Longe de
pretendermos ser os donos da verdade, gostaríamos de discorrer com a
simplicidade de sempre sobre a falta de confiança que depositamos uns nos
outros.
Nosso ponto
de partida para a compreensão do mundo somos nós mesmos, não temos outra
referência a não ser as comparações que fazemos partindo de nós mesmos. Isto é,
julgamos os outros como julgamos a nós mesmos e fazemos isso na maioria das
vezes, de forma inconsciente.
Tudo o que
temos são nossas impressões sobre as experiências vividas no passado (vidas
anteriores) e no presente (encarnação atual), as sensações ruins e boas diante
de coisas, pessoas e de lugares, são na verdade, uma memória “armazenada”
em nossa alma que de acordo com as novas experiências no campo da vida vamos
reagindo inconscientemente de forma positiva ou negativa e na maioria das
vezes, sem explicação, isto é, gostamos ou não gostamos.
Isso na
minha modesta opinião significa que medimos as pessoas com a mesma medida que
nos medimos, entretanto, muitos de nós já consegue heroicamente ter mais de uma
visão de mundo (esforço evolutivo) através do autoconhecimento, alcançando a
capacidade de olhar para o outro e julgá-lo apenas sob a observação de seus
atos e ações, sem fazer uma comparação baseada nas nossas próprias ações,
buscando em nossos arquivos milenares de memória, algo que nos seja familiar e
negativo ou não.
Exemplificarei:
Antes é
necessário salientar que o fenômeno se dá de forma inconsciente, pois não
percebemos que estamos comparando ou julgando atos, manias e até as capacidades
alheias de acordo com as nossas próprias.
Há pessoas
que foram criadas num regime de medo e de inseguranças que herdaram de seus
pais ou responsáveis durante sua infância, ideias preconcebidas de um mundo só
ruim e violento, onde nada de bom prospera e que os homens são somente maus e
incorrigíveis. Imaginemos o sentimento dessas milhares de criaturas que crescem
nesse regime pesado de medo, nutrindo-se negativa e constantemente durante sua
vida, de ideias inferiozadas, em que a criatura humana não se regenera. Vivem
numa atmosfera de pessimismo, crescem inseguras e veem o mundo da mesma forma,
observando mais os defeitos e erros das pessoas à sua volta, dando mais ênfase
às falhas do que às boas virtudes.
Atentemos
para o fato de que essas milhares de consciências não percebem que são
excessivamente pessimistas porque esse fato se dá na mente inconsciente (na
maioria dos casos), elas apenas sentem e vivem da forma como foram criadas, mas
também se sabe que muitas, milhares em todo mundo rompem com essas barreiras
não naturais e não saudáveis, mas muito comuns para libertarem-se da
prisão do medo entre outros sentimentos sufocantes e patológicos. Vão em busca
das respostas, vão em busca dos psicólogos, das terapias, dos tratamentos
diversos que existem para liberarem-se das prisões mentais, medos, traumas,
sentimentos e pensamentos muito enraizados na negatividade.
Para exemplificar
como atitudes simples e consideradas “inofensivas” como, por exemplo, o próprio
“boi da cara preta”, música de ninar que as mães, avós, tias, irmãs mais
velhas, amas de leite, madrinhas e babás cantavam para seus protegidos,
enquanto os envolviam em seus braços, já nos demonstra como o medo era e ainda
é a forma primitiva e mais fácil de controlar o outro.
“Boi, boi,
boi...
Boi da cara
preta,
Pegue esse
menino que tem medo de careta...”
Muitos pais
quando não têm condições de se liberar automaticamente da educação negativa,
oriunda de uma cultura repressora ou mesmo não têm meios para tratar-se com
profissionais qualificados na área da psicologia, por exemplo, vivem
atormentados por manias e medos herdados que inconscientemente também passam
para as futuras gerações e automaticamente causa-lhes sérios transtornos.
Gente que
não confia em gente tem sérias dificuldades para se expressar, para conviver em
sociedade e para respeitar o espaço do outro.
Em nossa
cultura as mulheres criam seus filhos na maioria das vezes sozinhas ou passando
a maior parte do tempo com elas. Muitas mães educam aos seus pequeninos a
verem a vida e as pessoas com certo receio e desconfiança. Isso, de
certa forma, é preciso. Devemos sim zelar pela segurança dos menores, entretanto,
há um excesso que ao invés de ensinar com sabedoria, desprepara e prejudica.
Algumas mães
intimamente não confiam em suas capacidades e habilidades, pois foram criadas
num regime castrador, onde muitas ou milhares delas, cada uma em sua cultura e
país de origem, ouvia constantemente que “não serviam para quase nada porque
não eram capazes e não eram como os homens!” Essa forma negativa e errada
de ver a mulher na sociedade, gerou e ainda gera bloqueios e enormes
dificuldades na comunicação e na interatividade com o mundo.
Imaginemos
essas mulheres acreditando que realmente são incapazes e inseguras criando seus
filhos, netos, sobrinhos, afilhados, irmãos mais novos e ensinando-os o lado
pessimista e perigoso da vida projetando neles toda a sua incapacidade. Estas
pessoas com essa visão de mundo e profundamente incapazes de confiar em suas
capacidades, veem suas crias tão indefesas e incapazes de enfrentar o mundo de
hoje. Muitas as olham e pensam estas serem “predestinadas” a só sofrer, a
só se machucar, a só falhar e a só serem incapazes! E assim em muitos
casos (não todos) as novas gerações continuarão herdando a visão de mundo pela
lente negativa, isto é só vendo o lado ruim e “incorrigível” das pessoas,
crendo que o mundo em que vivem nunca será melhor. Muitos desses pequeninos
crescerão excessivamente pessimistas, medrosos, tímidos e inseguros.
