“A umbanda é uma religião de inclusão...
Dificilmente a gente vê uma entidade, um amigo
espiritual excluindo uma crença, um culto ou
excluindo uma forma de apresentação dos
O título de nosso estudo refere-se a alguns templos umbandistas
que não permitem as manifestações das Pombagiras. Sem críticas antifraternas ou julgamentos descabidos, convidamos
ao leitor amigo, umbandista ou não, a refletir sobre o que significa a Umbanda.
Lembremos, pois, que a umbanda surgiu para abraçar a todos sem distinção
ou preconceitos, que foi instituída aqui
na Terra para a prática da caridade e para o livre ingresso dos espíritos que
não encontraram alento e aceitação, entre alguns religiosos que os julgavam
como seres pouco merecedores de oportunidades e de amor. São considerados por muitos
irmãos que atuam em casas espíritas ( e de orientação kardecista), como seres inferiores
e atrasados. Infelizmente também são menosprezados por alguns confrades
umbandistas, principalmente as pombagiras.
O que desejamos é chamarmos de forma despretensiosa a atenção de
nossos irmãos para que mais barreiras possam ser quebradas no campo do preconceito
e da ignorância.
Sabemos que muitos irão “torcer o nariz” para nós, pois mais uma
vez tocamos em assuntos que alguns irmãos de caminhada querem evitar, porém é
preciso mostrar o preconceito e a profunda ignorância que ainda jaz na alma de
muitos. Abaixo segue fragmentos da fala do Sr. Norberto Peixoto.
“A umbanda é uma religião de inclusão... dificilmente a gente vê
uma entidade, um amigo espiritual excluindo uma crença, um culto ou excluindo
uma forma de apresentação dos espíritos... ”
“Nunca me esqueço... por duas oportunidades, deu estar numa outra
agremiação... na época não tínhamos fundado a choupana, Grupo Umbandista Triângulo
da Fraternidade e através da nossa sensibilidade mediúnica, termos manifestado
pombagira e aquilo ter causado um transtorno, um mal estar naquele momento... Tivemos
oportunidade de trabalhar num centro de umbanda ao qual era proibido a
manifestação de Exu e Pombagira...”
“Ainda temos infelizmente muitos centros de umbanda que não
permitem estas manifestações... Veem elas com um certo preconceito, com um
certo receio... Por que será que isto acontece, né? ”
“A exclusão da mulher nos processos religiosos é muito antiga. Se
nós fôssemos trazer um pouco para a época de Jesus, que é o nosso psicólogo das
almas, nosso grande instrutor espiritual, ao qual nós balizamos os nossos
estudos, ao qual nós seguimos os seus ensinamentos e tentamos adaptar eles dentro
de uma universalidade...”
“Acho que a essência do ser crístico é a universalidade, o
exercício do amor e a inclusão.” “Não poderíamos deixar de citar o exemplo histórico
de Jesus com Maria de Madalena. É um exemplo histórico e de amorosidade e de
inclusão espiritual acima dos preconceitos, dos julgamentos humanos...”
“Maria Madalena era uma mulher da vida... era uma prostituta na época... E isso era muito estigmatizado no
judaísmo antigo... Era completamente excluída, não tinha direito nem de
participar dos ritos religiosos.”
“Maria de Madalena encontrou Jesus na casa de Simão, o fariseu...
Numa constrição psíquica, começou a chorar e lavou os pés de Jesus com perfume...
Secou seus pés com seus cabelos. Na época o perfume era algo muito caro, muito valioso...
Era o maior bem que Maria de Madalena podia dar... existia escassez de água até
para tomar banho... era difícil. E ela oferendando a Jesus o perfume... era o
maior bem material que ela podia se desfazer nesse processo de encontro com a
essência do Cristo...”
“Nós trazemos isso, esse exemplo de Jesus para dentro da Umbanda e para dentro do mediunismo como um todo.”
“Que sejam bem-vindas todas as pombagiras, todas as entidades
femininas, mais especialmente esta vibração que é mais estigmatizada. Que nos
traga sempre sua alegria, que nos traga sempre seu conhecimento... da dor humana,
do sofrimento. Que nos traga sempre suas orientações ligadas ao sofrimento da sexualidade
humana... Ainda temos muita dificuldade de falar nisso...”
“As pombagiras vêm como exímias psicólogas trazendo seu axé, sua
força, nos orientando e nos levantando nesse sentido.”
“Como está a mulher na umbanda? A gente ainda vê alguns segmentos,
algumas partes da umbanda que proíbem a mulher, por exemplo de ser uma sacerdote, de
ser uma dirigente. De certa forma... poderíamos dizer... um atavismo inconsciente muito antigo, né? Porque desde a época de Jesus, no judaísmo antigo, a mulher era proibida...”
“Não existiria a umbanda nesse mediunismo, pelo Brasil afora, se
não fossem as mulheres. Grande parte... a grande maioria dos médiuns são mulheres...”
“Nós sabemos e temos que falar sobre isso, que muitos centros
espíritas... nossos irmãos espíritas proíbem as manifestações de pretos velhos
e caboclos... pombagira então... exu, nem se fala! Se o médium manifestar uma
pombagira, um exu numa sessão de mesa, uma sessão desobsessiva, Kardecista,
espírita, “cai a casa” e o médium fica literalmente
estigmatizado como obsediado... Isso aconteceu comigo num centro espírita que a
gente “tava” fazendo escola de médiuns...”
Transcrevemos fragmentos do relato do médium Norberto Peixoto, dirigente do Grupo de Umbanda Triângulo da Fraternidade, sediado em Porto Alegre. Depoimentos estes que foram “colhidos”
dum vídeo que foi postado no Youtube e que achamos por bem mostra-lo aqui, pois
o tema é atualíssimo e extremamente importante para o nosso entendimento.
O fato é que a mulher na umbanda encarnada ou não, ainda sofre certo
(muito) preconceito, principalmente se seu passado foi de erros no campo da sexualidade. Fora dela, isto é, em outras filosofias religiosas,
como por exemplo, o kardecismo, a pombagira é vista como ser inferiorizado e de
pouca utilidade para os trabalhos caritativos, infelizmente.
Reflitamos!
Letícia Gonçalves.
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