A censura
neste texto não tem vez, as críticas tão pouco. Mas a reflexão tem aqui
lugar especial, pois convida-nos a auto análise e a auto educação, vejamos:
Tem
gente que pensa que os orixás só têm serventia quando chega o fim do ano. É! Porque
o “filho de fé” na noite do dia trinta e um de dezembro, pouco antes da meia
noite vai lá na beira do mar ou nos rios com suas oferendas para Yemanjá,
oxum... e as despejam nas águas salgadas do mar e nos rios do
nosso Brasil, com a mente carregada de pensamentos equivocados.
Vestindo
o branco e trazendo nos braços ramalhetes de flores das mais variadas espécies,
alvas como as nuvens do céu, carregam o psiquismo de emoções desconcertantes e
pedem, imploram, negociam... e de paga (escambo) se preferirem, deixam suas
oferendas.
Sujam
as praias que ficam lotadas de detritos
que impossibilitam o livre trânsito das pessoas que muitas vezes são
turistas. Sem contar que os visitantes mal podem andar por elas que ficam
intransitáveis!
O
“filhos de fé” deixam com sua atitude egoísta, impensada e pouco respeitosa ao
nosso ver, o fundo do mar cheio de latas e garrafas de cerveja entre outros, de
tampinhas de garrafa, enfim, de objetos que só poluem e degradam o que deveria
ser em respeito a Yemanjá um santuário, mesmo porque Yemanjá é a grande
mãe!
Minha
gente, a fauna marinha fica prejudicada, os banhistas correm o risco de se
ferirem com os detritos acumulados no fundo d’água, sem contar que o lugar fica
feio e é como já dissemos alhures, tudo o que sobra das oferendas, como por
exemplo, restos de velas, de flores, garrafas, comida, copos descartáveis,
perfumes, etc., Não esquecendo de mencionar que muitos detritos ficam a boiar
nas águas, causa uma poluição visual desnecessária e em nada isso auxilia as
nossas vidas.
Se pelo
menos recolhêssemos as oferendas ao final dos pedidos e preces, em sacolas
plásticas ou sacos de lixo e as levássemos de volta para nossa casa em sinal de
respeito ao Orixá e aos nossos irmãos de caminhada que muitas vezes são os
turistas, visitantes simpáticos que voltam para suas cidades impressionados
com a nossa falta de educação! Sim, é falta de educação mesmo, porque ser
religioso não implica em poluir, sujar, desarrumar o meio ambiente em nome dos
desejos e pedidos de última hora e sem esforço próprio!
Nem a
umbanda e nem o camdomblé são as religiões culpadas ou responsáveis por toda
essa pantomima. Somos nós que não dispomos de tempo nem de educação para olhar
o nosso próximo com mais consideração; que não nos importamos com o que o outro
pensa e nem com o mesmo direito que ele tem de estar ali, seja nas
praias ou nos rios, lagoas, etc. Muitos de nós não paramos para pensar em
nenhum momento que podemos estar desagradando Yemanjá, porque não pode
ser possível que os orixás que têm seu ponto de vibração na natureza e que
atuam fortemente através dela, compactuem com tudo o que acontece nos fins de
ano por causa da nossa incúria.
Será
que tanta sujeira nas praias, no fundo do mar, nas ruas, nos rios, nas matas,
nas lagoas é algo que nos traga boas energias? Será que o que vamos pedir e
buscar nos será dado em vista do pouco zelo que temos para com a mãe natureza?
Será?
A moça
bonita pula as sete ondas, toda faceira, pedindo a mãe Yemanjá que lhe traga o
namorado dos sonhos, joga as rosas brancas com os cabos repletos de espinhos e
isso vai voltar com as ondas para as praias e coitados dos pezinhos desavisados que passarem descalços por ali.
O
religioso incauto pede axé, mas enfraquece o ponto de força com os detritos
(enfeites, flores com os cabos cheios de espinhos, barquinhos de madeira,
garrafas de vidro que facilmente podem se quebrar e ferir os transeuntes, etc.)
Ele vai buscar ali força e leva sem perceber um peso (negativo )adicional nos
ombros, porque está ajudando a desarmonizar a “casa” da Rainha do Mar!
Acolá o
rapagão deixa uma oferenda desejoso de que possa no próximo ano, ganhar mais
dinheiro, pois já não basta ser ele um milionário. Mas como quer receber o que
pede em vibrações positivas se ele nem pensa em dar para os filhos da Rainha do
Mar (pobres, desabrigados das chuvas,
famintos, moradores de rua, mãezinhas adolescentes paupérrimas...), um pouco do
supérfluo que lhe causa tédio. Poderia ele durante todo o ano dividir algo com os
desabrigados pelas chuvas de fim de ano, por exemplo.
Todos
nós pedimos algo, que seja axé, que seja um bom emprego, um amor, dinheiro,
fartura, a cura para um mal físico, etc. Esquecemos muitas vezes de agradecer
ao Orixá, de fazer uma prece singela e silenciosa pelo que recebemos todos os
dias, mas não! O negócio é agirmos inconscientemente, de acordo com nosso
estado de espírito (egoísta), pedindo... pedinho... pedindo...
Sabemos
que existem pessoas conscientes, que cuidam da natureza e a amam,
independentemente de seus anseios urgentes e por isso, declaramos que este
texto não é para elas.
Meus
irmãos, não tomem pelas frases deste texto nenhum tipo de crítica, pois não é
essa a intenção. Nosso desejo é o de compartilhar com os leitores adeptos ou
não das religiões citadas acima, a nossa indignação com os exageros.
Que
queremos receber das forças emanadas de Deus, (os Orixás) se não nos colocamos
em posição de merecê-las? Que tipo de benefício receberemos, resultantes das
nossas oferendas se causamos prejuízo aos cofres públicos da lindas cidades
praianas com tanto lixo jogado em todos os lugares já citados neste texto?
O bom
religioso é aquele leva sua oferenda mental no fim do ano à beira mar,
pula as sete ondas, usa o branco, toma o banho de descarrego, faz a prece
silenciosa, mas não prejudica ninguém. É aquele que faz sua parte o ano todo.
Não suja, não polui, não empobrece e não se engana, pois somos nós que devemos
fazer a nossa parte, pois milagres não existem!
Reflitamos.
Axé!
Letícia
Gonçalves.
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