Os sensitivos não deveriam ser
chamados de médiuns. O vocábulo sensitivo apresenta-se como um sinônimo
de médium, mas não se refere propriamente a um intercâmbio entre os dois
mundos, representando apenas uma faculdade em andamento para a
verdadeira comunicação com os Espíritos. Mediunidade é um estado natural
da criatura, um dom, um fruto maduro.
O sensitivo é um fruto verde a caminho da maturidade. Este é encontrado
com mais facilidade, por não precisar de certas disciplinas e não
aceitar as renúncias indispensáveis à glória da faculdade mediúnica, com
Jesus. O sensitivo recebe as sensações através do corpo etérico, que se
manifesta em todo o sistema nervoso.
Isto faz com que os sentidos humanos sejam ampliados, de maneira a
permitira percepção de certas coisas, chegando a sentir que existem
Espíritos aqui ou acolá. Essa certeza se origina da alta sensibilidade
de que é dotado pela energia cósmica. Muitos e muitos dos chamados
médiuns estão nesse estágio, que não deixa de ser um caminho para o
empenho grandioso da mediunidade evangélica. É fácil reconhecê-los pelas
fracas interpretações das leis naturais e o pouco interesse pelo bem
coletivo. Notam-se, nas comunicações, através dos sensitivos,
inclinações para a leviandade, respondendo a perguntas que não levam ao
interesse elevado da vida, incentivando vícios e compactuando com
difíceis processos primitivos, que visam a assegurar o bem-estar
material das criaturas. Esquecem-se completamente do Evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo, colocando a caridade sob uma visão muito pessoal.
Essa é a razão por que muitos estudiosos do espiritualismo combatem a
mediunidade, generalizando os fenômenos, sem estudarem com profundidade o
despertar da alma, no intercâmbio com os Espíritos desencarnados.
Mediunidade é um estado natural do ser humano, é maturidade, e junto a
ela há sempre um compromisso firmado no mundo espiritual com os
luminares da eternidade e com a própria consciência. O Espírito
reencarna já preparado para esse ministério, conhecendo os caminhos
pelos quais deverá transitar e os processos que o levarão ao dever bem
cumprido. Existem animais sensitivos, mas nunca animais médiuns. Através
desta analogia, podereis melhor compreender nossas afirmativas. Todo o
combate à mediunidade real se faz por faltarem recursos de análise e
compreensão do fato mediúnico. Estudar um sensitivo é uma coisa, e
estudar um médium é outra, diferente. Quanto ao primeiro, é fácil
detectar a fonte que o inspira, por estar próxima das coisas humanas. O
segundo, porém, recebe influências que escapam aos sentidos físicos, por
alcançarem outra dimensão de maiores valores espirituais. Quase que
somente o médium é quem conhece o que é mediunidade e, mesmo com todo o
recurso da palavra que ele possa dominar, ainda assim não expressa a
realidade dessa faculdade transcendental. Sensitivos, pelo que
entendemos na acepção da palavra, há milhões deles, por toda a parte,
anunciando, pelo que fazem, mesmo de maneira primitiva, que existe a
comunicação com os Espíritos e que a vida eterna é, pois, a alegria de
todos nós. No assunto que ora abordamos, vemos que todo médium é
sensitivo, mas nem sempre os sensitivos são médiuns. Temos exemplos de
decadência de muitos medianeiros, que começaram bem e terminaram a
existência no fracasso, com sua mediunidade. Não é fácil, como alguns
pensam, manter essa faculdade espiritual no nível que é assumida, quando
se desce a tomar um corpo físico. A mediunidade que tem compromissos
com o Cristo na Terra, não pode se esquecer de subir o calvário, com a
cruz nos ombros, representando sacrifícios de várias espécies: a
renúncia é a característica de seus passos; o perdão, uma norma diária
em sua vida; o trabalho, uma obrigação sem queixa; a oração, um dever
silencioso; a alegria, uma manifestação de gratidão por tudo o que vê e
recebe da vida; a língua deixa de ferir e a cabeça passa a ser um ninho
de pensamentos nobres. Tudo o que faz, ela o faz por amor.
O médium deve esforçar-se para ser um exemplo vivo de paz e de
esperança. Não estamos aqui desmerecendo os sensitivos, mas é justo que
eles reconheçam a posição em que se encontram. Não podemos fugir às
normas da boa conduta, porque atraímos o que somos na pauta da vida, e o
que vibramos por dentro, manifestamos por fora. Nós mesmos usamos a
palavra sensitivo como médium, como recurso de linguagem comum na
literatura espiritualista. No entanto, na profundidade do assunto, o
sensitivo é um futuro médium, com a capacidade que a sua evolução
determinar. O carvão é uma promessa do diamante, como o homem o é do
anjo. Não estamos diminuindo quem quer que seja perante seus afazeres na
face da Terra, mas apenas esclarecendo dúvidas e mostrando dimensões
que devemos conhecer, para que possamos desempenhar as nossas atividades
com a consciência tranqüila e o coração pulsando com a ordem do
universo. A Doutrina Espírita é um acervo de conhecimentos que nos ajuda
a conhecer a verdade, e o espírita não pode esquecer o saber, porque o
próprio amor depende muito da sabedoria, para brilhar como um sol dentro
do coração. Ninguém faz médiuns, a não ser Deus, no transcorrer do
tempo. Entretanto, a misericórdia do Senhor foi tanta, que nos ofereceu
escolas e mestres renomados, a nos mostrarem os caminhos da
auto-educação e da disciplina, no sentido de despertara luz que já
existia dentro da criatura. Forçar a mediunidade é ignorar leis que
regulam a vida: a naturalidade é a expressão dos anjos, nas mínimas
coisas da existência. Estamos entrando em uma época apocalíptica, onde
há muita coisa boa e muita coisa ruim: escolhemos o que achamos melhor. O
mundo está passando por transes difíceis, porque dificultamos as coisas
fáceis. Procura viver na simplicidade, em tudo o que fazes, que
entrarás na atmosfera do bem e ele te traçará os caminhos que te levarão
ao amor. Médium! Se exercitas tua mediunidade, lembra-te da tua parte,
porque quem não conhece os caminhos por onde passa, poderá errar a
estrada e, com maiores dificuldades, tentará chegar ao seu destino.
Devem brilhar na nossa mente e no nosso coração estas palavras da codificação do Espiritismo: amar e instruir.
MIRAMEZ
FONTE: Cantinho de Francisco
MIRAMEZ
FONTE: Cantinho de Francisco
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