segunda-feira, 6 de junho de 2016

RELATOS DE UM “MORTO”: OS PROBLEMAS DO SEXO DESREGRADO - FINAL





...Despertei após alguns dias de sonoterapia, mas quando abri meus olhos espirituais, deparei-me com uma enfermaria limpa e com outros espíritos adormecidos sob tratamento terapêutico do sono.
Em minha direção logo após o despertar veio um enfermeiro simpático e prestativo, ao seu lado um senhor austero, de porte nobre e semblante pacificado. Cumprimentaram-me e se apresentaram em seguida, um era Afonso, o enfermeiro prestativo e o outro o irmão Euclides, médico terapeuta que cuidava daqueles doentes todos.
Assim que recobrei parte da minha consciência, soube que estava vagando em lugares de sofrimento, o que me recordei assim que ouvi tal relato. As imagens vieram nítidas e um pavor se apoderou de minha alma. Na tela mental as imagens vivas e ainda frescas do horror pelo qual passei...
Uma multidão de espíritos profundamente dementados e hostis se apoderou de mim assim que me viram, isso foi logo após meu desencarne, ainda lutando na cova onde fui enterrado agarrado ao físico. Para desvencilhar-me da matéria já em estado de putrefação, fora muito difícil e sofrido.
Quando desprendi-me estava profundamente  desesperado, comecei a correr sem norte e fui surpreendido pelos irmãos mau intencionados do além, logo me vi refém. Espíritos nas formas femininas e masculinas  seminus, exibindo formas sensuais, profundamente desequilibrados avançavam sobre meu espírito sugando minhas energias e enfraquecendo-me mais ainda. Vaguei por regiões no astral inferior difíceis de narrar sem causar estupefação aos leitores encarnados. Fui pouco a pouco arrastado para regiões perigosas e de difícil retorno, onde o desregramento sexual era o vício maior das sensações ilusórias. Virei um farrapo humano! Escravo dos desejos sexuais, do circo de horrores do baixo astral inferior e dos locais onde os encarnados se reuniam para o conluio sexual em sono físico, sem amor e sem respeito. Vivia dia e noite nesses ambientes putrefatos, “alimentando-me” das sensações que mais gostava, sexo! Até cair exausto e muito doente, enfraquecido, enlouquecido e sem forças para fugir! Não sei por quanto tempo permaneci assim e ao pensar na vida miserável a qual me entregara desde muitas eras, caindo em erro, reencarnação após reencarnação, em choro desesperado, lembrei-me de Deus, mas envergonhado neguei-me a pedir! Ensaiei uma prece, mas não consegui, temia ser ouvido pelos algozes.  Assim que consegui novamente fortalecer-me fugi e me escondi num local onde acreditava que ninguém me incomodaria e então orei em prantos, pedindo socorro a avó materna, que desencarnara ainda em minha mocidade. A criatura que eu sempre vi como uma santa na Terra! Não sabia mais orar, somente pedia ajuda: “vó Maria, socorra-me em nome do Cordeiro! Já não posso mais!” Desmaiei logo após este apelo desesperado, verdadeiro e sincero e só despertei aqui nessa enfermaria. 
Afonso: _Agora meu irmão, é preciso acalmar-se, tentar esquecer por hora as más lembranças e elevar teu pensamento a Jesus, o Divino Amigo, pois para que o medicamento faça efeito, é necessário acalmar-se! Tu fostes socorrido a pedidos de nossa irmã Maria Dolores... sabemos que fora sua avó materna na Terra, mas aqui é nossa irmã em Cristo, uma humilde colaboradora. Assim que o irmão afastou-se do erro e buscou sinceramente por socorro, nossa equipe entrou em ação. Agora, é importante que obedeças as ordens do irmão Euclides e que acalmes a mente em desalinho. O medicamento principal será a oração,  a disciplina e o tratamento terapêutico intensivo defendido por nós até que consigas erguer-te para recomeçares novamente a luta!

Eu: _Não consigo me lembrar por quanto tempo fiquei vagando de um canto para outro! Sabes me informar?

Afonso: _Por aproximadamente vinte e sete anos!
Aquela resposta me atingira como um punhal afiado direto no coração! Tanto tempo estava eu  nas trevas da ilusão, completamente esquecido de meus deveres. Eu tinha tudo na Terra! Esposa ideal, filhas lindas que precisavam  da  figura paterna, amigos que me aconselhavam a seguir pelo caminho reto, uma profissão, uma oportunidade de através da mediunidade avançar na senda da evolução!
Entre aflito e desconfortável por sentir-me tão envergonhado, decidi saciar minha curiosidade, aproveitando para esquecer momentaneamente do ocorrido, resolvi saber...

Eu: _Poderei ver minha avozinha querida? Gostaria de lhe agradecer e dar-lhe um abraço, sinto tanto sua falta! Quando poderei vê-la?

Afonso: _Meu irmão, ainda não estás em condições de falar com ninguém além da equipe médica que lhe assistirá nesse hospital. Dona Maria Dolores o acompanha amorosamente à distância e no momento certo, quando estiveres mentalmente melhor estarás em melhores condições de vê-la e ouvi-la. Por hora deves descansar, dormir para que não te venhas à mente em desalinho as imagens doentias que te perseguem. Tudo isso para que não retrocedas novamente no erro ao qual permaneceu por tanto tempo. Agora durma em paz, porque a tua hora de ser socorrido chegou!

Eu sabia pelos estudos que fizera na Terra que certamente renasceria mergulhado na enfermidade, pois vi-me deformado e profundamente distante do Claudinei de outrora. Não havia em mim nem mais um traço daquele homem que eu fora! Agora eram farrapos, deformados na figura de um espírito profundamente enfermo, enfraquecido e infeliz até a alma!
Eu tinha tudo! Uma família feliz, tinha uma linda missão como médium umbandista, que desperdicei em nome da minha fraqueza moral, da minha incúria e do meu egoísmo.
Voltarei novamente ao plano terreno para redimir-me, depois de longos séculos na fila de espera, já esclarecido e curado parcialmente. Desejoso de deixar o plano espiritual momentaneamente onde as tristes lembranças me perfuraram o coração qual punhais afiados, torturando-me de quando em vez.
Retornarei enfermo fisicamente, com “suave” retardo mental, sem direito a casar-me, já que desperdicei esta oportunidade sagrada! O órgão genital não se desenvolverá, permanecerá atrofiado,  já que gastei tanta energia no campo genésico. Seguirei solitário, mas confiante de que retornarei ao mundo físico para dar continuidade a minha caminhada evolutiva. Colherei certamente os frutos amargos que plantei em outrora, mas Deus e Jesus Cristo, me enviarão forças para que eu resista ao mal e supere minhas limitações, afim de retornar vitorioso!

Axé, irmãos!

Reflitamos

Autoria: Letícia E. Gonçalves

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