Salvação nos leva a lembrar bem-aventurança, estado reservado aos
Espíritos altamente iluminados, que já estão livres do carma, que já estão
limpos de todos os sentimentos inferiores que os prendem nos planos grosseiros
da carne.
Há muitos religiosos que condicionaram essa palavra Salvação como
se fosse um passe de mágica, como força preponderante para a felicidade
pessoal. Esquecem-se de que, para se salvarem, dependem de variadas atitudes e
um esticado aprimoramento espiritual, conferido pelo tempo, além de ingentes
esforços em todos os rumos da iluminação.
É de se notar que todo trabalho que fizermos para a nossa melhoria
moral é muito útil. No entanto, essa realização não se faz de um dia para
outro; demanda prolongados exercícios na área interna, e quase sempre não
acreditamos na sua eficácia. Iludimo-nos mais com o campo exterior, cheio de
ilusões e de nuances convidativas para a vaidade e o orgulho.
Ninguém se salva por ser tocado pelo arrependimento, pois ele é
apenas uma das portas que se abrem na limpeza gradativa das nossas sujeiras
morais. Enganar a nós mesmos é disfarçar exteriormente. Porém, por dentro,
continuamos o mesmo Espírito dotado das mesmas intenções que antes
alimentávamos. A iniciação por dentro é a mais difícil operação da criatura; a
externa sacode e torna visível todas as nossas inferioridades, qual o cair das
moedas dos ricos no gazofilácio1.
1 Gazofilácio: local, em um templo, em que eram recolhidos e conservados os vasos
e as oferendas – N. D.
Queremos mostrar, a todo o custo, a todas as pessoas, quando
iniciamos, por fora. E quando começamos a cirurgia moral em nós mesmos,
fazemo-lo em silêncio, acumulando forças para o grande trabalho de fecundação.
A salvação, no termo em que devemos compreendê-la, é a conquista da alma, e não
doação de onde quer que venha. É bênção de Deus nas
linhas do tempo, é maturidade do Espírito.
Também nós, que te falamos através do contributo mediúnico de um
sensitivo, temos inúmeras arestas a serem aparadas. Sentindo isso em nosso
coração, queremos ser um cirurgião de nós mesmos e realizar muitas operações
morais em nossa própria conduta.
Precisamos uns dos outros, encarnados e desencarnados, porque
somos todos irmãos e filhos de Deus. É bom que não penses que o desencarne é
sinônimo de salvação.
A alma é na erraticidade o que foi na Terra, e vice-versa. Os
santos e sábios, quando se apresentam como tais, trabalharam milhares de anos a
fio no aprimoramento próprio.
A nossa intenção é, com toda a sinceridade d'alma, convidar os
homens para uma grande fusão de valores em torno de Nosso Senhor Jesus Cristo e
d'Ele beber a água pura do Amor e passar a compreender como é bom aprender a
amar, porque fora do Amor não há salvação para a Humanidade.
E esse Amor tem um preço: o preço da autoeducação, que devemos
iniciar.
Vamos começar hoje? Agora?
LANCELLIN – DO LIVRO “CIRURGIA MORAL”
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