Reunião pública de 4/1/60
Questão nº 1
Num
século inteiro de atividades, temos visto a Ciência procurando
apaixonadamente as realidades do Espirito.
Provas
indiscutíveis não lhe foram regateadas.
E
tantas foram elas que Richet conseguiu articular, com êxito, as bases clássicas
da Metapsíquica, usando recursos tão demonstrativos e convincentes quanto
aqueles empregados na exposição de qualquer problema de patologia ou botânica.
Sábios
distintos, entre os quais Wallace e Zollner, Crookes e Lombroso, Myers e Lodge,
mobilizando médiuns notáveis, efetuaram experiências de valor inconteste.
Entretanto,
se nos vinte lustros passados a mediunidade serviu para atender aos místeres
brilhantes da observação científica, projetando inquirições do homem para a
Esfera Espiritual,
e justo satisfaça agora as necessidades morais da Terra, carreando avisos da
Esfera Espiritual para o homem.
Se
o primeiro século de Doutrina Espirita viu realizações admiráveis, desde os cálculos
profundos da física nuclear aos rudimentos da Astronáutica, surpreendeu,
igualmente, calamidades terríveis, como sejam: as guerras de conquista e rapinagem,
nas quais os campos de prisioneiros foram teatro para os mais hediondos espetáculos
de barbárie e degradação, em nome do direito; a técnica na destruição de
cidades em massa; as inquisições políticas, a feição das antigas inquisições
religiosas, amordaçando a liberdade de consciência; a proliferação das indústrias
do aborto, as vezes com o amparo de autoridades respeitáveis; a onda crescente
dos suicídios; o delírio dos entorpecentes; o abuso da hipnose; o lenocínio
transformado em costume elegante da vida moderna; o aumento dos chamados crimes
perfeitos, com manifesta perversão da inteligência, e a percentagem assustadora
das moléstias mentais com alicerces na obsessão.
Desse
modo, não nos basta apenas um “espiritismo científico” que despenda indefinida
quota de tempo averiguando a sobrevivência do ser, além do sepulcro.
Embora
a elevação de propósitos dos pesquisadores eminentes, que tateiam os domínios
da alma, não podemos esquecer a edificação do sentimento.
É
assim que, repetindo as lições do Cristo para o mundo atormentado, não nos
achamos simplesmente diante de um “espiritismo
social”, mas em pleno movimento de recuperação da dignidade humana, porquanto,
em verdade, perante o materialismo irresponsável, a sombrear universidades e gabinetes,
administrações e conselhos, laboratórios e templos, cenáculos e multidões, o
Evangelho de Jesus, para esclarecimento do povo, tem regime de urgência.
Emmanuel.
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