Pergunta:
Se é assim, estamos propensos a crer
que, neste caso de ajuste reencarnatório, haja certo protecionismo da Divindade.
Parece-nos que, enquanto nas existências posteriores se registram padecimentos
atrozes para alguns suicidas, outros gozam de alguns favores como o dessa
"piedosa" redução de consciência feita aos suicidas saturados
intelectual ou filosoficamente. Que nos dizeis?
Ramatís: A Lei do Carma sempre age de modo justo e, durante a sua
aplicação, aproveita os valores morais já consagrados na contextura da
consciência dos espíritos faltosos, para aplicá-los em favor do bem coletivo.
Essa Lei pesa desde a mais sutil atenuante e ação benéfica, durante as provas
espirituais retificadoras, pois a sua ação é educativa e não punitiva, embora
ajuste a causa de um delito a um efeito corretivo sob igual intensidade. Já vos
temos lembrado de que a Lei Cármica não tem por função vingar qualquer agravo cometido
contra a Divindade, pois não existem agravos que atinjam a Deus ou às
autoridades espirituais superiores, pois que os atingidos são exatamente os
seus próprios autores, sem a necessidade de um tribunal sideral para avaliar
culpas e exarar sentenças punitivas. O processo sideral ajusta os resultados
bons ou maus, produzidos pelas causas acionadas pelos seus próprios agentes
para, em seguida, auxiliá-los a empreenderem as providências necessárias e
indicadoras dos caminhos certos para a sua ventura espiritual.
Se
o homem confiasse decididamente na Lei superior, aceitando todos os princípios
e convites da vida angélica, assim como o carbono submisso aceita o buril do
ourives para se tornar o brilhante formoso; desapareceria toda resistência cármica
humana e agiria apenas o sentido espiritual condutor para a felicidade eterna.
Embora a criatura não se submeta espontaneamente aos ditames certos da evolução
espiritual, a Lei pesa sobre as atenuantes e agravantes ao organizar as
reencarnações retificadoras dos faltosos. No caso de um suicídio - quando,
apesar de haver destruído a sua vida num momento de insânia mental ou de excessivo
intelectualismo, o tresloucado haja sido criatura benfeitora ou deixe motivos
ou realizações úteis à coletividade - malgrado o espírito não se livre dos
padecimentos específicos ao seu caso, após à desencarnação violenta, gozará de
atenuantes na existência futura, graças ao serviço útil superior.
É
justo que o escritor, o filósofo, o cientista ou o artista, que hajam sido bons
e sinceros em suas obras, devam ser tratados sob melhor condição, apesar de se
haverem suicidado pela incapacidade de assimilar os verdadeiros motivos
espirituais da existência humana. Cabe-lhes pessoalmente a culpa de terem destruído
a sua maquinaria carnal de experimentação humana, mas também merecem a atenuante
reeducativa da "piedosa" redução consciencial, se anteriormente
visavam elevar o padrão moral do mundo, apesar de sua imaturidade espiritual
tê-los cegado sobre a vida imortal. No entanto, seria flagrante a injustiça, se
a Lei também aplicasse o mesmo tratamento àqueles que não trepidam em se suicidar,
abandonando covardemente a sua família e a responsabilidade da vida humana, apenas
porque já se encontram fartos de todas as sensações inferiores e se rebelam
contra os reveses da experimentação espiritual. A reencarnação corretiva e a
reeducação psíquica atenuada Poderão modificar o ex-suicida, transformando-o
mais rapidamente num tipo de alma benfeitora e laboriosa e que, após despertar
a sua sensibilidade espiritual, ainda será mais útil à humanidade, porque se
trata de criatura também aprimorada pela razão. Mas ao 'suicida rebelde,
frustrado pelo prazer, ou vingativo, só a dor incessante será capaz de romper os
grilhões do seu instinto inferior e das paixões insaciáveis, que prendem a alma
às existências de caprichos e desejos pessoais, à maneira do caramujo na sua
concha egocêntrica.
A
Sobrevivência do Espírito – Ramatís e Atanagildo/Hercílio Maes - Editora do
Conhecimento.
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