Desde que nos
descobrimos capazes e autores do nosso próprio destino, a questão mais complexa
sobre a alma humana em todos os tempos é sobre a tal felicidade. Por que não a
temos por completo?
Costumamos ver a
possibilidade da felicidade nas questões materiais e até nas sentimentais,
entretanto, derrapamos e saímos da curva de encontro ao precipício quando a
buscamos somente nesses dois setores da
vida.
Felicidade é um estado
de espírito que devemos compreender depois desenvolver, trabalhar e manter. O que
é de suma importância e profundamente necessário para elevar as almas,
entretanto, na maioria dos casos, busca-se a felicidade comprada em frascos!
Ela está nas vitrines
das lojas, nas prateleiras dos grandes centros comerciais, nas quatro rodas de
um possante veículo, nas viagens internacionais, nas festas nababescas, nos
amores que duram alguns meses, no dinheiro que pode comprar o produto efêmero e
caríssimo, no acerto dos seis números da mega sena, entre outras ilusões
materiais...
Ainda muito
mergulhados nas paixões violentas e nas ilusões do mundo transitório, muitos de
nós equivoca-se ao crer que felicidade é o que está do lado de fora. Com isso
perdemo-nos nas confusões ilusórias de identidade, na necessidade de sermos
aceitos pelos nossos entes e por nossos amigos, de fazermos parte de algum
grupo, de sermos reconhecidos e amados. Mas quando tudo isso não ocorre o que
temos é a frustração.
Um mundo falso que desaba
em nossas cabeças trazendo aflições, sofrimentos, ansiedades e por fim, em
muitos casos a depressão.
Há pessoas
riquíssimas que possuem dinheiro para comprar o que desejarem e mesmo assim, aos
milhares, elas são infelizes. Há as que gastam os poucos recursos financeiros
que conseguem ter para “construir” uma imagem falsa de si mesmos, através das
roupas de marca, do superficialismo das maquiagens femininas, dos bens
materiais que no final das contas nunca foram para quem os adquiriu, mas para o
outro! Para mostrar, ostentar, causar inveja, atrair, comprar, seduzir. Sob análise
profunda observamos que nunca nos sobra um momento prazeroso para usufruirmos
com equilíbrio, o desejo é mostrar-se o que tem como se isso fosse condição
para a paz interior, quer dizer, para a felicidade que buscamos.
A sociedade nunca
consumiu tanto! A tecnologia nunca esteve tão presente nas vidas humanas como
nesse tempo. As pessoas distanciaram-se umas das outras usando os computadores e
a internet como desculpa, e, infelizmente as personagens nas mentes
desequilibradas ganharam mais força, a verdade sobre quem realmente somos em
muitos casos, deixa de ter valor porque temos mais coragem quando estamos no
anonimato e com essa nova roupagem falsa e perigosa transtornos de ordem
psíquica dificílimos de se tratar em dias tão tumultuados como os de hoje, assolam
milhares de consciências.
A felicidade é
propriedade do espírito e não de um corpo que irá se deteriorar em algumas
décadas! É como dissemos alhures, trata-se de um estado de espírito dentro de
uma verdade que equilibra e não um momento funesto. O momento certamente
passará, as paixões esfriarão deixando-nos certamente vendidos nas mãos frias e
insensíveis de nossos companheiros, os falsos amigos cedo ou tarde se afastarão,
a realidade virá como um aguilhão a machucar nosso espírito infantil e nos
mostrará do que realmente precisamos... e o que nos restará?
A verdadeira
felicidade está no desenvolvimento do caráter, do equilíbrio, da boa moral que
deve ser desenvolvida dia após dia.
A felicidade que
jamais perece com o tempo e que jamais se deixa destruir pelas decepções da
vida, constitui-se na mais sublime e honesta construção da personalidade humana,
moldada no amor, na retidão de caráter, no autoconhecimento, na reforma íntima,
no respeito mútuo e na vigilância de si mesmo.
O sentimento de
felicidade verdadeiro é aquele que verifica na pessoa que vive no mundo da
matéria a busca equilibrada e consciente pela harmonia interna, isto é, o
respeitar-se como é, amar-se como se está, compreender-se nessa etapa
evolutiva, aceitar-se com o que tem e com o que se sabe. Essa conquista
evolutiva constitui-se na construção saudável e inteligente de si mesmo. Na preocupação
sincera em crescer intelectualmente e moralmente. Há também a necessidade de
analisarmos nossos conflitos, as experiências desagradáveis, as dores e os
dissabores como momentos que passarão, tirando deles as melhores lições.
O ego deve ser “objeto”
de nossa constante investigação e combate e da auto correção nosso exercício
diário. Do auto perdão faremos o nosso remédio para a cura, o crescimento
espiritual. Assim, cá e lá, vamos aprendendo a acertar.
O transitório está no
mundo das formas que oferece-nos o necessário para essa passagem pela Terra, tiramos
grandes lições! Mas que essa luz não nos
cegue.
A verdadeira riqueza
está no que realmente viemos buscar, isto é, o resultado do aprendizado das
experiências e do que fizemos de nós mesmos, de como conseguimos controlar
nossos ímpetos, nossos desejos. Se assim
não for, de que forma lograremos êxito no desenvolvimento do auto amor?
A maior prova de que
o mundo não nos pode dar a felicidade que tanto buscamos está nas duras decepções
que sofremos, oriundas de nossa pouca instrução nas coisas do Eterno.
Enquanto buscarmos a
felicidade fácil e de largas proporções, nas estradas “certinhas”, burlando-se
a real necessidade da nossa educação moral, plantaremos ilusão e colheremos dor!
Namaste!
Letícia E. Gonçalves
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