PERGUNTA: Insistimos, ainda, em
indagar-vos: mesmo submetida às maiores privações do mundo, sobrevivendo
dificilmente, sem qualquer ajuda, a mãe paupérrima é sempre culpada se praticar
o aborto? Não lhe cabe nem o direito de decidir pela solução de abortar, ante a
angústia de procriar um filho para a nudez e a fome?
RAMATÍS: Que seria do mundo, caso Maria de Nazaré
resolvesse abortar o seu filho Jesus, só por causa de sua pobreza? Ela não
sabia se teria o pão do dia seguinte. Quantos artistas sublimes da música, da
pintura e da escultura, ou servidores da ciência humana, teriam deixado de
existir, não trazendo aos sentidos humanos a beleza da cor, a harmonia dos
acordes ou a estesia da forma, caso suas progenitoras indigentes os tivessem
abortado pelo medo da miséria? Seja qual for a opinião do mundo, justa ou
injusta, racional ou emocional, o certo é que, após se iniciar a gestação, e
apesar das justificativas de problemas sociais, financeiros, econômicos, é
sempre um agravo interromper o curso criativo. Ainda, supondo-se que o
nascituro venha a se extinguir pelas forças agressivas e precárias do meio
ambiente, a mãe cumpriu o seu dever e redimiu-se perante a Lei. Conforme
já vos dissemos, o aborto só é lícito em casos excepcionais, como quando periga
a vida da gestante a ser salva pelo médico, embora com o sacrifício do feto.