Pode parecer que o título acima é uma
pergunta óbvia, mas se pensarmos um pouco veremos que não. A maioria de nós
sabe para que serve reunir os familiares e amigos para o culto no lar. Mas nem
sempre compreendemos seu verdadeiro significado.
A leitura, estudo e reflexão dentro de cada
religião em seus respectivos lares, serve para nos ensinar a olharmos para
dentro de nós, para nos reformarmos, para nos educarmos. O culto no lar tem a
finalidade de aproximar espíritos encarnados e desencarnados numa egrégora de
paz, e elucidações, preces e boas energias, mas cada um faz a sua parte no que
concerne crescer e amadurecer.
A confraternização religiosa semanal dentro
dos lares convida à reflexão íntima, dentro das diversas filosofias religiosas
existentes, à interpretação das palavras de Jesus Cristo. Mais ainda, a aplicação que devemos fazer
destes sublimes ensinamentos em nossas vidas.
Mas cada ser humano é uma ilha, um indivíduo
com vontades próprias, pensamentos característicos e maior ou menor capacidade
de compreensão sobre a vida.
O culto no lar é o momento em que os mais
sinceros aprendem a se despir das máscaras e fantasias criadas pelo ego.
Quantos de nós assenta-se à mesa para o culto
iludidos de que estamos ajudando os desencarnados ou ensinando-os algo, quando
na verdade somos nós quem necessitamos aprender e enxergar com clareza?
Quantas consciências imaturas, mergulhadas na
vaidade e no orgulho acreditam que as boas maneiras adquiridas somente para
esta ocasião os salvarão? Muitos de nós durante a semana xinga, sente raiva,
repudia o outro, roga-lhe pragas, perde a paciência diante dos bons conselhos e
das advertências, em nome do orgulho nauseabundo, enquanto que diante da mesa
no culto fraterno, lendo o Livro Sagrado dentro de cada religião, torna-se
elegante, prudente, amoroso, simpático e o “donos da verdade”.
Lemos nunca para nós, mas para os que estão
ao nosso lado, lembrando-os de suas falhas. Falamos não para ouvirmos, mas para
que o outro ouça porque pobremente entendemos que quem precisa aprender é o
familiar ao lado, jamais nós mesmos.
Poucas são as famílias que se reúnem em nome
do amor e da vontade de crescer espiritualmente! Poucos são aqueles que vão de
coração aberto, despojados do orgulho e das máscaras desejando compreender um
pouco mais dos ensinamentos do Mestre Jesus. Infelizmente a maioria de nós,
ainda dorme...
Nos escondemos atrás dos nossos trejeitos
físicos, dos nosso semblante “alegre” para continuar sendo o que somos, ou
seja, “os belos adormecidos”.
Depois que a reunião acaba os sorrisos nos
lábios permanecem até o próximo pisão nos calos! Aí emerge a raiva, as mágoas,
a ira! Aquela história do perdoar setenta vezes sete vezes escoa pelo ralo do
esquecimento em nome do orgulho, senhor primeiro da ignorância!
Então, para que serve o culto no lar?
Muitos de nós não deseja a mudança interna
porque despende esforços, não queremos assumir nossos erros, isto é humilhação!
Não queremos nem ao menos tentar
modificar algo em nós.
A grande maioria continua infeliz, cheios de
mágoas e raivas quem nem sabem donde surgem e não querem tratar.
Outro dia chegou-me um e-mail de um rapaz
insatisfeito com seus familiares porque durante a semana todos se alfinetavam,
mas na hora do culto, diante do Evangelho espírita, se tratavam cordialmente. Segundo
ele, no dia seguinte ao culto, as implicâncias e alfinetadas recomeçavam. Disse-me
que não permanecia no lar aos domingos no horário em que a reunião familiar
acontecia, porque não sentia verdade naqueles que se assentavam à mesa para a
realização das leituras, estudos e preces, já que o culto em seu lar existia há
mais de uma década! Para ele era só uma questão de auto afirmação de que “em
nosso lar tem culto” (somos corretos).
A leitura é para nosso conhecimento e
aprendizado, o momento é para refletirmos e não para deixarmos o outro refletir,
a oportunidade é para nós mesmos. Quem necessita compreender e modificar-se
somos nós e não o outro. Deixemos que cada um faça a sua parte se realmente
querem despertar para as verdades deixadas há mais de dois mil anos.
Não sejamos hipócritas cobrando do outro a
mudança para só então depois mudarmos, cada um deve fazer o seu, até mesmo os
orgulhosos.
Reflitamos.
Axé!
Letícia Gonçalves
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.