domingo, 4 de março de 2018

POR QUE NÃO SOU FELIZ NO CASAMENTO?



A infelicidade conjugal é um problema que assola a humanidade. São tantos os pormenores desagradáveis e as dificuldades de relacionar-se com o outro, sem contar a negação da realidade de como o outro realmente é, e de como queremos vê-lo.
As experiências a que estamos sujeitos no campo das relações humanas assim como no campo do amor, do sexo e das emoções, trazem-nos novos desafios e conquistas, mas só quando dispomo-nos a nos conhecer é que passamos a entender e aceitar nosso semelhante com suas fragilidades e limitações.
Esse é um tema desafiador, mas proposto com simplicidade, de forma despretensiosa dentro das limitações de entendimento de cada um de nós e, principalmente, da autora.
A proposta é deixar o julgamento do OUTRO de lado e olharmos para nós mesmos...
A maioria das pessoas queixa-se de estar insatisfeita no casamento. Descobrem mais cedo do que pensam que fizeram escolhas erradas ou que toda aquela magia de antes, fora desfeita diante do gigante dos problemas conjugais. São os desencontros, as desilusões amorosas e as decepções com o cônjuge no convívio do dia a dia, no campo das experiências homem/mulher. A sexualidade mal compreendida, etc., onde sabemos que há milênios temos tido enormes dificuldades no decurso da própria trajetória evolutiva, equivocando-nos com gravidade as relações mais próximas e íntimas, porque conviver é complexo.  
Diante de nossa fragilidade mal disfarçada, derrapamos constantemente “nas curvas” dos conceitos do que possa vir a ser a tão falada liberdade sexual, que fora de um contexto saudável, arruína casamentos! Nossa dificuldade em compreender o parceiro (a), está na forma como relacionamo-nos intimamente conosco.  A maneira como fomos educados e preparados para a vida, está ligada também ao ambiente onde crescemos e os exemplos que tivemos dentro  da nossa família.
Emocionalmente, agimos e respondemos de acordo com o que nos ensinaram e nossa personalidade está intrinsecamente ligada aos sentimentos, sensações e emoções. Dessa forma, inconscientemente, projetamos nas pessoas nossas carências, frustrações e anseios...
É de senso comum vermos inicialmente na pessoa amada, exatamente no começo de um relacionamento, quando estamos apaixonados e mais bobos, apenas o que queremos ver. Pois é da índole humana desprezar tudo o que lhe pareça desgastante e negativo, embora seja extremamente útil e  exija de nós, acurado senso de observação sobre a alma humana. Fugimos do complicado e buscamos a fantasia para disfarçar ou encobrir os erros alheios quando o indivíduo visado é “objeto” do nosso desejo (fechamos os olhos). Lamentavelmente tudo isso inconscientemente mantém-nos momentaneamente distantes da decepção e das verdades que não queremos enxergar.
Na verdade, é justo expor nesse humilde texto que não existe perfeição na raça humana terrícola.  E é justamente nessa ilusão que criamos sobre as criaturas, que deixamo-nos levar pelo superficialismo vazio, pondo de lado a observação criteriosa que analisa o caráter e estado de espírito.
Por que fazemos isso? Porque em nossa sociedade  hipócrita, aprendemos a nunca olhar para dentro de nós mesmos, logo, não cultivamos o bom hábito do autoconhecimento. Boa parte da humanidade foge de si mesma, usando o Ego para mascarar os erros e nesse processo confuso da vivência humana, fugimos dos enfrentamentos sobre quem somos porque constatar nossa miséria espiritual, dói, então, fica mais cômodo responsabilizar quem está do lado.
E por falar em enfrentamento, nossos medos na maioria dos casos, não são trabalhados positivamente para que se dê a contento a resolução satisfatória. Ao contrário, são nesses deslizes emocionais que nos iludimos quando deixamos passar as oportunidades de melhoria, pois é muito mais custoso trabalhar um mau hábito, resolver problemas dolorosos, expondo-se a verdade em busca do socorro especializado, do que fingir, disfarçar, mascarar, encobrir. Nos negamos a enfrentar para curar... o tempo passa e aquilo que no passado era pequeno pedregulho, hoje transformou-se em imensa montanha muito mais difícil de transpor!
Queremos casar, entretanto não nos preparamos para o que vem depois dos curtos momentos de ilusão e fantasia. As enfermidades, os problemas financeiros, os filhos, o desemprego, as dificuldades com a parentela incauta, as  decepções com o "amor".
“Depois do casamento ele para de me agredir. Ele me prometeu!”
“Ele (a) vai comer na minha mão.”
“Depois do casamento ela (ele) irá me obedecer.”
“Depois que nos casarmos ele vai parar de beber.”
“Quando nos casarmos não permitirei que ela continue a ver seus parentes.”
“Eu controlarei os gastos dele e as saídas noturnas, marido meu não sai com os amigos.”
Quando o casal começa a viver a sagrada experiência sob um mesmo teto, logo as fantasias deixam todo o seu glamour e transformam-se na mais pura realidade, trazendo muitas vezes uma realidade frustrante e sofrimentos, por falta de maturidade. Com o tempo, somos obrigados a ver o que desde o início ocultamos de nós mesmos, isto é, nossos companheiros sem os disfarces e as máscaras, refletindo muitas vezes para o nosso  próprio desgosto, nossa própria imagem.
Do nosso modesto e limitado ponto de vista, as  pessoas não se tornam violentas, tiranas, agressivas e descontroladas por causa do casamento ou dos problemas vividos nele, esse comportamento vem do berço. Ou seja, da criação, do convívio conflituoso com os pais e irmãos, nos exemplos que receberam durante a infância, no meio em que viveram, forjando a personalidade sadia ou enferma.
Por que não sou feliz no meu casamento? 
O sentimento de posse também é sui generis no homem. Isso é característica das pessoas pouco esclarecidas e se manifestará cedo ou tarde, bastando que um dos cônjuges sinta-se dono  para que a paz e a harmonia do casal desapareçam.

