...Despertei após alguns
dias de sonoterapia, mas quando abri meus olhos espirituais, deparei-me com uma
enfermaria limpa e com outros espíritos adormecidos sob tratamento terapêutico
do sono.
Em minha direção logo
após o despertar veio um enfermeiro simpático e prestativo, ao seu lado um
senhor austero, de porte nobre e semblante pacificado. Cumprimentaram-me e se
apresentaram em seguida, um era Afonso, o enfermeiro prestativo e o outro o
irmão Euclides, médico terapeuta que cuidava daqueles doentes todos.
Assim que recobrei parte
da minha consciência, soube que estava vagando em lugares de sofrimento, o que
me recordei assim que ouvi tal relato. As imagens vieram nítidas e um pavor se
apoderou de minha alma. Na tela mental as imagens vivas e ainda frescas do
horror pelo qual passei...
Uma multidão de espíritos profundamente dementados e
hostis se apoderou de mim assim que me viram, isso foi logo após meu desencarne,
ainda lutando na cova onde fui enterrado agarrado ao físico. Para
desvencilhar-me da matéria já em estado de putrefação, fora muito difícil e
sofrido.
Quando desprendi-me
estava profundamente desesperado,
comecei a correr sem norte e fui surpreendido pelos irmãos mau intencionados do
além, logo me vi refém. Espíritos nas formas femininas e masculinas seminus, exibindo formas sensuais, profundamente
desequilibrados avançavam sobre meu espírito sugando minhas energias e enfraquecendo-me
mais ainda. Vaguei por regiões no astral inferior difíceis de narrar sem causar
estupefação aos leitores encarnados. Fui pouco a pouco arrastado para regiões
perigosas e de difícil retorno, onde o desregramento sexual era o vício maior
das sensações ilusórias. Virei um farrapo humano! Escravo dos desejos sexuais,
do circo de horrores do baixo astral inferior e dos locais onde os encarnados
se reuniam para o conluio sexual em sono físico, sem amor e sem respeito. Vivia
dia e noite nesses ambientes putrefatos, “alimentando-me” das sensações que
mais gostava, sexo! Até cair exausto e muito doente, enfraquecido, enlouquecido
e sem forças para fugir! Não sei por quanto tempo permaneci assim e ao pensar
na vida miserável a qual me entregara desde muitas eras, caindo em erro,
reencarnação após reencarnação, em choro desesperado, lembrei-me de Deus, mas envergonhado
neguei-me a pedir! Ensaiei uma prece, mas não consegui, temia ser ouvido pelos algozes.
Assim que consegui novamente
fortalecer-me fugi e me escondi num local onde acreditava que ninguém me
incomodaria e então orei em prantos, pedindo socorro a avó materna, que desencarnara
ainda em minha mocidade. A criatura que eu sempre vi como uma santa na Terra!
Não sabia mais orar, somente pedia ajuda: “vó Maria, socorra-me em nome do Cordeiro!
Já não posso mais!” Desmaiei logo
após este apelo desesperado, verdadeiro e sincero e só despertei aqui nessa
enfermaria.
Afonso: _Agora meu irmão, é preciso acalmar-se, tentar esquecer por
hora as más lembranças e elevar teu pensamento a Jesus, o Divino Amigo, pois
para que o medicamento faça efeito, é necessário acalmar-se! Tu fostes
socorrido a pedidos de nossa irmã Maria Dolores... sabemos que fora sua avó
materna na Terra, mas aqui é nossa irmã em Cristo, uma humilde colaboradora. Assim
que o irmão afastou-se do erro e buscou sinceramente por socorro, nossa equipe entrou
em ação. Agora, é importante que obedeças as ordens do irmão Euclides e que
acalmes a mente em desalinho. O medicamento principal será a oração, a disciplina e o tratamento terapêutico
intensivo defendido por nós até que consigas erguer-te para recomeçares
novamente a luta!
Eu: _Não consigo me lembrar por quanto tempo fiquei vagando de um
canto para outro! Sabes me informar?
Afonso: _Por aproximadamente vinte e sete anos!
Aquela resposta me atingira como um punhal afiado direto no
coração! Tanto tempo estava eu nas
trevas da ilusão, completamente esquecido de meus deveres. Eu tinha tudo na
Terra! Esposa ideal, filhas lindas que precisavam da figura
paterna, amigos que me aconselhavam a seguir pelo caminho reto, uma profissão,
uma oportunidade de através da mediunidade
avançar na senda da evolução!
Entre aflito e desconfortável por sentir-me tão
envergonhado, decidi saciar minha curiosidade, aproveitando para esquecer
momentaneamente do ocorrido, resolvi saber...
Eu: _Poderei ver minha avozinha querida? Gostaria de lhe
agradecer e dar-lhe um abraço, sinto tanto sua falta! Quando poderei vê-la?
Afonso: _Meu irmão, ainda não estás em condições de falar com
ninguém além da equipe médica que lhe assistirá nesse hospital. Dona Maria Dolores
o acompanha amorosamente à distância e no momento certo, quando estiveres
mentalmente melhor estarás em melhores condições de vê-la e ouvi-la. Por hora
deves descansar, dormir para que não te venhas à mente em desalinho as imagens
doentias que te perseguem. Tudo isso para que não retrocedas novamente no erro ao
qual permaneceu por tanto tempo. Agora durma em paz, porque a tua hora de ser
socorrido chegou!
Eu sabia pelos estudos que fizera na Terra que certamente
renasceria mergulhado na enfermidade, pois vi-me deformado e profundamente
distante do Claudinei de outrora. Não havia em mim nem mais um traço daquele
homem que eu fora! Agora eram farrapos, deformados na figura de um espírito
profundamente enfermo, enfraquecido e infeliz até a alma!
Eu tinha tudo! Uma
família feliz, tinha uma linda missão como médium umbandista, que desperdicei
em nome da minha fraqueza moral, da minha incúria e do meu egoísmo.
Voltarei novamente ao
plano terreno para redimir-me, depois de longos séculos na fila de espera, já
esclarecido e curado parcialmente. Desejoso de deixar o plano espiritual
momentaneamente onde as tristes lembranças me perfuraram o coração qual punhais
afiados, torturando-me de quando em vez.
Retornarei enfermo
fisicamente, com “suave” retardo mental, sem direito a casar-me, já que
desperdicei esta oportunidade sagrada! O órgão genital não se desenvolverá,
permanecerá atrofiado, já que gastei
tanta energia no campo genésico. Seguirei solitário, mas confiante de que
retornarei ao mundo físico para dar continuidade a minha caminhada evolutiva.
Colherei certamente os frutos amargos que plantei em outrora, mas Deus e Jesus
Cristo, me enviarão forças para que eu resista ao mal e supere minhas
limitações, afim de retornar vitorioso!
Axé, irmãos!
Reflitamos
Autoria: Letícia E. Gonçalves
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