PERGUNTA:
- Mas existem porventura alguns atributos etogênicos ou virtudes relevantes, no
Povo brasileiro, que qualifiquem o Brasil como digno e "escolhido"
para vir a ser o maior líder social e espiritual ante a humanidade?...
RAMATÍS:
- A vossa pergunta exige uma digressão que focalize alguns aspectos de caráter
etnológico do Povo brasileiro e também algumas considerações a respeito das
etapas da sua evolução mental, levando em conta a sua índole de boa fé e misticismo
ainda grampeados a diversas crenças, algumas subordinadas a ritos de padrão
muito elementar.
Começaremos
por dizer que o brasileiro ainda conserva desde o berço de sua raça a tendência
fraterna e afetiva das três raças que cimentam a formação do seu temperamento e
constituição psicológica. Do negro, ele herdou a resignação, a ingenuidade e a
paciência; do silvícola, o senso de independência, intrepidez e a boa fé; do
português, a simplicidade comunicativa e alvissareira.
Nele imprimiu-se um tipo
humano de sangue quente e versátil, no qual circulam tanto as virtudes
excepcionais, quanto os pecados extremos, mas, louvavelmente, em curso para a
predominância de um caráter de espírito superior. E esse caldeamento
heterogêneo ou mistura, que poderia sacrificar a qualidade dos seus caracteres
originais, terminou por avivar o psiquismo do brasileiro, despertando-lhe uma
agudeza espiritual incomum e em condição de sintonizá-lo facilmente à vida do
mundo oculto. Consolida-se, então,
uma raça possuidora de diversos valores étnicos de natureza espiritual
benfeitora e que o Espiritismo, cada vez mais radicado no Brasil, catalisa,
pouco a pouco, para os grandes desideratos da Fraternidade entre os povos da
Terra.
PERGUNTA:
- Contudo, não conseguimos admitir a ocorrência de fatos que venham a
credenciar o Brasil, no sentido de ele vir a ser o maior líder espiritual ante
a humanidade. Podereis referir alguns motivos relevantes e convincentes, que
nos induzam a aceitar como lógico e possível a realização de semelhante
acontecimento?
RAMATÍS:
- Estais vivendo uma época em que os acontecimentos se precipitam. E são
chegados os tempos em que surgirão novos fatos enquadrados na promessa do
Enviado Divino quando Ele disse: - "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos
libertará"!
Ora,
entre as verdades que vão ser conhecidas ou reveladas ao mundo ainda antes do
fim deste século, avultam como estrondosas e revolucionárias em seus efeitos
morais, sociais e espirituais, a comprovação substantiva da pluralidade dos
mundos habitados e a da
pluralidade das existências.
Quanto à
primeira, será comprovada pelas comunicações interplanetárias; e quanto à
segunda, simultaneamente, em diversos países, surgirão psicanalistas
experimentados, os quais,
mediante experiências conjugadas à metapsíquica e à parapsicologia
experimental, provarão que as vidas sucessivas ou reencarnação do espírito é
também uma realidade absoluta e demonstrável.
Esta prova decisiva está
entrosada num fenômeno de psiquismo que já tem sido levada a efeito entre vós,
em exibições públicas no palco de teatros e cinemas. Referimo-nos ao fenômeno
de condicionar o "ego" ou espírito encarnado (o homem), a
uma introspecção psíquica, fazendo que ele regrida e "viva", de novo,
os diversos estágios de sua vida e idade, num descenso vibratório que, mediante
uma espécie de "revelação das chapas" fotografadas na tela da sua
memória, faculta-lhe expor e retornar a "viver", com absoluto
realismo, as emoções de cenas e quadros vividos por ele durante a sua vida
atual, indo até aos pormenores de sua própria meninice.
Acresce,
ainda, que os ditos psicanalistas irão mais além, pois eles conseguirão que o
indivíduo (o homem), submergido nesse transe introspectivo, seja levado a
regredir até ao ponto de o espírito "encaixar-se" na personalidade
que ele foi em uma ou mais das suas existências pretéritas, ou seja: será
conseguida uma "translação" do espírito idêntica à que se obtém no
plano astral quando um espírito, por efeito de uma aguda e profunda "requisição
mental", consegue imergir ou mergulhar no seu passado e "viver"
a sua personalidade de vidas anteriores, semelhando a lagarta que despe a sua
"roupagem de crisálida" e surge metamorfoseada em borboleta.
Em
conseqüência, tal fenômeno trará à superfície certos fatos e detalhes de outra
encarnação de um mesmo espírito, cuja identificação e autenticidade, em
diversos casos, será possível comprovar. Por conseguinte, quando este fenômeno
for comprovado e tiver a chancela da Ciência oficial ou acadêmica - tratando-se
de um fato ou realidade que demonstra a pluralidade das existências proclamadas
pelo Espiritismo - este, desde logo, ante o
consenso da opinião mundial, se imporá como o precursor da "nova
ordem" moral e espiritual fundada no Espiritismo. E como decorrência desse
acontecimento ruidoso, que abalará a consciência espiritual da humanidade, o
Brasil, por ser, de fato, o país mais espírita do mundo, será chamado a exercer
a função de líder da nova marcha moral e espiritual revelada ao mundo por Allan
Kardec, nas obras que constituem a edificação da doutrina
espírita.
