PERGUNTA:
— A tendência de buscar uma comunhão afetiva
com outra criatura do mesmo sexo, conhecida por homossexualidade, implica em
conduta culposa perante as leis Espirituais?
RAMATÍS:
— Considerando-se que o "reino de Deus" está também no
homem, e que ele foi feito à imagem de Deus, evidentemente, o pecado, o mal, o
crime e o vício são censuráveis, quando praticados após o espírito humano
alcançar freqüências muito superiores ao estágio de infantilidade.
Os aprendizados vividos que promovem o animal a homem e o homem a anjo, são ensinamentos aplicáveis a todos os seres. A virtude, portanto, é a prática daquilo que beneficia o sei; nos degraus da imensa escala evolutiva. O pecado, a culpa, são justamente, o ônus proveniente de a criatura ainda praticar ou cultuar o que já lhe foi lícito usar e serviu para um determinado momento de sua evolução.
Os aprendizados vividos que promovem o animal a homem e o homem a anjo, são ensinamentos aplicáveis a todos os seres. A virtude, portanto, é a prática daquilo que beneficia o sei; nos degraus da imensa escala evolutiva. O pecado, a culpa, são justamente, o ônus proveniente de a criatura ainda praticar ou cultuar o que já lhe foi lícito usar e serviu para um determinado momento de sua evolução.
A
homossexualidde, portanto, de modo algum pode ofender as leis espirituais,
porquanto, em nada, a atividade humana fere os mestres espirituais, assim como
a estultícia do aluno primário não pode causar ressentimentos no professor
ciente das atitudes próprias dos alunos imaturos. Pecados e virtudes em nada ofendem
ou louvam o Senhor, porém, definem o que é "melhor" ou pior para o
próprio ser, buscando a sua felicidade, ainda que por caminhos intrincados dos
mundos materiais, sem estabilidade angélica. A homossexualidade não é uma
conduta dolosa perante a moral maior, mas diante da falsa moral humana, porque,
os legisladores, psicólogos, e mesmo cientistas do mundo, ainda não puderam
definir o problema complexo dos motivos da homossexualidade, entretanto, muitos
o consideram mais de ordem moral do que técnica, científica, genética ou
endócrina.
PERGUNTA:
— Que dizeis da homossexualidade à luz da
doutrina espírita?
RAMATÍS:
— Quem responde a tal problema são os próprios espíritos, no tema
"Sexo nos Espíritos", capítulo IV, da "Pluralidade das
Existências", item 200 a 202, do "Livro dos Espíritos" que assim
respondem: 200 — Têm sexo os Espíritos? R. — "Não como o entendeis, pois
que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas,
baseados na concordância de sentimentos". 201 — Em nova existência, pode o
Espírito que animou o corpo de um homem animar o corpo de uma mulher e
viceversa? R. —"Decerto: são os mesmos os Espíritos que animam os homens e
as mulheres". 202. — Quando
errante, que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma
mulher? R. — "Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas
por que haja de passar".
PERGUNTA:
— Mas o que realmente explica o fenômeno da homossexualidade?
RAMATÍS:
— É assunto que não se soluciona sobre as bases científicas
materialistas, porque, só podereis entendê-lo e explicá-lo, dentro dos
princípios da reencarnação. Evidentemente, não se pode esclarecer o motivo da
homossexualidade, quando explicado exclusivamente pela maioria do mundo
heterossexual, tal qual não pode explicar certos estados sublimes ou
depressivos dos humanos quem não tenha vivido o mesmo fenômeno.
Não
bastam conclusões simplistas, pesquisas psicológicas e indagações científicas
mundanas para explicar com êxito as causas responsáveis pelo homossexualismo. É
um problema que se torna mais evidente com o aumento demográfico da humanidade
e, também, das novas concepções do viver humano, como libertação de
"tabus" e a busca da autenticidade na vida e seus propósitos. Crescem
os grupos, comunidades e, até instituições homossexuais, no afã de solverem os
problemas angustiosos ou os motivos das incoerências
apontadas pelos contumazes julgadores do próximo, mas, incapazes de julgarem-se
a si mesmos.
Milhões
de homens e mulheres são portadores dessa anomalia, e requerem a atenção e o
estudo cuidadoso de suas reações e comportamento, não meramente que os julguem
censuráveis à luz dos princípios e costumes morais da civilização retrógrada e
mistificadora.
