quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A sabedoria milenar dos corpos espirituais

"A montanha da Sabedoria, com o pico da Iluminação, fica além da planície do Conhecimento.
Antes dela, o pântano da Ignorância. A grande massa da humanidade fica presa aí, por desconhecer o segredo da passagem. Só se pode passar volitando o pântano - e raros querem abandonar à margem o peso do Orgulho. Só o coração humilde tem asas." Shi-Ling
Lendo certas notícias sobre trabalhos apométricos circulantes por aí, lembrei da imagem do sábio Shi-ling e de um santo remédio para atenuar o que ele poderia chamar de síndrome do atoleiro na ausência de asas. Uma pequena ajuda que, em doses certas, se não cura totalmente, diminui em muito aquele peso constrangedor que ele refere. Nada muito exótico: a poção paliativa chama-se Leituras Básicas.
É impressionante o número de viventes que se atola em águas rasas só por esquecer, ou subestimar, o valor que tem esse chazinho de letras para diminuir aquela sensação incômoda de peso nas idéias.
Pois uma limpeza básica nas idéias devia ser, para todo mundo que se põe a lidar com os corpos dos humanos para melhorá-los - caso da Apometria - o estudo dos conceitos básicos sobre esses famosos veículos do homem. Antes de sair reinventando a roda - em formato quadrado.
Desde que o mundo é mundo - ou, vá lá, desde as Escolas de Sabedoria da velha Atlântida (1) (o que já dá muito tempo!) - e em todas as escolas esotéricas do mundo, se aprendeu que o ser humano se compõe de uma dualidade: uma porção divina, imortal - e outra mortal e "imperfeita".
Não é outro o simbolismo do centauro (não fossem os gregos herdeiros da sabedoria atlante, em sua iniciática mitologia!). Todas as religiões se construíram - com maior ou menor ingenuidade - sobre esse dualismo; e algumas, com a rígida discriminação Espírito é o bom / Matéria é lixo, que deu no que deu na Idade Média.
1 - E nos Vedas hindus, no velho Egito, no Tibet, entre os Essênios, na Escola Pitagórica e nos Mistérios da Grécia, no Cristianismo primitivo, e depois na Rosa Cruz, na Teosofia, e nas demais tradições antigas e modernas.
Mas, espanando o pó e as teias de aranha, se vê que, por baixo, encontra-se uma verdade básica, avalizada por todas as Escolas Iniciáticas do passado e do presente: o ser humano se compõe de uma duplicidade que se costuma chamar - pelas últimas dezenas de milênios - de Eu Superior e Inferior. Correntes contemporâneas têm adotado as denominações - muito didáticas – de Individualidade e Personalidade, para esses dois componentes do homem.
Nada de misterioso ou difícil. Apenas, aqui entram na história os tais famosos Corpos ou Veículos do homem - sete, divididos entre esses dois níveis, o do Eu Superior ou Eu Real, a Individualidade - e o Eu Inferior ou Personalidade (a natureza dos sete corpos, a propósito, é ensinada sempre nos mesmos termos, desde os primórdios da civilização do planeta).
E o que ensinaram, desde sempre, os Sábios e os Mestres?
Que a Centelha Divina - nós - também chamada Mônada, sendo da mesma natureza do Imanifesto, o Absoluto, não pode "descer" para os Planos do universo manifestado (sete), e "mergulhar na corrente da evolução" (a famosa "Queda do Homem"). Por isso, projeta um Eu Superior - a Individualidade, que possui todos os atributos da sua perfeição - extensão que é dessa Divina Centelha. Esse Eu Superior inclui três veículos - os corpos superiores - que possuem as divinas qualidades de Vontade / Amor-Sabedoria / Ação.
Esses três corpos de perfeição, reflexos da perfeição da Mônada, são conhecidos como Atma-Buddhi-Manas no Oriente; ou Corpo Átmico, Corpo Búdico e Corpo Causal (Mental Abstrato/Mental Superior) na nomenclatura mais familiar ao Ocidente. Eles são o Homem Real, o nosso Eu Interno de Luz e Beleza perfeitas (sem necessidade de retoques).
Essa é a "porção superior" do centauro, que as religiões costumam simplificar chamando de alma ou espírito imortal (ignorando sua constituição tríplice). Mas o que importa é o conceito claro que acompanha esse conjunto dos três corpos - o Ternário Superior. Trata-se da parte divina do homem, repositório de seus ilimitados poderes, da divina sabedoria e do perfeito amor (2). A nossa meta evolutiva - daí o aforismo oriental: "Tornai-vos aquilo que sois", inexplicável sem a chave do conhecimento oculto.
 
