, com os quais já temos uma relação saudável e equilibrada já conquistada em tempos remotos. Claro está que já trazemos bagagem espiritual, oriunda de nossas vivências anteriores, mas como estamos em nova roupagem física (encarnados), muitas vezes temos apenas como reflexos, o nosso modo particular de ser e ver as outras pessoas, pois a nossa essência não se perde com as novas encarnações. Aquilo que somos vai aos poucos emergindo do nosso ser ou pode ficar adormecido no nosso inconsciente profundo.  
Através da reencarnação, temos a sagrada oportunidade de recomeçar do ponto onde paramos. Livres momentaneamente das memórias pretéritas e com o amparo familiar dos entes amados que nos dispensarão cuidados e educação.
Entretanto, podemos ter relações traumáticas, desagradáveis e decepcionantes desde tenra idade, alongando-se com os anos ou não. Mas o que determina então, se seremos bem acolhidos, amados, respeitados ou rejeitados, ofendidos e maltratados? Segundo a Lei cármica, ligamo-nos a pessoas pelo bem ou mal que fazemos a elas. Se fizermos o mal, deveremos reparar, ressarcir, devolver para corrigir.
Estaremos endividados dentro das Leis Superiores enquanto não conseguirmos sanar o mal feito, seja ocorrido no tempo passado ou no presente (poderemos ressarci-los em tempo presente ou em época determinada pelos técnicos siderais e nossos mentores espirituais).
Se nossas relações familiares são ou foram desgastantes, cheias de equívocos, decepções, antipatias, desentendimentos, violentas, cheias de ódios ou desejos de vingança, podemos então entender que a ligação consanguínea serve para a resolução mais eficaz (próxima) desse convívio áspero  porque é preciso rever conceitos, depor as armas, perdoar e por fim amar! Muitas vezes os laços de consanguinidade servem para unir mais fortemente os desafetos de outrora, proporcionando com esses nascimentos uma ligação forte de parentesco, que muitas vezes atenua o choque de energias, onde o olhar muda de foco, os valores passam a ser outros (amar o meu inimigo, ajuda-lo, ressarci-lo, ampará-lo...) amenizam-se os ódios, as raivas diante da promessa feita mesmo antes da encarnação dos futuros pais, de lutar bravamente para conquistar o perdão de seus algozes, e de poder também ser perdoados em seus erros.
É sempre bom refletirmos que se somos hoje os ofendidos é porque ontem fomos os ofensores, pois colhemos exatamente o que plantamos, não há erros nas Leis de Deus. Se detestamos ou somos detestados sem motivo aparente nessa encarnação é porque já nos reconhecemos intimamente, numa sondagem espiritual (energia, magnetismo) de alma para alma e sem que nossa razão possa elucidar-nos à respeito com precisão, a intuição nos diz de primeiro momento sobre aquela energia (pessoa/espírito), já que o cérebro físico não possui a memória de vidas passadas, por isso é tão difícil lembrarmo-nos do que vivemos noutras épocas. O corpo astral possui todas as memórias e impressões das vidas anteriores, mas por misericórdia divina o esquecimento das mesmas vidas já vividas, ou seja, do que fizemos e com quem convivemos, auxilia-nos na nova caminhada, porque já é sabido que para milhares de nós, a lembrança dos  erros pregressos poderiam nos prejudicar.
Sem sombra de dúvida podemos estar frente a frente com os antigos rivais das vidas passadas ou sermos nós mesmos os ex-algozes de outrora. Voltamos por vezes  “todos” juntos no mesmo núcleo familiar para que nos reconciliemos, doutras vezes casamo-nos com aqueles com quem temos ligação profunda. E enquanto essa tarefa árdua não é cumprida, seguimos magoados, feridos, duros, orgulhosos e cheios de uma enorme ilusão quanto à nossa realidade espíritos imortais. Adormecidos ou endurecidos, humilhados, cheios de mágoas e ressentimentos, caminhamos como cegos guiando outros cegos, muitas vezes repetindo o mesmo erro em nome do orgulho nauseabundo!
Por outra análise podemos deparar-nos com outra situação corriqueira, já que o mundo é tão vasto de pessoas e, culturas, etnias, costumes... é possível constatar ao observarmos superficialmente nossos amigos, vizinhos e até os que nos são estranhos, com suas histórias de vida expostas ao público, a vivência com suas famílias. Em muitos casos não raros, podemos constatar numa primeira análise que há confraternização, amor, diálogo saudável, carinho, respeito, cuidado, união e  parceria. Questionamo-nos qual a razão para que em nosso clã exista tantos casos de desunião familiar, enquanto que nesses núcleos de consanguinidade, os membros parece-nos mais equilibrados no trato e convívio com o outro. Doutra feita, somos nós quem assistimos discretamente os casos trágicos de entes que se matam por causa do poder financeiro, que se abandonam e se desprezam em nome do orgulho e do egoísmo. Mas de todo faz-se importante ressaltar que isso acontece em todos os lugares não interessando qual a cultura ou costume de cada povo. Somos todos espíritos em curso escolar no planeta Terra, nascendo e morrendo na carne para mais uma etapa de aprendizado e missão.
