sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

CONHEÇA A TI MESMO – O MELINDRE



O tema é bastante espinhoso, pois trata-se do estudo da auto observação sobre nossas “doenças mentais”. É uma espécie de investigação de cunho íntimo, que traz-nos evidências de nossas falhas morais, fraquezas, medos, inseguranças e todo tipo de sentimento e opinião a nosso próprio respeito, mas que residem em nosso inconsciente.

É imperioso lembrar que cada um de nós sofre desse mal, uns mais outros menos. Estamos buscando tratar com simplicidade de um tema difícil que está vivo em cada um de nós, entretanto sem o peso do julgamento antifraterno.


Há pessoas que aborrecem-se por tudo; com um comentário, com uma crítica rasa, irritam-se com facilidade, magoam-se e se ressentem de quase tudo que lhes não agrada. O melindroso retribui imediatamente uma crítica ou observação sobre sua conduta apontando-nos de volta com outra acusação! O olhar se inflama, as frases tomam-se de uma “rigidez” agressiva, escolhidas apressadamente para a desforra, o tom de voz altera-se para um agudo desagradável (insuportável), a musculatura da face e do corpo se contrai e a postura é de quem quer atacar-nos, mas não tem coragem para tanto! E lamentavelmente, isso tudo ocorre por motivos quase sempre irrelevantes!

O escritor e médium paulista, Adriano Calsone, diz o seguinte sobre o melindre:   

“O melindre nada mais é que uma disposição para ressentir-se, ofender-se (geralmente por coisas insignificantes), um tipo de suscetibilidade em que nos magoamos facilmente.”

...“Quem nunca viu alguém se sentir afetado, culpando o próximo de ter causado grande desfeita? Isso acontece por causa da presunção. Julgamo-nos melhores do que somos, nos sentimos com o “rei na barriga”, e quase sempre queremos estar acima desse ou daquele. Sim, nos sentimos os melhores, a última bolacha recheada do pacote.”



Nos melindramos com muita facilidade, mas por quê? O melindroso sente-se melhor que os outros, acredita-se superior quando na realidade não o é. Crê ter uma importância que nunca teve ou pelo menos, se fez dela merecedor. Espera que as pessoas lhe tratem sempre com mais consideração, não admitindo críticas, observações ou quaisquer comentários “negativos” sobre sua pessoa. É pessoa quase sempre rancorosa que vive a “ruminar” mágoas e lembranças das falsas ofensas que sofreu.

O autor do texto: “Vencendo o melindre”- Alexandre Ferreira, diz o seguinte sobre o assunto:

“Uma pessoa melindrosa é aquela que se ofende e se magoa com facilidade. Aborrece- se com tudo e com todos, sem que haja grandes motivos para isto. Guarda ressentimento por longo tempo, pois enxerga maldade em todas as atitudes que contrariam seu modo de pensar ou agir. É incapaz de compreender, aceitar e perdoar as faltas dos seus semelhantes. Uma pessoa melindrosa não busca esclarecer os pontos obscuros de uma determinada situação, preferindo julgar-se injustiçada e incompreendida.”

O melindroso perde preciosa oportunidade de aprender grandes lições, pois fecha-se para os importantes ensinamentos diante das cismas. Por achar-se superior aos outros e cheio de orgulho... vaga pelo mundo como cego claudicante dos caminhos tortuosos, afastando-se das pessoas que lhe poderiam ajudar a ver a vida com outros olhos e, justamente, por crer que ninguém está a altura de sua importância para  ensinar-lhe lições. Ressente-se diante das pessoas de forma exagerada, persistindo por algum tempo chateado.

A suscetibilidade é doença moral que necessita do medicamento da humildade, pois que ninguém está abaixo ou acima de quem quer que seja.

O rico de hoje poderá por sua própria incúria tornar-se o pobre de amanhã, o culto profundamente intelectualizado, mas que desperdiça seu saber e conhecimentos com tolices e em detrimento alheio, poderá vir a ser o inculto ou o “matuto” de amanhã. O orgulhoso e cheio de si, crendo ser superior aos seus demais irmãos de caminhada, continuará a trajetória ilusória e sofrida ao redor de si mesmo, estagnado e infeliz, frustrado e aprisionado, cego e enfraquecido das emoções, iludido, melindroso e solitário! Não lhe restarão senão, os desafetos na vida futura para lhe mostrar seu verdadeiro lugar de espírito ainda imperfeito, até que cansado, busque com humildade o seu lugar no mundo espiritual e físico (já que desprezou tão bons conselhos e companhias, alhures). Terá de recomeçar a nova trajetória inclinado a desfazer o mal entendido, tratando-se a golpes de “machadada”, como árvore velha que esqueceu de cair para dar lugar a nova sementeira, a fim de que progrida moralmente, apressando o passo para alcançar aos antigos afetos  que já deverão estar bem mais a frente na Seara evolutiva.

O melindre cega-nos diante das oportunidades de aprendizado que nos são concedidas pelo Criador, já que evitamos as críticas e as opiniões alheias a todo custo.

O melindroso afeta-se com facilidade diante da verdade de cada um a seu próprio respeito, com isso afasta-se do convívio sadio e agradável, dando lugar às discussões negativas, às antipatias e rancores.

Isso posto, façamos sempre, periodicamente uma análise profunda de porque nos melindramos com tanta facilidade.  Busquemos junto ao Evangelho de Jesus as orientações salutares e necessárias que irão auxiliar-nos em nossa mudança moral, na cura do nosso espírito.



Luz e paz!



Letícia E. Gonçalves 


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