2 - Tanto que, ao transferir para esses corpos, em definitivo, a sua consciência - ao fim do longo (põe longo nisso!) trajeto na Senda da Sabedoria, o homem torna-se um Mestre, um Homem Perfeito, unido à Consciência Divina. É o "espírito puro" que Kardec mencionou. É a criatura que assumiu a própria perfeição latente, tornando-se o ser divino que sempre foi. "Não ouvistes que foi dito 'Vós seis deuses'?", disse Jesus, citando a Sabedoria Milenar.
O importante é salientar bem a natureza divina, portanto irretocável, desses três corpos - átmico, búdico e causal, que compõem o nosso Eu Real (o Self, de Jung)."Somos deuses" em nossa Individualidade - atma-buddhi-manas.
Será preciso mais para caracterizar a perfeição desse território superior de nosso ser? Esse é o nosso Deus Interno, a nossa Alma Imortal, a divina Psiché, cuja face Eros não podia enxergar na escuridão (da matéria). A Mitologia Grega também é boa para clarear as idéias.
Resumindo: o que já é, por definição, perfeito, não precisa ser aperfeiçoado. É de um primarismo constrangedor, não é mesmo? Mas a dura experiência nos ensina que o óbvio, ai de nós, nem sempre é ululante. ...
Mas não esqueçamos a "porção inferior" do centauro - o Eu Inferior, a Personalidade, o Ego – ou Quaternário Inferior, constituído dos corpos Mental Concreto, Astral, Etérico e Físico Denso.
Esses quatro veículos transitórios e perfectíveis - insistamos nesse termo: perfectíveis = passíveis de aperfeiçoamento - são os instrumentos que nosso Eu Superior utiliza para atuar nos três "mundos da ilusão" (mental, astral e físico), ali construindo a ampliação consciencial que o habilitará a "retomar" ao nível divino.
Somente aqui, nesses quatro veículos "inferiores", podem registrar-se as temporárias "imperfeições" de nosso caminho evolutivo. São os "cadernos escolares" onde rabiscamos, primeiro em garranchos assustadores, depois em letra mais caprichada, as lições do curso "Como Tomar-se Divino" que estamos fazendo, nas escolas planetárias deste universo.
Quando nossa consciência "desceu" do nível divino, e mergulhou nos planos inferiores para evoluir, sendo portanto "expulsa do paraíso" - que era a consciência enfocada ao nível de atmabuddhi- manas - foi delimitada uma barreira impeditiva de seu retomo imediato. Tal é o simbolismo do "anjo com uma espada flamejante" colocado como "sentinela ao redor do Jardim do Éden"
(vide Gênese), para garantir que Adão e Eva não pudessem retomar pulando o muro. Só poderemos retomar pela porta da frente - depois de, em evos incontáveis, termos abandonado em definitivo a nossa "parte de baixo do centauro" - os quatro veículos, repitamos, perfectíveis (cheios de rabiscos feitos desde o Jardim da Infância da evolução).
 
Do livro: “JARDIM DOS ORIXÁS” RAMATÍS/NORBERTO PEIXOTO – EDITORA DO CONHECIMENTO.

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