É bom entendermos que em muitos outros casos também podemos compor o grupo familiar de espíritos mais adiantados moralmente, que recebem-nos em seu seio familiar terreno, para a cooperação caridosa, imbuída de boa vontade e amor. Estes, muitas vezes podem nada ter de ligação conosco (os ajuntamentos da parentela consanguínea pelos resgates cármicos, expiações, etc.), entretanto recebem-nos com amor e boa vontade em nome da caridade com o Cristo onde os mentores do Alto sempre lançam-nos recursos eficientes de acordo com nosso merecimento e necessidade de aprimoramento moral e intelectual, de cada época.
O caso é que muitas pessoas vivem casamentos frustrados, convivem entre irmãos, mas como se fossem verdadeiros inimigos em campos de batalha. São pais negligentes, mães relapsas, filhos agressivos e mal agradecidos. Enfim, a parentela terrena que se afiniza com nosso padrão vibratório, com os mesmos pensamentos, sentimentos, crimes, virtudes, maldades ou bondades... Isso significa que estamos ligados intrinsecamente às pessoas por padrão vibratório, carma, crimes cometidos no pretérito e sem resolução, por amor, por afinidades e virtudes, por ódios antigos, pelas ligações de obsessão, pelas paixões degradantes, pelos crimes contra o patrimônio, pelas vinganças e desforras ou pelo carinho e amizade sinceras.
Quanto mais rude e áspera for a relação familiar entre os membros, maior é a cota de culpa e de erros cometidos no pretérito. Infelizmente sem o medicamento libertador de qualquer mazela moral que é o perdão, sucumbimos exaustos diante do fracasso.
Quanto maiores forem as manifestações de carinho sincero, respeito, admiração, bondade e renúncia entre os entes mais próximos pela carne, nesse mundo terreno, denota-se o grau de evolução moral, de desprendimento e simpatia entre esses espíritos, que já fora conquistada alhures.
Somos o produto final de nossas escolhas, estamos no momento evolutivo que conseguimos conquistar com nosso esforço. Temos ao nosso lado o esposo (a) que precisamos ou merecemos, os pais que necessitamos, os irmãos que irão ensinar-nos grandes lições diante das diferenças de temperamentos, porque em tudo há aprendizado e Deus em sua Infinita Sabedoria, dá-nos o medicamento certo que irá curar-nos da moléstia perniciosa que mantém-nos presos a dor.
O perdão é o medicamento mais poderoso que existe depois do amor, pois liberta-nos enquanto espíritos inferiores da ilusão de odiarmos nosso semelhante. Esclarece-nos quanto às nossas obrigações espirituais e diferencia-nos dos outros que ainda jazem endurecidos ao longo dos tempos, mergulhados em dor profunda, em nome do orgulho. O perdão é apenas a compreensão de que quem nos feriu está profundamente adoentado e deve ser deixado em paz. Este sentimento ou entendimento é superior e denota que aquele que consegue perdoar, já compreendeu a grande lição do “deixar ir o ofensor”.
O ato do perdão significa libertar-se do ressentimento e seguir com a vida mais leve e crente de que existe uma justiça maior e mais justa, que tudo sabe e vê e que se aplicará a cada um de nós no momento certo, essa é a Justiça de Deus. Mas em nenhum lugar está escrito que devemos novamente conviver e caminhar lado a lado com estupradores, assassinos, espancadores sequestradores, ladrões, bandidos, viciados, loucos e violentos, abusadores de toda ordem. Não! Se nossos irmãos ainda não despertaram para uma vida evangélica, deixemos que o tempo irá proporcionar-lhes grandes aprendizados, assim como proporcionou a nós. Cada um estagia num momento consciencial. Devemos abandonar todo sentimento de mágoa, ódio, raiva, rancor e seguirmos para um estado de amadurecimento superior.
Repetimos, o perdão é de ordem superior, CURA-SE quem o dá verdadeiramente!
A família terrena é escola para aperfeiçoamento moral de todos nós. Um aprendizado constante onde nos “equivalemos” aos seixos dos rios; uma pedra se entrechocando com a outra até que todas as arestas desapareçam. Na visão poética uma vai ajudando a outra a ficar redonda, bonita, lisinha, com formas geométricas agradáveis aos nossos olhos. Assim somos uns com os outros nos entrechoques da vida, por isso o que pensamos ser o mal, é apenas o medicamento salutar doado pela Justiça Divina para a nossa libertação moral e espiritual.

Reflitemos!

Letícia E. Gonçalves  


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