Existem pessoas que quando ouvem falar em preto
velho e caboclo torcem o nariz, ouvir falar de exu então…
A primeira vista o que percebemos é o preconceito
que em muitos casos é o que vigora forte nas mentes dos incautos, está
relacionado a falta de informação e ao pouco respeito que muitos têm pelos
negros, índios e mestiços. Como se só os espíritos que se apresentam em trajes
elegantes, com a cútis clara, os olhos azuis e os cabelos lisos, tivessem o
direito de falar aos encarnados. Mas não podemos generalizar, pois nós mesmos
um dia estivemos do lado dos que torciam o nariz para os irmãos do Alto e tudo
começou na nossa infância...
Fui criada dentro de uma família kardecista, eram
vegetarianos, daqueles que não comiam nem peixe, vivi este tempo com minha avó
paterna e depois fui morar em definitivo com minha mãe. Já afastada da família
paterna, passei a ter contato a partir da minha adolescência com pequenos
centros de “umbanda”, recebia as cachimbadas dos pais velhos e seus conselhos e
adorava tudo aquilo, mas quando fiquei mocinha passei a ver médiuns que
“incorporavam” “exus”, babavam, caiam pelo chão e xingavam a mãe de quase todo
mundo!
Infelizmente até então nunca havia adentrado num
local onde se praticasse a umbanda com a verdade, com respeito e com amor. Matavam
os animais, bebiam seu sangue… Ouvia falar coisas terríveis a respeito do
espiritismo e acreditava em tudo, pois não tinha ainda orientação adequada.
Cresci e me tornei mulher, porém continuei a
entender a “umbanda” como um local onde se matavam os bichos e fazia-se o mal
para o outro mediante pagamento em dinheiro, ouvia pessoas dizerem que
“incorporavam” orixás, vi infelizmente tudo
o que não é Umbanda! Horrorizada e totalmente desmotivada, fui “pulando” de
lugar em lugar, de “nação em nação”, conhecendo o lado podre do espiritismo, e
tendo com isto, uma visão distorcida das entidades espirituais (caridosas). Até
a literatura que me indicavam era de baixa qualidade, cujos médiuns estavam a
serviço dos obsessores que assinavam e ainda assinam nomes interessantes fazendo-se
passar por este ou aquele exu de lei, o
que não é verdade. Como disse Ramatís, “vilipendiando
os verdadeiros exus”!
Extremamente mal informada fui seguindo e
acreditando que nossos irmãos eram mesmo espíritos atrasados e ainda
desequilibrados, decidida a retomar somente com o kardecismo, extremamente
confusa, vez ou outra me via a cantarolar um ponto de exu ou de preto velho,
saudosa e já desconfiada dos médiuns, ou seja, depois da turbulência pela qual
passei nas casas por onde andei como consulente e até mesmo como médium, depois
de alguns anos comecei a estudar muito e finalmente percebi que o erro, se é
que posso me referir assim, estava com o medianeiro e não com o guia… Só depois
de me afastar e de não desejar jamais manter contato novamente com qualquer
guia espiritual, os livros de Ramatís carinhosamente foram me chegando as mãos,
cada um mais interessante do que o outro, mais elucidativo, meu Deus! Estava
diante de um presente dos céus.
Os livros que o amado Hercílio Maes psicografou me apontaram
norte sobre os fenômenos mediúnicos, sobre as questões que sempre me
incomodavam, entretanto percebi que os livros que Norberto Peixoto psicografou,
me ensinaram mais e melhor sobre a Umbanda. Mostrando-me a umbanda de amor, da
verdade, da caridade e com Jesus. Daí para frente passei a ter contato com
livros de outros médiuns, cujos autores espirituais me ensinaram muito mais e
de forma a me clarear as ideias (estudos sobre a umbanda, diversos autores
sérios), induzindo-me a um caminho sem armadilhas.
O preconceito é oriundo da falta de informação, do
pouco conhecimento e é também um estigma negativo, pois a falsa idéia que não
exigiu verificação, estudo ou observação para depois ser pesada na balança, é o
resultado do nosso equívoco humano.
Tem muita gente que se sente constrangida em assumir que veio de um segmento religioso
equivocado e inadequado, onde fora mal orientado, mas eu não!