PERGUNTA:
— Sob a opinião vigente, parece tratar-se de um fenômeno anormal. Que dizeis?
RAMATÍS: Tal afirmação é verdadeira quando interpretada estatisticamente, por ser a maioria
significativa das pessoas heterossexuais, porém, ao interpretarmos sob o prisma
das leis da evolução espiritual, o problema não pode ser solucionado de forma
geral, pois, é peculiar a cada individualidade, em sua luta redentora anímica.
No decorrer do tempo, a humanidade terrícola há de compreender melhor os
conceitos de normalidade e anormalidade, verificando não se ajustarem de
maneira coerente, ao tratar se simplesmente de gestos, condutas externas,
incapazes de mostrarem o íntimo das almas. O próprio corpo carnal traz, às
vezes, alguns traços da anormalidade ou normalidade do espírito, porquanto, é,
tão-somente, o agente de manifestações configuradas na herança biológica,
determinada pela hereditariedade espiritual. O problema, é realmente, de
afinidades eletivas no campo da espiritualidade, porquanto, homem e mulher carnais são, apenas,
expressões da mesma essência espiritual, diferenciada pela maior ou menor
passividade, atividade, sentimento e razão. Através de milênios, o espírito ora
encarna-se num organismo feminino, ora masculino, despertando, Sob a Luz do
Espiritismo desenvolvendo e aprimorando as qualidades inerentes e necessárias
das expressões sexuais.
O
homem e a mulher têm, simultaneamente, predicados algo femininos ou masculinos,
que se acentuam dando características
peculiares em cada reencarnação, sem que isso possa definir uma separação
absoluta, capaz de classificar como anomalias os reflexos
femininos na entidade masculina e vice-versa.
PERGUNTA:
— Afirmam alguns estudiosos dos problemas de
homossexualidade que se trata de consequência glandular. Que dizeis?
RAMATÍS:
— São palpites e confundem o "efeito" com a "causa",
porquanto, as alterações endócrinas, apenas, ativam ou reduzem o metabolismo
glandular, resultante da tensão psíquica intensa ou reduzida sobre as
estruturas cerebrais, entre elas o hipotálamo e o eixo hipotalâmico, com a ação
reflexiva sobre a hipófise, a qual ativa as demais glândulas endócrinas.
PERGUNTA:
— Poderíeis explicar-nos, de modo mais compreensível para nós, as
particularidades desse assunto?
RAMATÍS:
— O espírito que, por exemplo, numa dezena de encarnações nasceu sempre mulher,
a fim de desenvolver sentimentos numa sequência de vidas passivas
na atividade doméstica, mas, por força evolutiva, precisa
desenvolver o intelecto, a razão, atitudes de liderança e criatividade mental
enverga um organismo masculino e, conseqüentemente, os caracteres sexuais de homem;
entretanto, ele revive do perispírito suas reminiscências de natureza feminina.
Depois de várias encarnações femininas e, subitamente, renascendo para uma
existência masculina, raramente, predominam, no primeiro ensaio biológico, os
valores masculinos recém-despertos, porque sente, fortemente, as lembranças
psíquicas ou o condicionamento orgânico feminino. Em conseqüência, renasce e se
desenvolve, no ambiente físico terreno, uma entidade com todas as
características sexuais masculinas e, contudo, apresentando um comportamento
predominantemente feminino. Assim, eclode a luta psicofísica na intimidade do
ser, em que os antecedentes femininos conflitam com as características
masculinas, ocasionando conflito dos valores afetivos, que oscilam,
indeterminadamente, entre a atração feminina ou masculina. É o homossexual indefinido
quanto à sua afeição, pelas exigências conservadoras e tradicionais da sua comunidade,
para a qual ele é um "homem" anátomo-fisiologicamente, mas, no âmago
da alma, tem sentimentos e emoções de mulher, recém-ingressa no casulo orgânico
masculino. Apresentando todas as características da biologia humana do tipo
masculino é, no campo de sua afeição e emotividade, uma criatura afeminada,
malgrado os exames bioquímicos feitos serem característicos do sexo masculino.
PERGUNTA:
— Poderíamos supor que tal fenômeno pode acontecer, também, num sentido
inverso, quando o espírito demasiadamente masculinizado em vidas anteriores,
traz essas características ao renascer mulher?
