Quem são as pessoas que compõe o nosso grupo
(consanguinidade) familiar terreno? E mesmo os adotados, trazidos para junto do
seio familiar, será que os conhecemos de outros tempos? Somos nós quem
escolhemos em que grupo familiar iremos reencarnar ou viver? Em quais
circunstâncias se dão tantas afinidades e antipatias?
Essas e outras interrogações são uma constante em
nossa vida, estamos sempre intimamente procurando entender os laços de família
que tanto nos podem trazer alegrias, quanto as pesadas lágrimas de decepção e
pesar. Mas será mesmo que há uma ligação antiga entre os espíritos por trás dos
nascimentos no campo físico?
Ou será que não? Será que existem afinidades e
aversões ligadas ao nosso passado ou isso tudo não passa de “coincidências” da
vida devido à diversidade de opiniões e costumes?
Não. Não existem coincidências e as simpatias
recíprocas e os entrechoques no campo das íntimas relações têm uma origem
anterior e perfeitamente explicável. Mas nossa intenção não é tratar do tema cientificamente
dentro de uma psicologia formal, desejamos apenas dissertar sem a pretensão de
mostrar “verdades absolutas”.
Convidamos os leitores desse blog à reflexão
voltada para o conteúdo desse singelo texto, e, uma investigação pormenorizada sobre
como e porquê amamos ou odiamos nossos entes consanguíneos. Voltemos o
entendimento para essas relações tão complexas e delicadas, exigindo de cada um
de nós, firme postura e muitas transformações internas que são o produto “final”
de muitas vivências na carne, das repetições sistemáticas da lições até o
completo entendimento do espírito, dentro da coragem e da disciplina, do equilíbrio
e a da sabedoria, da caridade e do afeto, da renúncia e do sacrifício, da
bondade e do amor.
Ao que sabemos, nascer no seio de uma família onde
se é amado e respeitado, onde podemos receber todo apoio moral e incentivo
necessários para a formação da nossa personalidade, onde a atenção, carinhos e
amor que nos são dispensados vão fazer sim a diferença na nova construção de
nosso caráter, é indício de que estamos entre os entes afins e simpáticos ao
nosso padrão vibratório, com os quais já temos uma relação saudável e equilibrada
já conquistada em tempos remotos. Claro está que já trazemos bagagem
espiritual, oriunda de nossas vivências anteriores, mas como estamos em nova
roupagem física (encarnados), muitas vezes temos apenas como reflexos, o nosso
modo particular de ser e ver as outras pessoas, pois a nossa essência não se
perde com as novas encarnações. Aquilo que somos vai aos poucos emergindo do
nosso ser ou pode ficar adormecido no nosso inconsciente profundo.
Através da reencarnação, temos a sagrada oportunidade
de recomeçar do ponto onde paramos. Livres momentaneamente das memórias
pretéritas e com o amparo familiar dos entes amados que nos dispensarão
cuidados e educação.
Entretanto, podemos ter relações traumáticas,
desagradáveis e decepcionantes desde tenra idade, alongando-se com os anos ou
não. Mas o que determina então, se seremos bem acolhidos, amados, respeitados
ou rejeitados, ofendidos e maltratados? Segundo a Lei cármica, ligamo-nos a
pessoas pelo bem ou mal que fazemos a elas. Se fizermos o mal, deveremos
reparar, ressarcir, devolver para corrigir.
Estaremos endividados dentro das Leis Superiores
enquanto não conseguirmos sanar o mal feito, seja ocorrido no tempo passado ou
no presente (poderemos ressarci-los em tempo presente ou em época determinada
pelos técnicos siderais e nossos mentores espirituais).
