O tema
é bastante espinhoso, pois trata-se do estudo da auto observação sobre nossas “doenças
mentais”. É uma espécie de investigação de cunho íntimo, que traz-nos
evidências de nossas falhas morais, fraquezas, medos, inseguranças e todo tipo
de sentimento e opinião a nosso próprio respeito, mas que residem em nosso
inconsciente.
É imperioso
lembrar que cada um de nós sofre desse mal, uns mais outros menos. Estamos
buscando tratar com simplicidade de um tema difícil que está vivo em cada um de
nós, entretanto sem o peso do julgamento antifraterno.
Há
pessoas que aborrecem-se por tudo; com um comentário, com uma crítica rasa,
irritam-se com facilidade, magoam-se e se ressentem de quase tudo que lhes não
agrada. O melindroso retribui imediatamente uma crítica ou observação sobre sua
conduta apontando-nos de volta com outra acusação! O olhar se inflama, as
frases tomam-se de uma “rigidez” agressiva, escolhidas apressadamente para a
desforra, o tom de voz altera-se para um agudo desagradável (insuportável), a
musculatura da face e do corpo se contrai e a postura é de quem quer
atacar-nos, mas não tem coragem para tanto! E lamentavelmente, isso tudo ocorre
por motivos quase sempre irrelevantes!
O
escritor e médium paulista, Adriano Calsone, diz o seguinte sobre o melindre:
“O melindre
nada mais é que uma disposição para ressentir-se, ofender-se (geralmente por
coisas insignificantes), um tipo de suscetibilidade em que nos magoamos
facilmente.”
...“Quem
nunca viu alguém se sentir afetado, culpando o próximo de ter causado grande
desfeita? Isso acontece por causa da presunção. Julgamo-nos melhores do que
somos, nos sentimos com o “rei na barriga”, e quase sempre queremos estar acima
desse ou daquele. Sim, nos sentimos os melhores, a última bolacha recheada do
pacote.”
Nos
melindramos com muita facilidade, mas por quê? O melindroso sente-se melhor que
os outros, acredita-se superior quando na realidade não o é. Crê ter uma
importância que nunca teve ou pelo menos, se fez dela merecedor. Espera que as
pessoas lhe tratem sempre com mais consideração, não admitindo críticas,
observações ou quaisquer comentários “negativos” sobre sua pessoa. É pessoa
quase sempre rancorosa que vive a “ruminar” mágoas e lembranças das falsas
ofensas que sofreu.
O
autor do texto: “Vencendo o melindre”-
Alexandre Ferreira, diz o seguinte sobre o assunto:
“Uma pessoa
melindrosa é aquela que se ofende e se magoa com facilidade. Aborrece- se com
tudo e com todos, sem que haja grandes motivos para isto. Guarda ressentimento
por longo tempo, pois enxerga maldade em todas as atitudes que contrariam seu
modo de pensar ou agir. É incapaz de compreender, aceitar e perdoar as faltas
dos seus semelhantes. Uma pessoa melindrosa não busca esclarecer os pontos
obscuros de uma determinada situação, preferindo julgar-se injustiçada e
incompreendida.”
O
melindroso perde preciosa oportunidade de aprender grandes lições, pois
fecha-se para os importantes ensinamentos diante das cismas. Por achar-se
superior aos outros e cheio de orgulho... vaga pelo mundo como cego claudicante
dos caminhos tortuosos, afastando-se das pessoas que lhe poderiam ajudar a ver
a vida com outros olhos e, justamente, por crer que ninguém está a altura de
sua importância para ensinar-lhe lições.
Ressente-se diante das pessoas de forma exagerada, persistindo por algum tempo
chateado.
A suscetibilidade
é doença moral que necessita do medicamento da humildade, pois que ninguém está
abaixo ou acima de quem quer que seja.
O rico
de hoje poderá por sua própria incúria tornar-se o pobre de amanhã, o culto
profundamente intelectualizado, mas que desperdiça seu saber e conhecimentos
com tolices e em detrimento alheio, poderá vir a ser o inculto ou o “matuto”
de amanhã. O orgulhoso e cheio de si, crendo ser superior aos seus demais
irmãos de caminhada, continuará a trajetória ilusória e sofrida ao redor de si
mesmo, estagnado e infeliz, frustrado e aprisionado, cego e enfraquecido das
emoções, iludido, melindroso e solitário! Não lhe restarão senão, os desafetos
na vida futura para lhe mostrar seu verdadeiro lugar de espírito ainda
imperfeito, até que cansado, busque com humildade o seu lugar no mundo
espiritual e físico (já que desprezou tão bons conselhos e companhias, alhures).
Terá de recomeçar a nova trajetória inclinado a desfazer o mal entendido,
tratando-se a golpes de “machadada”, como árvore velha que esqueceu de cair
para dar lugar a nova sementeira, a fim de que progrida moralmente, apressando
o passo para alcançar aos antigos afetos que já deverão estar bem mais a frente na
Seara evolutiva.
O
melindre cega-nos diante das oportunidades de aprendizado que nos são
concedidas pelo Criador, já que evitamos as críticas e as opiniões alheias a
todo custo.
O melindroso
afeta-se com facilidade diante da verdade de cada um a seu próprio respeito,
com isso afasta-se do convívio sadio e agradável, dando lugar às discussões
negativas, às antipatias e rancores.
Isso
posto, façamos sempre, periodicamente uma análise profunda de porque nos
melindramos com tanta facilidade. Busquemos
junto ao Evangelho de Jesus as orientações salutares e necessárias que irão auxiliar-nos
em nossa mudança moral, na cura do nosso espírito.
Luz e paz!
Letícia E. Gonçalves
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