O
brasileiro é criatura muito sensível e receptiva à influência dos espíritos
desencarnados, pois, ingênuo, despreocupado, otimista e resignado, ainda pouco
afeito ao rigorismo científico ou dogmatismo acadêmico, livrou-se de enredar a
sua mente no labirinto
das concepções transcendentais que tanto atrofiam a intuição. É certo que ele
também se desarvora facilmente sob o guante malfazejo dos espíritos do astral
inferior, quando, rico ou pobre, sábio ou ignorante, mas vencido pelo
desespero, pelo tédio ou pela doença, se deixa escravizar pelo álcool, pela
sensualidade ou pelo jogo vicioso, com graves danos para sua vida psíquica.
Todavia,
quando decide meditar e libertar-se de seus equívocos, é um tipo capaz de
lograr avançados desideratos do espírito, pois entrega-se à prática sincera da
caridade e aceita humildemente os ensinamentos de Jesus. Embora seja um pecador
renitente, ele
assim que
resolve empreender a sua reabilitação espiritual, marcha para a frente
sobrepondo-se e vencendo os seus recalques inferiores. São ainda raros os
países em que se empreendem campanhas tão singulares quanto às que se fazem no
Brasil, onde os ricos e mesmo os pobres, antecipando-se às próprias obrigações
dos administradores públicos, conjugam seus esforços para obter o alimento, o
agasalho, o leito, a veste e também proporcionar assistência aos tuberculosos,
lázaros, favelados,
órfãos, às crianças e velhos desamparados e ainda levar a palavra doutrinária
de esclarecimento e resignação aos que se encontram presos nas penitenciárias.
Apesar da
corrupção moral, desarticulação social, desleixo administrativo e dos reflexos
obscuros projetados na sua mente pelo dogmatismo sectarista do Clero Romano, o
Brasil é uma coletividade das mais promissoras à efetivação do programa de confraternização
espiritual entre os povos.
A
despeito de suas crises agudas de caráter social, político e econômico, a Nação
brasileira encaminha-se para consolidar um padrão superior em todos os setores
das atividades humanas. Além do seu equilíbrio financeiro e econômico já
previsto pelo Alto, no
futuro, o Brasil também promoverá a confraternização entre todas as classes de
trabalho e a socialização do seu Povo, mas sem as lutas sangrentas que, em
geral, provocam o de caráter inquisitorial e sanguinário.
Nenhum
sistema político de vosso mundo atual está em condições de corresponder,
integral e ideologicamente, às condições morais, ao temperamento psicológico,
ao cosmopolitismo, à natureza intuitiva e aos sentimentos fraternos e
tolerantes do povo brasileiro.
Afora as quizílias partidárias, tão comuns em todas as comunidades humanas e
afetas aos quistos políticos egocêntricos, os governos já se sucedem no Brasil
sob um ritmo de paz e tolerância afetiva, de acordo com a própria índole e
sentimento fraternos dos seus governados. Eles sucedem-se cada vez mais
compreensivos e menos vingativos.
Mesmo a
"pureza" partidária política, que em algumas outras nações atravessa
os séculos sob irredutível pragmática e seleção ariana, no Brasil perde o seu
rigorismo tradicional, pois os partidos políticos brasileiros fundem-se,
dissolvem-se e refundem-se mesclando-se
os seus elementos nas adesões ou conclaves inesperados, em que os velhos
adversários de ontem confraternizam-se calorosamente para a elaboração de novos programas
e labores. Embora a crítica, por vezes, censure essa instabilidade ou
inquietação político-emotiva, pois em muitos casos trata-se realmente de
resguardar interesses pessoais ou adesões partidárias visando apenas cargos ou
remunerações públicas, o certo é que na essência doutrinária dos seus
agrupamentos partidários, salvo alguns casos isolados, de politiqueiros
refratários à ética da compreensão e decoro, há sempre o mesmo cimento coesivo,
que corresponde ao temperamento fraterno e espiritualmente acessível do brasileiro.
Desaparecem
também os estigmas do caudilhismo sangrento das lutas fratricidas e os ensaios
do tiranismo no Brasil, para surgirem, pouco a pouco, os espíritos benfazejos e
regrados, que ingressam no seu comando e passam a agir de modo mais humano. Através de
roteiros pacíficos, a vossa comunidade encaminha-se para a socialização
benfeitora, mas isso, como já o dissemos, vai ser realizado sem a violência
própria dos povos belicosos.
A Nação
brasileira há de ajustar-se social, econômica e politicamente, atendendo aos
anseios materiais e psicológicos de todos os povos da Terra, porquanto ela
significa um
dos mais
preciosos laboratórios de experimentações fraternas do Alto. Há de ser um clima
sem violência, sem tiranismo ou extremismos ideológicos, com um padrão
ético-político distante dos dogmas ou das imposições religiosas, embora
intimamente inspirado pelo Evangelho de Jesus.
DO LIVRO:
"ELUCIDAÇÕES DO ALÉM" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO
CONHECIMENTO.
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