RAMATÍS:
— No caso, ocorre o mesmo processo ventilado. O Espírito que viveu
uma dezena de existências masculinas, situado em atividades extra lar,
desenvolvendo, mais propriamente, os princípios ativos, o intelecto, a razão e
a iniciativa criadora, mais comandando e menos obedecendo, mais impondo e menos
acatando, desenvolve uma individualidade algo prepotente e, às vezes, tirânica.
Obviamente, ele precisa modificar o seu psiquismo agressivo ou violento pelas
constantes atividades de lutador, guerreiro, onde a razão não permite qualquer
prurido sentimental e, reconhecendo a necessidade de desenvolver o sentimento,
é aconselhado a envergar um organismo carnal feminino, em algumas reencarnações
reeducadoras. Nesse caso, é muito difícil expressar, de início, as
características delicadas, temas e gentis da mulher.
A tensão perispiritual
despótica, impulsiva e demasiadamente racional atua fortemente no novo corpo
projetado para o sexo feminino e, por repercussão extracorpórea, ativa em
demasia o cérebro, predispondo à ação da masculinidade sobre as características
delicadas feminis. Daí, a conceituação da "mulhermacho", com a voz,
gestos e decisões que lembram mais o homem. Não
se pode comprovar serem essas características provenientes de alguma alteração
genética; realmente, imprimem na criatura a característica psicológica do sexo,
a qual se sobrepõe à fisiologia e singeleza dos órgãos reprodutores. Sexo
masculino é atividade mental, sexo feminino é atividade sentimental, enquanto,
a diferença orgânica entre o homem e a mulher é apenas resultante das
irradiações eletromagnéticas do perispírito na vida física. Em verdade, importa
fundamentalmente ao espírito imortal desenvolver a razão para melhor
compreender e agir no mundo e, simultaneamente, o sentimento para sentir o
ambiente e, aí, efetuar realizações criadoras. Daí, o motivo por que a angelologia
faz da figura do anjo um ser duplamente alado, cuja asa direita simboliza a razão
e a esquerda o sentimento, comprovando a necessidade de o espírito humano só se
liberar para o trânsito definitivo ao universo divino, em sua ascese
espiritual, depois da completa evolução da razão e do sentimento. É
do conhecimento espiritual que, no desenvolvimento da individualidade do
espírito eterno, a passagem da experiência feminina para a masculina ou
vice-versa, no renascimento num corpo físico com certa marca sexual, de início
predominam sempre os traços da feminilidade ou da masculinidade anterior,
malgrado as diferenças da figura sexual do corpo.
No
incessante intercâmbio do espírito, manifestando-se ora pela organização carnal
feminina, ora pela masculina, ele desperta valores novos comuns a determinada
experiência humana como homem, ou como mulher. Ademais, nesse renascimento
através do binômio homem-mulher, além do desenvolvimento do intelecto ou da
razão, conforme o estágio masculino ou feminino, 'corrige e salda os débitos
dos abusos pecaminosos desta ou daquela condição, feminina ou masculina.
Insistimos
em dizer-vos: o homem que abusa de suas faculdades sexuais no excesso da lascívia
e somente para a satisfação erótica, culminando por arruinar a vivência de
outras pessoas, chegando a ocasionar desuniões conjugais, provocar a discórdia,
a aflição e o desespero e desonras em lares diversos, ou lançando na vida a
infeliz moça com o filho no desamparo de mãe-solteira, ou que descamba por
desespero e fraqueza na prostituição, há de corrigir-se
do seu desregramento pelo renascimento físico num corpo feminino e, sob a
coação doméstica do esposo tirânico, resgatar e indenizar todos os males
produzidos ao próximo. Igualmente, a mulher que não cultiva os valores sadios
da função digna e amorosa de esposa, poderia sofrer nova encarnação feminina
dolorosa, ou terá de se reajustar, na condição física, num corpo masculino,
capaz de lhe proporcionar todas as ilusões, descasos e fuga dos deveres
conjugais com uma companheira tão fútil, pérfida e irresponsável quanto também
foi no passado, saturando assim o desejo, em vez de sublimá lo.
Ambas
as posições, feminina e masculina, no mundo físico, proporcionam ensejos
válidos e simultaneamente corretivos para garantir ao espírito aflito pela
redenção, alcançar, o mais breve possível, a frequência angélica, independente
de sexo e estágios carcerários na carne.
DO LIVRO: “SOB A LUZ DO ESPIRITISMO” RAMATÍS/HERCÍLIO
MAES – EDITORA DO CONHECIMENTO
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