PERGUNTA: - Em nossas pesquisas sobre o serviço
mediúnico intuitivo na seara espírita, por vezes chegamos ao desânimo, tal a incerteza
e a improdutividade de certos trabalhos, que não ultrapassam o nível comum dos
próprios médiuns. Que dizeis disso?
RAMATÍS: -
Os médiuns, já o dissemos, atualmente ainda significam a cota de sacrifício
atuando na vanguarda da divulgação da imortalidade da alma e do intercâmbio entre
vivos e mortos. No futuro, o animismo improdutivo, as confusões freudianas, a associação
de idéias, o histerismo, o automatismo psicológico e outros óbices
indesejáveis, ainda existentes no intercâmbio mediúnico atual, hão de desaparecer
em face do treino e da pesquisa dos próprios cientistas simpatizantes da
doutrina.
A mediunidade evoluiu e aperfeiçoa-se, possuindo um
roteiro definido para os desideratos superiores, tal qual a inteligência do
homem também progride pelo exercício e o esforço incessante nos diversos
setores da ciência do mundo.
Inúmeras realizações técnicas e científicas que
hoje deslumbram o vosso mundo, também requereram centenas de experimentos para
corrigir os hiatos e as imprevisões, que existiam antes dos admiráveis padrões modernos.
Que seria da medicina terrena, caso os seus abnegados líderes,
ante os seus equívocos iniciais, desistissem de prosseguir no estudo de tal
ciência? Portanto, o pessimismo, a dúvida e a indiferença prejudicam o serviço
dos médiuns incipientes.
PERGUNTA: - Quais são as dificuldades mais comuns
que os espíritos terapeutas enfrentam para atender ao receituário mediúnico sob
a responsabilidade do Espiritismo?
RAMATÍS: -
Em geral, o público amontoa centenas de papeletas com consultas e pedidos, na
mesa do centro espírita, à última hora; sua maior porcentagem, no entanto, só indaga
coisas e doenças as mais triviais. O médium receitista então fica obrigado a um
trabalho árduo e ininterrupto, que o esgota na sua resistência mental-física,
como ainda lhe impede perfeita sintonia psíquica com o Além. O êxito do receituário
mediúnico, em massa e em horário curto, exige rapidez de ação por parte do
espírito terapeuta e do seu ajuste instantâneo e harmônico ao cérebro
perispiritual do médium receitista. Qualquer vacilação ou interferência
imprevista entre ambos pode resultar em alteração na prescrição das receitas.
Malgrado a tradição terrena ensinar que os espíritos
desencarnados possuem o dom da ubiqüidade e podem transladar-se facilmente no
mundo espiritual, superando também os obstáculos da própria matéria e
visitando, ao mesmo tempo, inúmeros enfermos eqüidistantes, eles não estão
aptos para prever as surpresas espirituais ou as dificuldades durante o exame
psíquico, provocados pelos próprios consultantes. Sem dúvida, os médiuns
criteriosos, sob o amparo dos espíritos terapeutas e experimentados no socorro dos
encarnados, chegam a cumprir um receituário mediúnico útil e compensativo. Mas
há casos em que os enfermos a serem examinados encontram-se tão fortemente impregnados
de fluidos ruinosos, resultantes de sua emotividade descontrolada ou dos seus pensamentos
nocivos, que os espíritos terapeutas não logram êxito na formulação do
diagnóstico perispiritual e também falham na prescrição
do medicamento. Também, infelizmente, às vezes, os médiuns cercam-se de
influências tão perturbadoras, que isolam completamente a faixa vibratória dos
seus guias terapeutas; então receitam medicamentos inócuos, remédios exóticos
ou panacéias ridículas, pois ficam sob o forte domínio do animismo
incontrolável, ou então podem sintonizar-se com as entidades do baixo astral. Acresce,
ainda, que o seu subconsciente interfere, de modo vigoroso, durante o nosso labor
e intercâmbio com os encarnados, obedecendo ao próprio automatismo de defesa da
personalidade humana contra a intromissão de uma vontade alheia no seu comando
pessoal.
E se o médium for criatura bastante onerada com dívidas
pretéritas, enfrentando constantemente as vicissitudes de ordem moral e física no
mundo terreno, crescem essas dificuldades, pois há médiuns que ainda bebem
alcoólicos, fumam, abusam da alimentação carnívora e movimentam-se à caça de
prazeres fáceis! Malgrado a sua tarefa de divulgar a realidade da vida imortal,
há também os que temem a morte tal qual o homem comum.
A fim de atender na mesma noite a centenas de receitas
e aos pedidos formulados nos centros espíritas, o médium receitista precisa
escrever às pressas e se fatiga facilmente no desempenho dessa tarefa incomum. Qualquer demora na recepção espiritual ou preocupação
íntima é suficiente para o desajuste vibratório com o seu guia. E os espíritos
desencarnados, por sua vez, ante os numerosos pedidos, veem-se obrigados a
cuidar com mais atenção dos apelos dos casos mais graves, enquanto se limitam a
prescrever medicação contemporativa aos demais consulentes, atendendo-os apenas
com o fito de não lhes causar desânimo.
Deste modo, quase sempre predominam no receituário
mediúnico as indicações de remédios de ação geral ou paliativa, tais como os
reconstituintes do sangue, extratos hepáticos, xaropes, vitaminas,
fortificantes dos nervos ou recalcificantes comuns, que são prescritos para os
casos menos importantes, dentro do horário premente e da capacidade física do
médium. E quanto às inquietações psíquicas, os espíritos restringem-se a dar conselhos
confortadores e advertência espiritual ou à promessa de breve socorro.
No entanto, apesar de os adeptos e médiuns espíritas
saberem que todos os fenômenos da Criação são disciplinados por leis sensatas e
imutáveis, eles parecem admitir que os desencarnados são seres miraculosos,
pois exigem que eles atendam a um receituário medi único vultoso e atropelado,
no tempo limitado de uma sessão espírita.
DO LIVRO: “MEDIUNIDADE DE CURA” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES
– EDITORA DO CONHECIMENTO
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.