PERGUNTA: — Há fundamento na assertiva de que Jesus caminhava "sobre as
águas"?
RAMATÍS: — Ainda hoje, na Índia, não é muito difícil encontrarem-se
indivíduos que conseguem realizar o prodígio de andar sobre as águas, caminhar
sobre cacos de vidros acerados e deitar-se em braseiros sem quaisquer danos,
pois a matéria não passa de energia condensada do mundo oculto, que pode ser
dominada pelo homem, conforme a vossa ciência vos prova dia a dia. Mas é preciso
distinguirmos a função de um prestidigitador que surpreende o senso comum das criaturas
operando fenômenos exóticos, com a "missão" de um Espírito do quilate
de Jesus. O primeiro pode tornar-se um
"homem dos milagres" e acompanhar-se de um cortejo de admiradores e
fanáticos, que lhe prestarão homenagens até o dia da primeira falha ou
incompetência; o segundo é um libertador de almas que dispensa os recursos da
matéria para organizar o seu apostolado. Jesus poderia realizar todos os milagres
que lhe foram atribuídos, embora operando sabiamente com as energias naturais
do próprio mundo físico; no entanto, isso em nada lhe ajudaria a convencer a
criatura humana necessitada de sua própria libertação espiritual!
Nenhum missionário, por mais excêntrico e poderoso no manejo das
forças ocultas, conseguiria transformar um homem num anjo, somente à custa de
fenômenos e milagres! O espírito do homem não se gradua para a angelitude
presenciando milagres ou admirando "magos de feira", mas isso ele só
o consegue despertando em si mesmo as forças espirituais que depois o libertam
do instinto animal e abrem clareiras mentais para a amplitude de sua
consciência!
O "milagre" do Mestre Cristão andar sobre as águas,
conforme a narrativa dos evangelistas, prende-se à interpretação errônea de um
costume tradicional entre os galileus de sua época.
Havia dois caminhos muito conhecidos que convergiam de Cafarnaum e
outras localidades para Nazaré; um deles cortava a planície e o denominavam
"caminho do campo"; outro marginava o lago Tiberíades e o chamavam o
"caminho das águas". Assim, quando alguém seguia ou retornava
beirando o lago Tiberíades, era costume dizer-se que "fulano fora ou viera
pelo caminho das águas". Mas decorrido certo tempo, então era mais próprio
dizer-se que "fulano fora ou viera pelas águas". Deste modo, quando
Jesus retornava com seus discípulos para Nazaré era muito comum anunciarem que
o "Mestre vinha pelas águas", e isso fez com que a tradição religiosa
trouxesse até vossos dias a lenda de que "Jesus andava sobre as águas"!
DO LIVRO: “O SUBLIME PEREGRINO” RAMATÍS/HERCILIO MAES – EDITORA DO
CONHECIMENTO.
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