sábado, 21 de dezembro de 2013

AFINAL, ONDE NASCEU JESUS?




O nascimento de Jesus aconteceu sem quaisquer anomalias ou milagres de natureza ostensiva, tudo ocorrendo num ambiente de pobreza franciscana, assim como era o lar de Sara, velha tia de Maria, para o qual José levara a esposa a fim de ser assistida e protegida na hora da délivrance. Conforme já dissemos, Maria era uma jovem delicada, envolta por estranhas ansiedades e exaurindo-se facilmente durante o período gestativo; e isto requeria cuidados e atenções por parte do seu esposo.
A casa onde se haviam hospedado era paupérrima e dividida em dois aposentos; num deles amontoavam-se os móveis e os objetos de uso da família; no outro, além de servir de depósito, misturavam-se cabras, aves e carneiros.
Das vigas pendiam ganchos com cereais, arreios, peles de animais e o peixe secava à altura do forro, onde a luz do sol penetrava por um retângulo. Sara e Elcana, tios de Maria, durante a noite estendiam um cobertor sobre a esteira e ali dormiam tranqüilamente, sob o clima saudável e seco, pois nada lhes pesava na consciência de criaturas simples e honestas.
No momento da délivrance, Maria teve que ser acomodada às pressas, num recanto do aposento, sobre o leito improvisado com a esteira, cobertores e peles de cabra; e deste acontecimento a fantasia humana pintou a cena da mangedoura. Em verdade, Jesus nasceu num ambiente de pobreza e próximo dos animais que pertenciam aos seus parentes de Belém, cujo lar cederam prontamente para o seu nascimento, indo dormir as primeiras noites na casa vizinha. Porém, jamais José e Maria dirigiram-se a Jerusalém, para atender ao hipotético recenseamento, que não ocorreu naquela época, mas transladavam-se, deliberadamente, para Belém, em busca de auxílio para o acontecimento tão delicado.
O acontecimento, em verdade, foi de suma importância e bastante jubiloso para os familiares de
Maria, quando verificaram que o seu primeiro filho era um querubim descido dos céus. Nisso, realmente, o fato fora excepcional, pois em Belém ou Nazaré ninguém se lembrava de ter nascido criança tão formosa, cuja fisionomia se mostrava envolta por estranhos fulgores. Sob o espanto de todos, o menino Jesus não apresentava as rugas características dos recém-nascidos, mas as faces rosadas, o semblante sereno e a quietude dos lábios traçados a buril, compunham a plástica de encantadora boneca viva, na qual, às vezes, transparecia um ar de gravidade ou divino poder!

Ramatís – “O Sublime Peregrino”



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