Os
números mágicos...
Robisklei
entrou no terreiro de umbanda, se benzeu, ajoelhou em frente ao Gongá, depois “reverenciou”
as curimbas colocando parte da cabeça sobre uma delas e pediu para falar com
Vovó Maria Preta. (ele imitava tudo o que via as outras pessoas fazendo).
Trinta minutos depois foi levado pelo cambono até a médium que estava sob a vibração
da entidade.
Havia
ouvido falar daquela preta velha, as pessoas de sua família diziam que ela era
uma entidade mui caridosa
e que ajudava os filhos de fé a encontrar o seu caminho...
Tomara
banho, colocara a melhor roupa, penteara o cabelo para trás com muito gel, que
era para parecer um “moço sério”... bem apresentado... Quem sabe a entidade
o vendo assim, se compadecia da sua angústia, né? Pensava ele.
Vó
Chica: _Louvado seja nosso sinhô Zezuis Cristo, fio! Ê,
ê!
Robisklei:
_Louvado
seja!
Vó
Chica: _Fala pra essa preta o que te traz aqui?
Robisklei:
_Me
falaram bem da senhora... eu gostaria de pedir uma ajuda para mim... se não for
pedir muito. Gostaria de saber os números premiados para eu jogar, ganhar e
poder fazer a “caridade” para meus familiares... assim como eu eles sofrem
muito! Claro que eu depois vou pedir a mão da Diana em casamento e comprar uma
casa, a senhora sabe...
Vó
Chica: _ O fio vem num casuá de umbanda pela primeira vez, né?
Robisklei:
_Sim
senhora!
Vó
Chica: _Suncê tem boa memória?
Robisklei:
_Tenho
sim!!!
Vó
Chica: _Então grava aí: “1”... esse número é mágico é o da responsabilidade,
pois o fio num trabaia há mais de um ano e num ajuda o pai com o serviço braçal
nem dentro do seu casuá... E forte como está, pode ajudar o pai a alimentar
seus irmãos mais novos. “2”... Este outro também é mágico, serve pra alembrá ao
filho que sua filhinha desde que nasceu não recebeu de suncê nem um alfinete
para prender a fralda! Ela cresce sem pai e a mãe dela, aquela moça que o fio
iludiu, sofre sem dinheiro e sem seu apoio. Como é que o filho quer casar com outra
moça sem não se “arresolveu” com a mãe da sua filha? “3”... Este numeral é
muito bom, lembra que é preciso ter os pés no chão e buscar para merecer.
Ensina aos filhos incautos a não colocarem o chapéu onde a mão não alcança! A
não dar um passo maior do que a perna. “4”... Ê ê! Esse aí é o da revelação...
convida aos filhos imprudentes e sonhadores a fazer por merecer através do estudo
e do trabalho digno! Mostra que sem fé e sem amor ninguém fica de pé. “5”... o
cinco é um ótimo número para “alembrar” que a humildade é importante e que sem
ela os filhos passam pela vida vazios de pureza e cheios de arrogância!
A
entidade fez pausa silenciosa e esperou o moço assimilar
os ensinamentos. Percebia que o incauto muito sem graça, entendia o erro e não
sabia o que falar.
Vó
Chica: _Já posso parar mizi fio? Já é suficiente ou o fio precisa de mais
número da sorte? Com esses números quem sabe o filho pensa e repensa seus atos.
Quem sabe encontra mais números da sorte através do recolhimento mental, aquele
que convida à meditação sobre si mesmo? O último número que falta para suncê
ficar rico de espírito, esta preta velha vai deixar o filho descobrir por si
só, assim segue o bom senso, muda os caminhos e enriquece a alma com as coisas
de Deus, né? Vai em paz fio e que o Pai Oxalá te guie!
Muitos
médiuns pelos terreiros afora, enquanto incorporados, escutam os pedidos mais
descabidos que os consulentes fazem em nome da profunda ignorância em que se
encontram. Pedem riqueza, números premiados (mega sena), para matar o desafeto
ou a mulher infiel. Pedem para as entidades arrumarem-lhes empregos fantásticos
com salários altíssimos, como se isso estivesse ao alcance de um estalar de
dedos e não lhes custasse o esforço próprio, a competência para tal e o devido
merecimento!
Pensam
ser fácil como a mágica dos filmes de Walt Disney. Ledo engano, pois mais cedo
ou mais tarde, descobrirão o erro que em nome da preguiça mental, cometeram,
mas não com as amorosas e verdadeiras entidades que atuam na Umbanda e que
muito sabem sobre os encarnados e suas fraquezas, mas sim consigo mesmos.
As
pessoas estacionam e atrasam-se na medida em que permitem-se viver
como "robôs humanos", sem ao menos questionarem-se, se o que fazem no tempo presente
os conduzirá futuramente à verdadeira felicidade.
Reflitamos.
Autoria:
Marcos Marchiori/Letícia Gonçalves
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