Outros tantos por não serem incentivados a correr riscos, permanecerão
estacionados entre o prazer da comodidade e do excesso de proteção paternal ou
maternal (viver embaixo da asa dos pais) e entre o medo de arriscar-se na
“selva de pedra” para ganhar experiências aprendendo e evoluindo a partir dos
próprios erros (auto correção e vontade de melhorar).
No tema
“Gente que não confia em gente” ainda teremos os que protegem os filhos e
filhas das batalhas difíceis do mundo, por acreditarem intimamente que eles não
serão capazes de superar dificuldades e traumas. Os superprotegem e tentam a
todo custo evitar que os mesmos resolvam seus próprios problemas, alegando que
são apenas crianças. Mal sabem que os estão prejudicando em nome do amor
excessivo.
É importante
entendermos que Deus, em sua Infinita bondade e Amor, emprestou àquele pai ou
mãe carnal outro espírito (como filho carnal) para que o auxiliasse e protegesse
de forma equilibrada dentro do que é realmente necessário à sua
integridade física e sistema emocional, para prepara-lo para a vida adulta,
isto é, para que consiga de forma saudável enfrentar os embates tão naturais e
próprios do mundo em que vivemos.
Vejamos bem,
caros amigos e leitores, se superprotegermos nossos filhos privando-os dos
primeiros bruxuleios de vida consciencial e dos sofrimentos e decepções tão
naturais e necessárias, estaremos cometendo graves erros que no futuro baterão
à nossa porta. É no mínimo adequado que esse mesmo espírito que por
hora está como criança, assimile aos poucos e de acordo com sua capacidade
ainda infantil de ver e sentir o mundo, que há dificuldades e que estas obrigam
a cada ser em cada época a saber defender-se e a superar-se. Mas isso, caros
amigos, só se aprende vivendo e os pais precisam corrigir, educar e preparar
sua prole para a real vida terrena que exige de cada um de nós, uma dose boa de
auto estima, de coragem, de vontade e curiosidade de viver (incentivo dos pais)
, sabendo que poderão sim sofrer, na infância, na juventude ou na velhice, ou
seja, em qualquer época de nossas vidas estaremos diante dos testes. É preciso
coragem para enfrenta-los e mais coragem ainda para superar. Isso é viver e ninguém
deve nos tirar esse direito.
É de suma
importância que os pequeninos aprendam a confiar. E gente que não confia em
gente tende a fracassar na vida, tende a arriscar pouco e sofre muito mais do
que aqueles que mesmo sabendo o quão é difícil a convivência em grupos, sejam
estes familiares ou os que escolhemos para fazermos parte durante nossa vida
terrena (tribos), sofrem. Como membros participantes de uma sociedade regida
por sua cultura e religião, com todas as diferenças positivas ou negativas é
preciso experienciar.
Gente que
não confia em gente é assim porque não confia em si mesmo e não sabe
intimamente disso. É preciso libertarmo-nos das teias ilusórias de um “mundo
equivocado e medíocre” que quer que todos os outros também sejam assim.
Existe gente
fantástica, maravilhosa, capacitada, genial, amorosa, inteligente, brilhante,
caridosa e com belezas interiores inacreditáveis. Há gente em quem podemos
confiar e amar. Encontraremos pelo mundo seres de rara beleza interior, todavia
é importante compreendermos que todos somos falhos em algo e perdoar é um
exercício enobrecedor.
Devemos
compreender nossos pais, avós, bisavós com amor e carinho, compreendendo-os
dentro de um contexto de que foram criados em épocas em que havia total ou
parcial repressão (de acordo com cada época).
Nossos pais
só querem o nosso bem na grande maioria das vezes. Eles tendem a nos proteger
da vida e com isso nos privam de certa forma, dos embates naturais porque não
foram bem sucedidos outrora, desejando que não passemos pela mesma situação,
evitam ao máximo expor-nos ou pelo menos tentam de todas as formas, mostrar-nos
um caminho alternativo que muitas vezes não é o caminho que gostaríamos de
trilhar. Eles se esquecem de que somos indivíduos, que somos únicos no Universo
e que necessitamos voar. Por amor e por medo de que nos machuquemos com a vida
tentam nos sabotar mostrando o lado bom da vida por sua própria lente, o que
nem sempre é para nós o melhor, porém, é preciso olhar para cada um deles com a
acolhida amorosa que perdoa tudo em nome do amor paternal e maternal, mas
buscando a nossa libertação e o nosso próprio caminho.
Mas é
importantíssimo que nos liberemos da desconfiança exagerada e do
pessimismo que adoece a mente, muitas vezes herança de nossos pais, pois a vida
realmente é um oceano de acontecimentos ora bons, ora ruins, mas o que para
muitos de nós é considerado ruim ou péssimo, para Deus e para os Espíritos já
libertos da roda das encarnações, é apenas aprendizado e a colheita que fazemos
de acordo com o que no passado plantamos. Tudo é aprendizado e Mundos melhores
nos aguardam, Escolas de nível superior nos esperam em outros planos da
vida, em outras dimensões para nos ensinar mais sobre o Universo e sobre Deus.
Assim que estagiarmos neste planeta inferior, Escola de espíritos rudes e
refratários (que passa pela transição planetária de planeta de dores e
expiações para planeta de regeneração), isto é, assim que completarmos o ciclo
evolutivo conforme este fora programado pelos Arquitetos Siderais em nome de
Deus, iremos estagiar em planetas mais evoluídos e tomar ciência de um mundo
melhor, repleto de seres educados e equilibrados, merecedores da verdadeira
felicidade pelo próprio esforço.
Por hora,
devemos aprender a ser gente que confia em gente e ensinarmos aos nossos
mais próximos o mesmo.
Reflitamos.
Letícia E.
Gonçalves
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