Se nossas relações familiares são ou foram desgastantes,
cheias de equívocos, decepções, antipatias, desentendimentos, violentas, cheias
de ódios ou desejos de vingança, podemos então entender que a ligação
consanguínea serve para a resolução mais eficaz (próxima) desse convívio áspero
porque é preciso rever conceitos, depor as
armas, perdoar e por fim amar! Muitas vezes os laços de consanguinidade servem
para unir mais fortemente os desafetos de outrora, proporcionando com esses
nascimentos uma ligação forte de parentesco, que muitas vezes atenua o choque
de energias, onde o olhar muda de foco, os valores passam a ser outros (amar o
meu inimigo, ajuda-lo, ressarci-lo, ampará-lo...) amenizam-se os ódios, as
raivas diante da promessa feita mesmo antes da encarnação dos futuros pais, de
lutar bravamente para conquistar o perdão de seus algozes, e de poder também
ser perdoados em seus erros.
É sempre bom refletirmos que se somos hoje os
ofendidos é porque ontem fomos os ofensores, pois colhemos exatamente o que
plantamos, não há erros nas Leis de Deus. Se detestamos ou somos detestados sem
motivo aparente nessa encarnação é porque já nos reconhecemos intimamente, numa
sondagem espiritual (energia, magnetismo) de alma para alma e sem que nossa
razão possa elucidar-nos à respeito com precisão, a intuição nos diz de
primeiro momento sobre aquela energia (pessoa/espírito), já que o cérebro
físico não possui a memória de vidas passadas, por isso é tão difícil
lembrarmo-nos do que vivemos noutras épocas. O corpo astral possui todas as
memórias e impressões das vidas anteriores, mas por misericórdia divina o esquecimento das mesmas vidas já
vividas, ou seja, do que fizemos e com quem convivemos, auxilia-nos na nova
caminhada, porque já é sabido que para milhares de nós, a lembrança dos erros pregressos poderiam nos prejudicar.
Sem sombra de dúvida podemos estar frente a frente
com os antigos rivais das vidas passadas ou sermos nós mesmos os ex-algozes de
outrora. Voltamos por vezes “todos”
juntos no mesmo núcleo familiar para que nos reconciliemos, doutras vezes
casamo-nos com aqueles com quem temos ligação profunda. E enquanto essa tarefa
árdua não é cumprida, seguimos magoados, feridos, duros, orgulhosos e cheios de
uma enorme ilusão quanto à nossa realidade espíritos imortais. Adormecidos ou
endurecidos, humilhados, cheios de mágoas e ressentimentos, caminhamos como
cegos guiando outros cegos, muitas vezes repetindo o mesmo erro em nome do
orgulho nauseabundo!
Por outra análise podemos deparar-nos com outra
situação corriqueira, já que o mundo é tão vasto de pessoas e, culturas,
etnias, costumes... é possível constatar ao observarmos superficialmente nossos
amigos, vizinhos e até os que nos são estranhos, com suas histórias de vida
expostas ao público, a vivência com suas famílias. Em muitos casos não raros,
podemos constatar numa primeira análise que há confraternização, amor, diálogo
saudável, carinho, respeito, cuidado, união e parceria. Questionamo-nos qual a razão para
que em nosso clã exista tantos casos de desunião familiar, enquanto que nesses
núcleos de consanguinidade, os membros parece-nos mais equilibrados no trato e
convívio com o outro. Doutra feita, somos nós quem assistimos discretamente os
casos trágicos de entes que se matam por causa do poder financeiro, que se
abandonam e se desprezam em nome do orgulho e do egoísmo. Mas de todo faz-se
importante ressaltar que isso acontece em todos os lugares não interessando
qual a cultura ou costume de cada povo. Somos todos espíritos em curso escolar
no planeta Terra, nascendo e morrendo na carne para mais uma etapa de
aprendizado e missão.
É bom entendermos que em muitos outros casos também
podemos compor o grupo familiar de espíritos mais adiantados moralmente, que recebem-nos
em seu seio familiar terreno, para a cooperação caridosa, imbuída de boa
vontade e amor. Estes, muitas vezes podem nada ter de ligação conosco (os
ajuntamentos da parentela consanguínea pelos resgates cármicos, expiações, etc.),
entretanto recebem-nos com amor e boa vontade em nome da caridade com o Cristo
onde os mentores do Alto sempre lançam-nos recursos eficientes de acordo com
nosso merecimento e necessidade de aprimoramento moral e intelectual, de cada
época.
