O
homem, já o vimos, é um ser complexo. Nele se combinam três elementos para
formar uma unidade viva, a saber:
•O
corpo, envoltório material temporário, que abandonamos na morte como vestuário
usado;
•O
perispírito, invólucro fluídico permanente, invisível aos nossos sentidos naturais,
que acompanha a alma em sua evolução infinita e com ela se melhora e purifica;
•A
alma, princípio inteligente, centro da força, foco da consciência e da personalidade.
Esses
três elementos – matéria, fluido e inteligência –, estreitamente ligados em nós
para constituírem a vida, encontram-se na base da ordem universal, da qual são
as substâncias fundamentais, os termos componentes. Fazem do homem uma
miniatura do Universo, um microcosmo submetido às mesmas leis e encerrando as
mesmas potências que este. Pode-se crer que o conhecimento perfeito do nosso
ser conduzir-nos-ia, por analogia, à compreensão das leis superiores do
Universo; mas o conhecimento absoluto do homem escapa ainda aos mais
adiantados.
A
alma, desprendida do corpo material e revestida do seu invólucro sutil, constitui
o Espírito, ser fluídico, de forma humana, liberto das necessidades terrestres,
invisível e impalpável em seu estado normal. O Espírito não é mais que um homem
desencarnado. Todos tornaremos a ser Espíritos. A morte restitui-nos à vida do
espaço; o nascimento faz-nos voltar ao mundo material, para recomeçar o combate
da existência, a luta necessária ao nosso adiantamento. O corpo pode ser
comparado à armadura com que o guerreiro se reveste antes da batalha e que abandona
quando esta acaba.
Estabelecida,
experimentalmente, a imortalidade pelas manifestações espíritas, resta
determinar em que condições o Espírito prossegue a sua vida depois da morte,
que situação lhe caberá no espaço. É o que exporemos nesta parte de nossa obra,
inspirando-nos em trabalhos anteriores e em inumeráveis comunicações de
Espíritos que, em todos os pontos do globo, nos têm iniciado nas alegrias e nas
penas da existência de além-túmulo.
Esse
demonstrativo não será, pois, o resultado de uma teoria da imaginação, a conseqüência
de hipóteses mais ou menos plausíveis, porém, sim, o fruto das instruções dadas
pelos Espíritos. Graças a eles, a vida futura, até então cheia de obscuridade e
de incerteza para o homem, se esclarece e desenvolve como um quadro imenso.
Torna-se, portanto, uma realidade: todos podemos ver, pelo exemplo dos que nos
precederam, as situações respectivas que nos reservam nossas fraquezas ou
nossos méritos. O alcance dessa revelação é considerável, porque imprime a
nossos atos um impulso novo. Nas situações diversas que competem aos Espíritos,
segundo o seu valor, vemos a aplicação da lei de justiça.
Esta
não mais é contestável. Por molas secretas, por uma disposição simples e sublime
das coisas, ela regula tudo no Universo; esta certeza, satisfazendo-nos a razão,
torna mais suportáveis os males da vida e fortifica-nos a fé no futuro.
Léon Denis – “Depois
da Morte”
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