quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A DOR HUMANA



PERGUNTA: — Em face da Humana Sabedoria e do Poder de Deus, a dor e o sofrimento não poderiam ser dispensados como processos morais de nossa evolução espiritual
RAMATIS: A dor e o sofrimento não são "determinações punitivas" impostas por Deus, mas, sim, conseqüências resultantes da resistência do ser contra as leis disciplinadoras da sua evolução. Se o homem fosse abandonado a si mesmo, no tocante ao seu aperfeiçoamento espiritual, seria demasiadamente longo o caminho para a sua perfeição e libertação dos ciclos reencarnatórios.
A dor e o sofrimento são técnicas pedagógicas para o aprimoramento do ser, em seu processo evolutivo, e também conseqüentes a seus equívocos nas múltiplas vidas. A dor dinamiza as energias sutis do sofredor, herdadas pelo sopro divino, despertando nele, depois da revolta inicial, a reflexão sobre os porquês de sua desdita e fazendo-o procurar na razão e na fé novos rumos que, psicologicamente, o aliviam do sofrimento. Em síntese, o padecimento é uma reação, previamente consentida, para trazer o eterno postulante para a senda da evolução espiritual, através de novos conceitos religiosos, filosóficos e morais, os quais lhe dão outro sentido vivencial.
PERGUNTA: — Não haveria outro processo educacional, sem as reações dolorosas?

RAMATÍS: — Durante o processo de aperfeiçoamento e expansão de sua consciência, o espírito tem de sofrer as injunções naturais do mundo onde atua. E essa luta através da organização carnal, provoca reações pacíficas ou rebeldes, calmas ou dolorosas, que servem de aprendizado no campo da vida eterna do espírito.
O homem, no estágio rudimentar de sua evolução, pode ser comparado ao diamante bruto, espiritualmente, porém para eliminar as impurezas, perder as arestas dos defeitos anímicos e atingir a beleza radiosa do brilhante, precisa do atrito do esmeril da dor e da ação desse lapidário incomparável, o tempo.
Nos mundos mais evoluídos, usa a camurça macia do amor traduzido em serviço ao próximo.
PERGUNTA: — No entanto, a dor quase sempre abate o psiquismo, exaure o corpo, destruindo sonhos, prazeres e os momentos felizes. E, mesmo assim, conforme afirmais, ela seria a mola de nossa redenção. Porventura deveríamos amá-la e desejá-la?

RAMATÍS: Não nos cabe amá-la e nem a desejá-la, porquanto, ela é fruto da nossa invigilância e pode-se dizer que, em nosso primarismo, não a podemos evitar, mas tão somente suportá-la com resignação. Embora a dor e o sofrimento pareçam, num exame apressado, desmentir a sabedoria divina, têm sido glorificados pelas mais nobres vivências
messiânicas e realizações espirituais no mundo. Muitas vezes, as belezas que nos inebriam os sentidos na Terra são frutos da dor e do sofrimento de artistas como Beethoven, surdo; Chopin, tuberculoso; Schumann, perturbado mentalmente; e, ainda, citaríamos Sócrates, Paulo de Tarso e Ghandi sacrificados pelo amor, pela liberdade e pela paz humana.
Giordano Bruno, Savonarola e Miguel Servet, queimados pela verdade e liberdade de opinião. Francisco de Assis glorificou a pobreza e Jesus transformou a cruz infamante num dos símbolos da libertação espiritual.
Os brutos, coléricos, tiranos, invejosos, pérfidos, debochados, corruptos e corruptores, criminosos, toda a escória social têm, na dor, a lixívia corrosiva dos resíduos animalescos, alvejando a vestimenta perispiritual até torná-la transparente à luz divina interna, transformando-a nos trajes nupciais, que lhes permitem tomar parte no banquete de paz e alegria, entre os espíritos superiores ou puros.
PERGUNTA: — O que é a dor, enfim? Como poderíamos ter uma idéia mais precisa da ação oculta da dor?

RAMATÍS: Todas as manifestações materiais são resultantes do eletromagnetismo que imanta, une ou separa os corpos físicos e espirituais.
A dor é o produto desse desequilíbrio eletromagnético psicofísico na estrutura do conjunto humano. Assemelha-se a uma sobrecarga gerando um curto circuito ou a queima de componentes, que ocorre na rede magnética ou eletrônica formadora do perispírito, repercutindo nas regiões orgânicas mais afins ou vulneráveis, perturbando a harmonia energética. Sem dúvida a dor tem origem nas alterações do psiquismo, quando excitado ou deprimido pelas paixões, vícios, sensações primárias ou emoções descontroladas, expressando-se na periferia do organismo. São as expressões psicossomáticas, já reconhecidas por alguns médicos atônitos diante dos fenômenos observados Conseqüentemente, a dor e a enfermidade variam de acordo com o estado moral, intelectual e consciencial de cada criatura. Há doentes que encenam um dramalhão tragicômico por causa de um simples resfriado; outros, mesmo sabendo serem portadores de câncer incurável, mantêm-se otimistas, tranqüilos e confiantes no seu destino espiritual, servindo ainda como exemplo de resignação.
DO LIVRO: “SOB A LUZ DO ESPIRITISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO.

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