terça-feira, 19 de novembro de 2013

O CONSULENTE QUE ESTÁ À ESPERA DE UM MILAGRE




Quando eu era adolescente e ignorante como uma pedra sobre as coisas espirituais, ao adentrar num templo umbandista, tinha meu pensamento turbilhonado por imagens fantasiosas. Acreditei que naquele momento meus problemas infantis seriam resolvidos, que os espíritos através de seus médiuns me diriam a fórmula mágica e eu sairia dali com um “fantasminha” camarada que me assopraria as respostas na hora das provas na Escola!?...? Hem? Pois é. Sem contar que provavelmente na minha cabecinha de vento sonhadora, adolescente e ignorante, também teria o garoto da minha predileção totalmente apaixonado por mim, meu príncipe encantado, ora essa! Na minha cabecinha os espíritos “fariam isso” por mim, é claro! Mas quando adentrei a cabine de atendimento, com meus trejeitos de menina travessa, a entidade por intermédio de seu médium me advertiu e orientou-me a ser uma boa garota. Mas como? Eu ainda nem tinha falado nada, não deu tempo nem de pedir o que eu queria... que frustração a minha.
 Quanto me tornei adulta, com o tempo fui percebendo como nos enganamos, como gostamos de nos iludir com “essas coisas” da arte divinatória, do ocultismo, etc.
Muitos de nós adentramos as casas espíritas ou umbandistas tão cegos pelos desejos inferiores, os vícios mundanos que mal percebemos que estamos muitas vezes doentes, que nosso psiquismo está alterado, que talvez possamos estar acompanhados de espíritos levianos e astutos, muitos deles inimigos de outras vidas...
Não percebemos que perdemos oportunidades maravilhosas de aprendizado e bênçãos espirituais quando  vamos a estas casas de caridade para a prática do escambo, porque na maioria das vezes, queremos é que os guias espirituais fiquem com todo o lixo que produzimos ao longo de nossa vida, com o reflexo de nossas ações nefastas para sairmos “livres” dos problemas que criamos para nós, os que nos fazem sofrer.
Se não vamos bem no casamento pedimos que resolvam por nós as nossas pendengas sentimentais, se nossos filhos estão rebeldes além da conta, imploramos a intercessão severa.
Quando queremos ocupar um posto melhor na empresa em que trabalhamos, logo surge o pedido nefando para tirar o colega de trabalho competente do nosso caminho e por aí vai. E haja paciência da parte dos trabalhadores humildes e corretos das casas religiosas!
Se o motivo que nos leva aos templos umbandistas ou espiritualistas é doença, fazemos pior, pedimos aos benevolentes guias espirituais e a seus médiuns, a cura imediata, um milagre, mas fazemos isto com jeitinho disfarçado que é para não “espantar” aqueles que em nossa profunda ingenuidade e ignorância, achamos serem os “curadores de plantão”. PORQUE QUANDO NÃO PRECISAMOS DELES, NÃO PASSAM DE MACUMBEIROS, DE GENTE ESQUISITA! MAS QUANDO ESTAMOS POR UM FIO, SÃO OS MÉDIUNS FANTÁSTICOS COM SEUS AMOROSOS GUIAS, NÃO É MESMO PESSOAL? 
E quando estes mesmos guias e protetores do plano espiritual nos pedem paciência, atitude, reforma íntima e fé, intimamente ficamos para morrer (de raiva). É isso mesmo, sentimos muitas vezes raiva, porque não nos falam o que queremos ouvir, não nos curam os males físicos num passe de mágica, não tiram do nosso caminho o colega competente e honesto para ficarmos com o lugar dele na empresa e por fim, muitas vezes ficamos decepcionados porque os bons médiuns não fazem para nós as adivinhações nem os encantamentos e não trazem a pessoa amada de volta.
A maioria de nós os maus consulentes vai embora com um sentimento de frustração, impacientes e chateados porque nem pagando quiseram nos beneficiar com “seus dons fantásticos e mirabolantes”. Aí, o que nós incautos fazemos? Vamos em busca de outras casas e pagamos o que for pedido para que nossas necessidades mundanas sejam satisfeitas a contento.
Ou será que não é assim com a maioria? Ou será que estamos a exagerar? Será?
Um templo religioso sério e comprometido com a verdadeira caridade nos passa a orientação para que façamos a reforma íntima, o estudo e o autoconhecimento. São as três principais etapas para que qualquer trabalho espiritual surta um bom efeito em nossas vidas.
Infelizmente muitos de nós está a procura de um milagre e não é assim que funciona, pra começar milagre não existe!
Façamos o seguinte como consulentes destas abençoadas casas de caridade, sejam elas umbandistas ou espiritualistas, busquemos pela prece silenciosa na assistência enquanto esperamos o início dos trabalhos caritativos e façamo-nos as seguintes perguntas no final da mesma: Será que merecemos o que viemos pedir? E se recebermos esta graça, saberemos usufruir bem dela? 


Reflitamos.
 

Axé!


Letícia Gonçalves

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.