domingo, 30 de abril de 2017

ELUCIDAÇÕES DE RAMATÍS COBRE O AVANÇO CIENTÍFICO E A HUMANIDADE -



PERGUNTA - Mas o avanço científico e o progresso técnico do mundo não poderiam transformar a Terra num planeta mais confortável e ameno, proporcionando aos homens uma vivência agradável e equilibrada?


RAMATÍS - Assim como o homem canceroso não recupera a saúde, só em mudar da choupana miserável para o hospital especializado, nem o inquilino se torna mais inteligente ou sensato, trocando de apartamento, os espíritos dos terrícolas não se convertem em criaturas pacíficas e benfeitoras, unicamente pelo fato de a ciência e técnica transformarem o seu orbe num mundo confortável e agradável. Da mesma forma, o requinte técnico, a modernização e o luxo aplicado na escola primária não extinguem a estultícia, ignorância, rebeldia e maldade dos alunos ignorantes.
Os alunos incultos, instintivos, daninhos e irresponsáveis continuariam a rasgar o veludo "chiffon" das poltronas modernas estofadas, romper as canetas-tinteiro sofisticadas, rasgar os livros de papel acetinado, borrar as paredes plásticas decoradas caprichosamente, quebrar os sanitários de porcelana colorida, arruinar as torneiras cromadas e sujar os uniformes limpíssimos, tudo isso no seio da mesma algazarra bulhenta, indisciplina e cinismo contra os professores selecionados da melhor safra de educadores modernos.
 O mesmo fenômeno ocorre no vosso orbe, pois, malgrado o triunfo da técnica e da ciência, que iluminam feericamente as cidades modernas, descobriram o "radar", criaram o "computador" e mantêm o controle remoto dos jatos supersônicos e da descida na Lua, os terrícolas continuam na mesma ignorância, impiedade, belicosidade e índole fratricida que herdaram da idade da pedra. Embora o homem tenha pousado na Lua, ainda não conseguiu penetrar um centímetro dentro de si mesmo; malgrado o triunfo de circundar o seu orbe com satélites artificiais, ainda não domina, evangelicamente, os passos em redor do seu próprio lar. Trajando requintados figurinos e surpreendentemente motorizado, televisionado, eletrificado e completamente cientificista, o homem terreno ainda continua a praticar os mesmos atos de vandalismo próprios da era das cavernas, variando tão-somente em sua perversidade, quanto aos recursos de destruição proporcionados pela ciência moderna...
Antigamente habitava grutas de pedras; hoje, civilizado, prefere os estreitos canudos de cimento conhecidos por "arranha-céus"; antes, liquidava os adversários com porretes e pedras, atualmente, mata de modo elegante com artísticas pistolas eletrônicas; na época do "sílex" ele arrastava a companheira do vizinho pelos cabelos, através dos campos, a fim de satisfazer os instintos animais; agora, pratica o mesmo ato traiçoeiro e ignóbil, mas o faz de maneira louvável, conduzindo a vizinha num "Galaxie" ou "Corcel", para os lugares convenientes. É indiscutível que, se não mudou na sua categoria moral, pelo menos progrediu nos processos usados. 
O caboclo, outrora, viajava um mês, a cavalo, na intenção de cravar a faca no ventre do desafeto ou inimigo político que o havia ludibriado; hoje, graças aos triunfos científicos e técnicos do mundo, o homem civilizado faz o seu "desjejum" em New York, apanha um avião a jato, almoça em Lisboa e, à tarde, alcança o sucesso de assassinar o seu adversário em Paris, com um excelente tiro eletrônico.

DO LIVRO: "O EVANGELHO À LUZ DO COSMO" RAMATÍS/HERCÍLIO MAES - EDITORA DO CONHECIMENTO.

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