terça-feira, 3 de outubro de 2017

NATUREZA DA MEDIUNIDADE



Chama-se mediunidade, o conjunto de faculdades que permitem ao ser humano comunicar-se com o Mundo Invisível.
O médium desfruta, por antecipação, dos meios de percepção e de sensação que pertencem mais à vida do espírito que à do
homem, por isso tem o privilégio de servir de traço de união entre eles.
Temos que ver nesse estado o resultado da lei de evolução e não um efeito regressivo, uma tara, como creem certos fisiologistas, que comparam os médiuns a histéricos e enfermos. Esse equívoco provém do fato de a grande sensibilidade e a impressionabilidade de certos médiuns provocar em seu organismo físico perturbações sensoriais e nervosas; mas esses casos são exceções, que seria errado generalizar, porque a maioria dos
médiuns possui boa saúde e um perfeito equilíbrio mental.
Toda extensão das percepções da alma é uma preparação para uma vida mais ampla e mais elevada, uma saída aberta a um horizonte mais vasto. Sob este ponto de vista, as mediunidades, em conjunto, representam uma fase transitória entre a vida terrestre e a vida livre do espaço.
O primeiro fenômeno desse gênero, que chamou a atenção dos homens, foi o da visão. Por ela se revelaram, desde a origem dos tempos, a existência do mundo do Além e a intervenção, entre nós, das almas dos mortos. Estas manifestações, ao se repetirem, deram nascimento ao culto dos espíritos, ponto de partida e base de todas as religiões. Depois, as relações entre os habitantes da Terra e do Espaço se estabeleceram das mais diversas e variadas formas, que se foram desenvolvendo através dos tempos, sob diferentes nomes, mas todas partem de um único princípio.
Por meio da mediunidade sempre existiu um laço entre ambos os mundos, uma via traçada pela qual a alma humana recebia revelações, gradualmente mais elevadas, acerca do bem e do dever, luzes cada vez mais vivas sobre seus destinos imortais. 
Os grandes espíritos, por motivo de sua evolução, adquirem conhecimentos progressivamente mais amplos e se convertem em instrutores, em guias dos humanos cativos na matéria.
A autoridade e o prestígio de seus ensinamentos ficam realçados ainda mais pelas profecias, pelas previsões que os precedem ou os acompanham.
Em outra parte estudamos, detalhadamente, os diferentes gêneros de mediunidade e os fenômenos que produzem.
Então pode-se ver como se estabeleceu a comunicação dos vivos e dos mortos; como se constitui essa fronteira ideal onde as duas humanidades, uma visível e a outra invisível, entram em contato; como, graças a essa penetração, se estende e se esclarece nosso conhecimento da vida futura, a noção que possuímos das leis morais que a regem, com todas as suas consequências e suas sanções.
Por todos os procedimentos medianímicos, os espíritos superiores se esforçam em trazer a alma humana das profundidades da matéria para as altas e sublimes verdades que regem o Universo, para que se revistam dos altos fins da vida e encarem a morte sem terror, para que aprendam a desprender-se dos bens passageiros da Terra e prefiram os bens imperecíveis do espírito. 
A alma não pode achar harmonia senão no conhecimento e na prática do bem, e somente dessa harmonia é que flui, para ela, a felicidade.
Aos espíritos superiores se unem as almas amigas dos parentes mortos, cuja solicitude continua estendendo-se sobre nós, assistindo-nos em nossas dolorosas lutas contra a adversidade e contra o mal.
Assim, a mediunidade bem exercida se converte em um manancial de luzes e consolos. Por seu intermédio, as vozes do Alto nos dizem:
“Escutai nossas chamadas; vós que buscais e chorais não estais abandonados... Temos sofrido para lograr estabelecer um meio de comunicação entre o vosso mundo esquecido e o nosso mundo de recordações.
A mediunidade já não se verá enxovalhada, menosprezada, maldita, porque os homens já não poderão desconhecê-la. Ela é o único laço possível entre os vivos e nós, a quem nos chamam mortos.
Esperai, não deixaremos fechar-se a porta que temos entreaberta para que, em meio às vossas dúvidas e vossas inquietudes, possais entrever as claridades celestes.”
Depois de haver mostrado o grande papel da mediunidade, convém assinalar as dificuldades que existem em sua aplicação. Em primeiro lugar são escassos os bons médiuns, não porque lhes faltam faculdades notáveis, mas por ficarem logo sem utilidade
prática por falta de estudos sérios e profundos. Muitos médiuns se escondem nos círculos íntimos, nas reuniões familiares, ao abrigo das exigências exageradas e dos contatos desagradáveis.
Quantas jovens de organismo delicado, quantas senhoras que conhecemos, retraídas pelo temor à crítica e às más línguas, afogam
e perdem bonitas faculdades medianímicas por não empregá-las bem, com uma boa direção!
Os adversários do Espiritismo sempre se dedicaram a denegrir médiuns, acusando-os de fraude, procurando fazê-los passar por
neuróticos e tratando, por todos os meios, de desviá-los de sua missão; sabendo que o médium é condição essencial dos fenômenos, esperam, desse modo, destruir o Espiritismo em seu alicerce.
É importante que façamos fracassar essa tática e, para isso, temos de dar ânimo e ajuda aos médiuns, rodeando o exercício de suas faculdades de todas as precauções necessárias.
A guerra ceifou milhões de vidas em plena juventude e virilidade. As epidemias, os açoites de todas as classes, deixaram enormes vazios no seio das famílias. Todos esses espíritos tratam de se manifestar àqueles a quem amaram na Terra, para provar-lhes seu afeto, sua ternura, para secar suas lágrimas, para acalmar suas dores.
Por outra parte, as mães, as viúvas, as noivas, os órfãos, todos estendem suas mãos e seus pensamentos para o céu, na angustiosa espera de notícias de seus mortos, ávidos de recolher provas de sua presença, testemunhos de sua sobrevivência.
Quase todos possuem faculdades latentes e ignoradas que poderiam permitir-lhes estabelecer relações com seus mortos. Por todas as partes existem possibilidades de se estabelecer um elo entre essas duas multidões de seres que se buscam, se atraem e desejam fundir seus sentimentos e seus corações em uma comum harmonia.
O Espiritismo e a mediunidade são os únicos que podem realizar essa doce e santa comunhão e trazer, a todos, a paz, a serenidade da alma que dá fortaleza e convicção...

LIVRO: "ESPÍRITOS E MÉDIUNS" LÉON DENIS

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