O caso é que muitas pessoas vivem casamentos
frustrados, convivem entre irmãos, mas como se fossem verdadeiros inimigos em
campos de batalha. São pais negligentes, mães relapsas, filhos agressivos e mal
agradecidos. Enfim, a parentela terrena que se afiniza com nosso padrão
vibratório, com os mesmos pensamentos, sentimentos, crimes, virtudes, maldades
ou bondades... Isso significa que estamos ligados intrinsecamente às pessoas
por padrão vibratório, carma, crimes cometidos no pretérito e sem resolução,
por amor, por afinidades e virtudes, por ódios antigos, pelas ligações de
obsessão, pelas paixões degradantes, pelos crimes contra o patrimônio, pelas
vinganças e desforras ou pelo carinho e amizade sinceras.
Quanto mais rude e áspera for a relação familiar
entre os membros, maior é a cota de culpa e de erros cometidos no pretérito. Infelizmente
sem o medicamento libertador de qualquer mazela moral que é o perdão, sucumbimos
exaustos diante do fracasso.
Quanto maiores forem as manifestações de carinho
sincero, respeito, admiração, bondade e renúncia entre os entes mais próximos
pela carne, nesse mundo terreno, denota-se o grau de evolução moral, de
desprendimento e simpatia entre esses espíritos, que já fora conquistada
alhures.
Somos o produto final de nossas escolhas, estamos
no momento evolutivo que conseguimos conquistar com nosso esforço. Temos ao
nosso lado o esposo (a) que precisamos ou merecemos, os pais que necessitamos,
os irmãos que irão ensinar-nos grandes lições diante das diferenças de
temperamentos, porque em tudo há aprendizado e Deus em sua Infinita Sabedoria, dá-nos
o medicamento certo que irá curar-nos da moléstia perniciosa que mantém-nos
presos a dor.
O perdão é o medicamento mais poderoso que existe
depois do amor, pois liberta-nos enquanto espíritos inferiores da ilusão de
odiarmos nosso semelhante. Esclarece-nos quanto às nossas obrigações espirituais
e diferencia-nos dos outros que ainda jazem endurecidos ao longo dos tempos,
mergulhados em dor profunda, em nome do orgulho. O perdão é apenas a
compreensão de que quem nos feriu está profundamente adoentado e deve ser
deixado em paz. Este sentimento ou entendimento é superior e denota que aquele
que consegue perdoar, já compreendeu a grande lição do “deixar ir o ofensor”.
O ato do perdão significa libertar-se do
ressentimento e seguir com a vida mais leve e crente de que existe uma justiça
maior e mais justa, que tudo sabe e vê e que se aplicará a cada um de nós no
momento certo, essa é a Justiça de Deus. Mas em nenhum lugar está escrito que
devemos novamente conviver e caminhar lado a lado com estupradores, assassinos,
espancadores sequestradores, ladrões, bandidos, viciados, loucos e violentos,
abusadores de toda ordem. Não! Se nossos irmãos ainda não despertaram para uma
vida evangélica, deixemos que o tempo irá proporcionar-lhes grandes
aprendizados, assim como proporcionou a nós. Cada um estagia num momento
consciencial. Devemos abandonar todo sentimento de mágoa, ódio, raiva, rancor e
seguirmos para um estado de amadurecimento superior.
Repetimos, o perdão é de ordem superior, CURA-SE
quem o dá verdadeiramente!
A família terrena é escola para aperfeiçoamento
moral de todos nós. Um aprendizado constante onde nos “equivalemos” aos seixos
dos rios; uma pedra se entrechocando com a outra até que todas as arestas desapareçam.
Na visão poética uma vai ajudando a outra a ficar redonda, bonita, lisinha, com
formas geométricas agradáveis aos nossos olhos. Assim somos uns com os outros
nos entrechoques da vida, por isso o que pensamos ser o mal, é apenas o
medicamento salutar doado pela Justiça Divina para a nossa libertação moral e
espiritual.
Reflitemos!
Letícia E. Gonçalves
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