terça-feira, 27 de agosto de 2019

OS "CANECOS VIVOS"



PERGUNTA: - Mas como se explica que esses obsessores levem os seus infelizes viciados à extrema miséria moral e corporal, embriagando-os de tal modo que logo lhes reduzem a cota normal de vida? Isso não será um desmentido aos cuidados tão extremosos com que eles tentam conservar a vida dos seus alambiques vivos?

RAMATIS: — Na intimidade da criatura humana lutam incessantemente duas forças poderosas: as energias criadoras do Bem e as destrutivas do Mal. A consciência do homem tem sido o palco das lutas milenárias dessas duas forças opostas, até que o Bem triunfe em definitivo e principie a ascese do espírito e a sua consequente libertação das algemas animais. Enquanto as energias do Bem reativam a natureza espiritual, as destrutivas do Mal se enfraquecem, repelidas pela verdadeira individualidade do ser, que é a entidade angélica...

Por isso, certas criaturas que viviam escravizadas aos mais deploráveis vícios, e incapazes de quaisquer recuperações morais, reergueram-se do lodo quando puderam sentir o chamamento espiritual ou o grito de alerta de sua própria consciência superior, conseguindo ajustar-se novamente à sua antiga dignidade humana, imunizando-se assim contra as investidas torpes, do Além. Muitas dessas regenerações têm sido possíveis sob a influência do espiritismo e das instituições religiosas, mediante a qual muitos infelizes “canecos vivos”, depois de doutrinados, têm conseguido imunizar-se contra a ação dos seus donos ocultos no mundo invisível. Os obsessores sabem disso; por isso, assim como protegem as suas vítimas para conservá-las na função repulsiva de exóticos alambiques vivos, também as mantêm sob a mais completa inconsciência dos perigos da bebida alcoólica. Embora eles reconheçam que assim reduzem a vida dos seus vasilhames carnais na Crosta, evitam que as forças do Bem intervenham na sua consciência desperta e consigam afastá-los da degradação alcoólica. Trabalham, então, para que os infelizes alcoólatras não permaneçam muito tempo de posse do seu raciocínio, para não atenderem à voz oculta cia própria alma ou às doutrinações religiosas.
E assim os obsessores envidam os maiores esforços para afastar os seus obsidiados dos ambientes regrados e dos amigos que os possam influenciar contra o alcoolismo, enfurecendo-se quando certas missões religiosas ou membros de credos espiritualistas tentam regenerá-los. Certas vezes chegam ao ponto de mediunizar seus próprios “canecos vivos”, lançando sarcasmos, ditos obscenos ou provocando balbúrdia nos centros espíritas, templos ou locais onde as criaturas bem intencionadas se reúnem para salvar os viciados de todos os matizes. Sabeis quão difícil se torna encaminhar um desses alcoólatras a qualquer trabalho espirítico com o objetivo de regenerá-lo pois, mesmo quando ele deseja ardentemente fugir da terrível força que o submete ao álcool, tudo se lhe ocorre de modo tão irritável e humilhante, que o faz desistir da empreitada e até odiar aqueles que pretendem salvá-lo da sina tenebrosa.


RAMATÍS - FISIOLOGA DA ALMA

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