sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Os impedimentos que prejudicam os efeitos das medicações espíritas




PERGUNTA: - Em nossas pesquisas sobre o serviço mediúnico intuitivo na seara espírita, por vezes chegamos ao desânimo, tal a incerteza e a improdutividade de certos trabalhos, que não ultrapassam o nível comum dos próprios médiuns. Que dizeis disso?

RAMATÍS: - Os médiuns, já o dissemos, atualmente ainda significam a cota de sacrifício atuando na vanguarda da divulgação da imortalidade da alma e do intercâmbio entre vivos e mortos. No futuro, o animismo improdutivo, as confusões freudianas, a associação de idéias, o histerismo, o automatismo psicológico e outros óbices indesejáveis, ainda existentes no intercâmbio mediúnico atual, hão de desaparecer em face do treino e da pesquisa dos próprios cientistas simpatizantes da doutrina.
A mediunidade evoluiu e aperfeiçoa-se, possuindo um roteiro definido para os desideratos superiores, tal qual a inteligência do homem também progride pelo exercício e o esforço incessante nos diversos setores da ciência do mundo.
Inúmeras realizações técnicas e científicas que hoje deslumbram o vosso mundo, também requereram centenas de experimentos para corrigir os hiatos e as imprevisões, que existiam antes dos admiráveis padrões modernos.
Que seria da medicina terrena, caso os seus abnegados líderes, ante os seus equívocos iniciais, desistissem de prosseguir no estudo de tal ciência? Portanto, o pessimismo, a dúvida e a indiferença prejudicam o serviço dos médiuns incipientes.

PERGUNTA: - Quais são as dificuldades mais comuns que os espíritos terapeutas enfrentam para atender ao receituário mediúnico sob a responsabilidade do Espiritismo?

RAMATÍS: - Em geral, o público amontoa centenas de papeletas com consultas e pedidos, na mesa do centro espírita, à última hora; sua maior porcentagem, no entanto, só indaga coisas e doenças as mais triviais. O médium receitista então fica obrigado a um trabalho árduo e ininterrupto, que o esgota na sua resistência mental-física, como ainda lhe impede perfeita sintonia psíquica com o Além. O êxito do receituário mediúnico, em massa e em horário curto, exige rapidez de ação por parte do espírito terapeuta e do seu ajuste instantâneo e harmônico ao cérebro perispiritual do médium receitista. Qualquer vacilação ou interferência imprevista entre ambos pode resultar em alteração na prescrição das receitas.
Malgrado a tradição terrena ensinar que os espíritos desencarnados possuem o dom da ubiqüidade e podem transladar-se facilmente no mundo espiritual, superando também os obstáculos da própria matéria e visitando, ao mesmo tempo, inúmeros enfermos eqüidistantes, eles não estão aptos para prever as surpresas espirituais ou as dificuldades durante o exame psíquico, provocados pelos próprios consultantes. Sem dúvida, os médiuns criteriosos, sob o amparo dos espíritos terapeutas e experimentados no socorro dos encarnados, chegam a cumprir um receituário mediúnico útil e compensativo. Mas há casos em que os enfermos a serem examinados encontram-se tão fortemente impregnados de fluidos ruinosos, resultantes de sua emotividade descontrolada ou dos seus pensamentos nocivos, que os espíritos terapeutas não logram êxito na formulação do
diagnóstico perispiritual e também falham na prescrição do medicamento. Também, infelizmente, às vezes, os médiuns cercam-se de influências tão perturbadoras, que isolam completamente a faixa vibratória dos seus guias terapeutas; então receitam medicamentos inócuos, remédios exóticos ou panacéias ridículas, pois ficam sob o forte domínio do animismo incontrolável, ou então podem sintonizar-se com as entidades do baixo astral. Acresce, ainda, que o seu subconsciente interfere, de modo vigoroso, durante o nosso labor e intercâmbio com os encarnados, obedecendo ao próprio automatismo de defesa da personalidade humana contra a intromissão de uma vontade alheia no seu comando pessoal.
E se o médium for criatura bastante onerada com dívidas pretéritas, enfrentando constantemente as vicissitudes de ordem moral e física no mundo terreno, crescem essas dificuldades, pois há médiuns que ainda bebem alcoólicos, fumam, abusam da alimentação carnívora e movimentam-se à caça de prazeres fáceis! Malgrado a sua tarefa de divulgar a realidade da vida imortal, há também os que temem a morte tal qual o homem comum.
A fim de atender na mesma noite a centenas de receitas e aos pedidos formulados nos centros espíritas, o médium receitista precisa escrever às pressas e se fatiga facilmente no desempenho dessa tarefa incomum. Qualquer demora na recepção espiritual ou preocupação íntima é suficiente para o desajuste vibratório com o seu guia. E os espíritos desencarnados, por sua vez, ante os numerosos pedidos, veem-se obrigados a cuidar com mais atenção dos apelos dos casos mais graves, enquanto se limitam a prescrever medicação contemporativa aos demais consulentes, atendendo-os apenas com o fito de não lhes causar desânimo.
Deste modo, quase sempre predominam no receituário mediúnico as indicações de remédios de ação geral ou paliativa, tais como os reconstituintes do sangue, extratos hepáticos, xaropes, vitaminas, fortificantes dos nervos ou recalcificantes comuns, que são prescritos para os casos menos importantes, dentro do horário premente e da capacidade física do médium. E quanto às inquietações psíquicas, os espíritos restringem-se a dar conselhos confortadores e advertência espiritual ou à promessa de breve socorro.
No entanto, apesar de os adeptos e médiuns espíritas saberem que todos os fenômenos da Criação são disciplinados por leis sensatas e imutáveis, eles parecem admitir que os desencarnados são seres miraculosos, pois exigem que eles atendam a um receituário medi único vultoso e atropelado, no tempo limitado de uma sessão espírita.

DO LIVRO: “MEDIUNIDADE DE CURA” RAMATÍS/HERCÍLIO MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO






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