Meu amigo, que o Senhor te fortaleça o coração nos
testemunhos da fé. Aceita as angústias da hora presente, convicto de que o
sofrimento é a nossa única oficina de purificação individual. Sabemos que os
espinhos da amargura te feriram fundo n' alma generosa e sensível. Entretanto,
é nesses acúleos de dor que desabrocharão as rosas de tua felicidade
porvindoura. Não condenes, não odeies, não revides. Guarda a fonte do amor que
a Providência Divina te situou no espírito bem-formado. E porque as pedras do
mundo te dilaceram as esperanças, não permitas se resseque, em teu íntimo, o
manancial de pão celeste, que a mediunidade localizou em tua avançada
capacidade de servir.
O missionário do bem não possui na Terra outro padrão
maior que o Cristo, desprezado e crucificado no mais sublime ministério de renunciação.
O médium, cônscio das elevadas obrigações que lhe cabem, sofre os antagonismos do
meio, a incompreensão, muita vez, dos mais amados e, sobretudo, experimenta o
constante assédio das forças desintegrantes das trevas que ainda cercam a maioria
dos homens. Por trazer nova contribuição da verdade, aos domínios da revelação,
paga doloroso tributo de sacrifício à indiferença dos semelhantes.
Não percas, portanto, a tua coragem e o teu valor,
diante da tormenta. Refugia-te na prece e na confiança ativa, amparado pelos
benfeitores que te assistem e segue para diante, com teu vaso de consolações,
lenindo aflições e pensando feridas naqueles irmãos que, tangidos pelos
padecimentos morais, se aproximam sequiosos da fonte de luz.