domingo, 8 de setembro de 2013

AGRADOS PARA AMANDINHA – ANALISANDO O EGO






Amanda é uma moça “normal”, considerada ainda jovem pela maioria, gosta de fazer passeios ao ar livre, é elegante, tem bom gosto e apesar de ter uma forte inclinação para a música clássica, aprecia outros tipos de música desde que elas lhe causem alguma emoção.
É reencarnacionista e adepta do espiritismo, mas até hoje não “se encontrou”, frequenta as casas espiritualistas, mas prefere não se comprometer - assim dá menos trabalho, pensa ela.
Na verdade ela é muito boa em observar pessoas e identificar nelas defeitos. Discretamente vai desvendando a personalidade dos outros, identificando falhas aqui e ali, faz espécie de análise sobre as pessoas... Descobriu-se ótima nisso!
Depois de ter lido muitos livros espíritas, entre eles os romances, buscou novos rumos conhecendo e se apaixonando pela umbanda. É aquela atmosfera lúdica que os templos passam para os leigos e desinteressados, mas que de lúdico não tem nada!
Chegava em casa sempre contando uma novidade sobre a tal casa que frequentava, sempre fazendo observações sobre as falhas do palestrante ou de algum trabalhador humilde da casa. Enquanto contava o que havia presenciado no templo, servia o café da manhã. Havia feito um doce novo desses de compota... Ficou esperando os familiares dizerem algo... se havia ficado gostoso, doce demais ou amargo, mas ninguém falou nada nem ao menos um “elogiozinho” bobo, desses que a gente escuta e fica satisfeito...
Todos levantaram da mesa e despediram-se dela com um tchau seco e um sorriso dissimulado. Quando isso acontecia Amandinha ficava para morrer, mas fingia estar tudo bem.

Naquele domingo havia algo de especial no ar, talvez porque era o aniversário de um dos familiares. Ela capricharia no almoço! Resolveu fazer um daqueles pratos que só ela conseguia, como é talentosa na cozinha, essa menina!
Expulsou todos da mesma e lá reuniu todas as suas energias para fazer o melhor prato e oferecer o mais rico almoço de domingo para o aniversariante.
Tudo pronto, ela se retirou rapidamente para a devida toalete e quando estava toda a família reunida para a ceia, lá estava Amandinha de volta, alegremente vestida, discretamente perfumada e muito ansiosa.
Ninguém, absolutamente ninguém falou nada sobre o cardápio, todos falavam sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada, felicitavam o aniversariante, davam risadas, comiam, bebiam, brindavam, mas nenhum elogio direcionado a belíssima refeição preparada por Amanda. Ela os observava em silêncio, fuzilando cada um com os olhos esbugalhados e silenciosos enquanto mastigava os manjar dos deuses que preparara com tanto amor para todos.
Risos, abraços e todos foram para a varanda degustar enfim, a sobremesa finamente preparada para a ocasião, uma receita dificílima que estava na família há mais de cem anos e só ela conseguia faze-la com sucesso. Mas nenhum dos parentes lembrou-se de elogiar as mãos de fada que Amandinha tinha para o preparo dos doces. Comiam rezando, mas de forma alguma ouvira um “muito obrigada” ou “que delícia!” ou até mesmo “Amanda, minha querida, como sempre você arrasou!”...
Ela se retirou dali extremamente ofendida, de passos firmes e pesados levava seu corpo rechonchudo para outro canto da casa, bem longe de todos. Assim, poderia praguejar à vontade! _Gente ingrata e mal educada, comeram feito bichos e nem sequer  são capazes de reconhecer que sou talentosa, não me agradeceram pelo almoço maravilhoso que preparei, aliás nunca fazem isso – pensava ela irritadíssima.
No domingo seguinte os irmãos se reuniram mais uma vez para uma conversa descontraída, convidaram alguns amigos para um delicioso café da tarde. Aos poucos o varandão daquela charmosa casa  foi ficando cheio de pessoas que conversavam animadamente entre si.
As moças da casa naturalmente enfeitaram-se para receber os convidados, queriam causar boa impressão. Trajavam-se elegantemente, porém de forma simples, eram os vestidos longos e floridos, confeccionados em tecidos finos e alegres imitando a moda européia de algumas décadas passadas, estava na moda!
Os rapazes usavam roupas leves, pois era verão, bermudas em tons discretos e camisas com estampas interessantes e charmosas. E nossa querida Amandinha aparece também  muito elegante, perfumada  e envolvida num vestido amarelo claro de um tecido fino e delicado, os pés rechonchudos estavam calçados com sandálias douradas que os adornavam, mas ninguém notou sua beleza a ponto de fazer-lhe um elogio e ela ficou esperando que os amigos lhe elogiassem ou até mesmo um dos irmãos, mas todos a olharam com carinho, porém nada de ESPECIAL lhe foi dito, falavam sobre qualquer assunto, menos sobre ela... Isto mais uma vez trouxe azedume para seu coraçãozinho adulto, mas envolvido pela psique infantil. O sorriso que de início enfeitava-lhe a face deixando-a mais bela  e iluminada desfez-se imediatamente e um mau humor invadiu-lhe a alma. De súbito passou a dar más respostas em todos, tornando-se uma presença desagradável.
Na semana seguinte, em seu local de trabalho, conseguiu terminar um projeto importante para a empresa e entrega-lo no prazo estipulado. Do chefe só recebeu um sorriso sincero, um singelo, mas importante “parabéns Amanda” e um aperto de mãos. O que para ela foi o fim da picada, pois esperava que seu chefe a elogiasse mais na frente de todos o outros membros que participavam da reunião.
O chefe não se empolgou demais nem falou nada de extraordinário para Amanda, não a promoveu apenas lhe sorriu e deu-lhe os parabéns.
Nossa personagem segurou-se firme e não demonstrou sua frustração, disfarçou-a com um pálido sorriso para todos os presentes e conteve-se. Mas intimamente desejava que o chefe ao sair do trabalho, no fim do expediente  destruísse um poste com seu carro!
Assim Amandinha seguia pela vida afora extremamente frustrada, sentindo-se injustiçada pelas pessoas, dizia ela para consigo mesma que não lhe davam o devido valor, por isso ela não era feliz.
Precisava de mais estímulos, de muitos aplausos, queria que as pessoas lhe dessem mais atenção.  Para ela os simples elogios, daqueles mais sinceros e verdadeiros não lhe serviam, queria que todos ficassem sabendo que era especial para tudo o que fizesse precisava de um agradinho ou melhor, de um agradecimento, pois queria ser reconhecida por todos, afinal de contas ela era especial.
Sentia raiva dos irmãos, dos amigos e dos estranhos porque não lhe notavam, mantinha “disfarçadamente” a postura de uma “mulher normal” por fora e por dentro a de uma criatura vaidosa e orgulhosa que sofria de males terríveis.
Amandinha pode estar dentro de cada um de nós, disfarçada e muito bem armada para resistir e permanecer, são os vícios do ego ou se preferirem os “eus” periféricos.
A questão é, será que não devemos investigar se não há em nós “Amandinhas” como a personagem desta história?
Sem dúvida podemos considerar a preguiça mental como “uma cama macia”, mas que nos mantém iludidos e adormecidos para as realidades que nos cercam.

O Evangelho de Jesus contém as soluções e a chave para nossa libertação, é bom tê-lo como livro de cabeceira para sempre!

Muito axé!

Letícia Gonçalves

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