Por que não sou feliz no meu casamento?
A “mania” de não aceitar as pessoas como são é uma das causas de sofrimentos e desentendimentos mais comuns entre os casais. Ingenuamente, muitos de nós acredita que poderá controlar o outro. Quem tem por hábito controlar as pessoas é criatura infeliz e insegura, sente na maioria das vezes um medo descabido e vive com a ideia fixa de que será enganado.
Por que não sou feliz no meu casamento?
Outro fato de profunda ingenuidade humana é acharmos que iremos mudar o nosso parceiro (a) com o tempo. Esse pensamento é de uma estupidez sem tamanho. As pessoas só mudam por si mesmas exatamente quando acham que é importante e que essa atitude irá lhes proporcionar mudanças significativas. A mudança interna só acontece realmente por vontade própria e empenho. Ninguém tem o poder de mudar a quem quer que seja. Podemos até por algum tempo interferir, causando pequenas modificações (com a permissão) através de um diálogo saudável e desprovido de egoísmo, mas que só surtirá efeito no outro se ele aceitar essa interferência como ajuda ao seu crescimento pessoal.
Os casamentos fracassam porque muitos casais cobram e frustram demais o outro. Decepcionam, destroem sonhos, violentam a liberdade de ir e vir. O que denota falta de entendimento do que possa vir a ser um relacionamento saudável a dois. Separtam-se por causa da violência doméstica, das traições, da ganância e da falta de interesses elevados dentro do casamento.
Constatamos que muitas famílias não têm uma religião que lhes  possa direcionar para Deus, de forma saudável e significativa.
Cultos, ignorantes, humildes, eruditos, intelectuais, ricos, pobres... todos necessitamos do amparo espiritual Superior. Deus é a fonte de renovação das forças interiores de cada ser pensante no Universo.
A ligação com Deus é particular de cada indivíduo, mas deve ser tema principal e insubstituível em nossas vidas, pois só seguindo os direcionamentos crísticos e as orientações superiores que elevam a moral, que faz reto o caráter e equilibra sem agredir as consciências, é que conseguiremos estabelecer uma ligação saudável e amorosa com nossos cônjuges, filhos e  parentes, nessa convivência complexa de almas em constante atrito.
É importante frisar que para um convívio sadio e harmonioso do casal, a sexualidade é tema importante e deve ser discutido abertamente, afim de que as dúvidas sejam esclarecidas dentro de uma conversação sadia e respeitosa, pois sexo não deve ser confundido com sujeira! É manifestação natural, troca de energias de corpos e almas em crescimento para Deus.
O casamento é um encontro de almas. As arestas precisam ser aparadas, num aprendizado positivo e constante.
As respostas para tantas indagações sobre o porquê de muitos casais fracassarem está dentro de cada um de nós. 
Letícia E. Gonçalves

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