Tanto ontem como hoje, os equivocados dirigentes ou
“pais de santo” que se dizem “umbandistas”, médiuns incautos que nunca quiseram
praticar a caridade e o amor ao próximo como se deve e que contribuíram
negativamente para que uma boa parte de pessoas pouco informadas e pouco
orientadas como eu fui no passado, passassem a ter medo dos espíritos e a
vê-los como os vilões. Distorceram e ainda distorcem a verdade sobre o espírito,
por exemplo, que serve como exu, referimo-nos a Exu como as entidades
incorporantes. Atribuem-lhe, infelizmente a imagem de um ser decadente e
pervertido, falastrão e mulherengo, carnívoro, extremamente mau e vingativo,
assim como estes mesmos incautos, falsos
umbandistas, deturparam a imagem de outros guias com sua visão equivocada e
pouco adestrada no amor e no conhecimento que equilibra.
Estes pobres coitados são responsáveis pela matança
indiscriminada de animais (sacrifícios) pelo desrespeito à natureza e ao
semelhante. Disseminam a idéia da vingança através dos feitiços malignos, o mal
uso da mediunidade, propagam a ideia de que o “trabalho” ou despacho arriado
erroneamente em encruzilhada urbana, se é que nos fazemos compreender, pode
encobrir os erros cometidos pelas pessoas (pagamento aos quiumbas para o
livramento dos males, etc.). Como se não tivéssemos que nos mudar internamente
para deixarmos de ser inferiores!
Estes irmãos são os responsáveis por muitos
equívocos de cunho religioso e ainda hoje em tempos onde a informação chega
primeiro, insistem em não ver seus erros e com isso não mudam os velhos hábitos
e atitudes atávicas.
Os amigos podem pensar que tem gente que não se
depara com pessoas assim, que é fácil se desviar deste caminho, que é só buscar
o lugar certo e pronto. Ora! Poucos são os que conseguem nascer dentro de um
grupo (comunidade) que instrui com responsabilidade, pouquíssimos são os que
têm a oportunidade de não adentrar a um recinto que se diz “umbandista”
deparando-se com uma imagem (de gesso) de um ser com patas de bode, vermelho e
com chifres, segurando um tridente enorme, agarrado a uma mulher seminua,
conspurcando assim a verdadeira imagem de Exu.
Nem todas as criaturas têm a sorte de encontrar
seja na literatura ou em casas ditas “umbandistas” uma religião séria embasada
na caridade desinteressada, ou seja, aquela que não sacrifica, que não pede
pagamento, que não profana, que não agride consciências, que não exige, que não
ofende, etc.
Sabemos que há dentro da umbanda irmãos ainda
desequilibrados que pouco a pouco, vão harmonizando-se, como nós no passado.
Até outro dia, falava-se pouco sobre umbanda, sobre
os orixás, dos seus trabalhadores, sobre os “elementos de rito” como diz sempre
o médium Norberto Peixoto (atual médium de Ramatís) e para que servem, ou seja,
de uma década para cá, as informações estão sendo mais divulgadas e os bons
dirigentes estão mais empenhados em combater a desinformação e os maus adeptos
no sentido de instruir e fazer quem sabe, desaparecer das mentes ignorantes, o
preconceito e a falta de conhecimento.
Quantos são os que ainda frequentam as casas
espiritualistas em segredo por vergonha de assumir-se espírita ou umbandista?
Mais uma vez deixamos bem claro nosso profundo
respeito por todos que destoam de nós em opinião e que cultuam outra religião,
não houve pretensão neste texto em julgar ou criticar, mas sim de alertar para
a necessidade de acordarmos e de buscarmos orientação em locais sérios, de nos
apressarmos em sermos mais esclarecidos e menos preconceituosos, a fim de
evoluirmos passando com isso a refazer o mesmo caminho sem cairmos nas mesmas
armadilhas.
É importante que não condenemos nossos semelhantes,
o certo é seguir em frente mais humildes e desejosos de bons esclarecimentos,
despojados do orgulho virulento.
Quantas pessoas hoje em dia descobrem que nunca
cultuaram verdadeiramente os Orixás?
Matar animais em sacrifício, exigir pagamento pela
“caridade”, rolar pelo chão, pedir sangue, gritar, babar e falar obscenidades
enquanto “incorporado”, mentir, usurpar… Definitivamente, ISTO NÃO É UMBANDA!
Desejamos paz a todos!
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