sábado, 29 de março de 2014

Espíritas carnívoros!


Se os animais pudessem falar, que diriam eles a respeito dessa gentil disposição de muitos espíritas de os devorarem sob festivos cardápios e requintados molhos que deixariam boquiabertos muitos zulus antropófagos?

E estranhável, portanto, que ainda se façam censuras às solicitações seguintes, em que temos situado o nosso principal labor:

1) que não coopereis para o aumento de matadouros, charqueadas e açougues;

2) que não promovais as efusivas churrascadas sangrentas, ria confraternização espírita;

3) que eviteis que penetre na vossa aura o visco nauseante e aderente do astral inferior, que se liberta do animal sacrificado;

4) que vos distancieis, o mais depressa possível, dos velhos antepassados caiapós ou tamoios que, devido à ignorância dos postulados espíritas, se entredevoravam em ágapes repugnantes;

5) que, se não encontrar eco em vossos espíritos tudo quanto vimos solicitando, pelo menos tenhais piedade do animal inocente, que é vosso irmão menor perante Deus!

Ramatís - "Fisiologia Da Alma"

quarta-feira, 26 de março de 2014

Médiuns fascinados, isso é comum?



Muito mais comum do que se pensa! Nascem todos os dias milhares de pessoas que serão médiuns, o que não significa que terão uma missão dentro do espiritismo, na caridade socorrista.

Todos os médiuns sofrem, sem nenhuma exceção! Principalmente os que têm a mediunidade desperta na infância.
Como explicar aos familiares na nossa infância que vemos vultos, ouvimos o que os outros não conseguem ouvir, vemos pessoas que já estão “mortas”, etc? Na infância tudo é mais complicado quando se trata de ter uma conversa séria com os adultos, porque eles, já viciados no mundo racional, não procuram  entender os pequeninos, isto é, mergulhar no mundinho infantil das crianças que têm mediunidade.
Na adolescência a mediunidade não orientada  pode virar “pano de fundo” para muitas confusões de ordem psíquica. Pois é sabido que os adolescentes são chatíssimos, complicadíssimos, alguns são rebeldes sem causa, outros introvertidos demais  e por aí vai. A mediunidade quando não é bem assistida nesta fase, causa sempre dor de cabeça para todos os familiares mais próximos, principalmente para os pais que quando leigos, mal sabem como lidar com as “esquisitices” (mediunidade)  dos pimpolhos.
Quando não recebemos instruções adequadas, não estudamos os livros básicos da codificação kardequiana e quando não somos bem orientados sobre a nossa mediunidade, a coisa complica!  Infelizmente fica muito fácil tornar-se alvo dos obsessores, dos subjugadores e dos fascinadores desencarnados. Facílimo sermos ludibriados por espíritos galhofeiros e levianos, vagabundos do inferior ou até mesmo sermos alvo dos nossos inimigos que espreitam-nos atentamente, esperando o melhor momento para atacar.
Mas não generalizemos, pois é importante salientar que não é todo adolescente que sofre os ataques dos espíritos levianos, existe proteção e, em muitos casos, os anjos da guarda não permitem tais ataques.
De todas as formas de obsessão espiritual a fascinação deve ser motivo de estudo sério entre os medianeiros, pois milhares deles quando pouco instruídos, muito vaidosos e desatentos (até os bons médiuns), não estão livres de serem enganados pelos fascinadores.

São espíritos muitas vezes inteligentes e ardilosos, mas de classe inferior. Mas é importante dizer que a grande maioria desses desencarnados não passa de seres mistificadores.

segunda-feira, 24 de março de 2014

A psique humana e os 4 elementos.

No estudo da psique humana, eram bastante utilizados, como símbolos, os quatro elementos da natureza: a terra, o ar, o fogo e a água, que eram tomados por base e colocados em contraposição dualista, como forma de entendimento da alma e como introdução ao conhecimento ocultista das formas energéticas da natureza, ou elementais. 
    A terra simbolizava o homem racional, previsível e "pé no chão", em comparação com o ar, o homem filosófico, contemplativo e algo melancólico.  O fogo, significando as paixões, os desejos ardentes e a exigência de satisfação imediata, em oposição à água, a serenidade, o domínio de si e a sensibilidade do feminino. 
     Esta é apenas uma pálida idéia dos ensinamentos esotéricos, que, na verdade, eram muito mais profundos e demandavam tempo para sua assimilação. Mostrava-se a coexistência de dois princípios irredutíveis e de posições opostas, em qualquer ordem de ideias. O exemplo exposto, refere-se à alma e ao corpo, ao bem e ao mal, à matéria e ao espírito. Como modelo comparativo, a terra e o fogo estariam mais para os ocidentais e o ar e a água mais para os orientais. Nenhum é melhor que o outro e todos são iguais perante o Pai. 
       Da amálgama desses elementos opostos, surgirá o homem do Terceiro Milênio, mais espiritualizado, muito mais mental. O aprendizado, a assimilação dos conhecimentos, sem objetos comparativos exteriores, é processo mental que demora a acontecer na evolução do homem. As antigas fraternidades iniciáticas utilizavam-se muito do simbolismo associado a elementos externos para a fixação mental, como foi demonstrado.

terça-feira, 18 de março de 2014

O Egoísmo




O egoísmo é irmão do orgulho e procede das mesmas causas. É uma das mais  terríveis enfermidades da alma, o maior obstáculo ao melhoramento social. Por si  só ele neutraliza e torna estéreis quase todos os esforços que o homem faz para  atingir o bem. Por isso, a preocupação constante de todos os amigos do progresso,  de todos os servidores da justiça deve ser a de combatê-lo.
O egoísmo é a persistência em nós desse individualismo feroz que caracteriza  o animal, como vestígio do estado de inferioridade pelo qual todos já passamos.  Mas, antes de tudo, o homem é um ser social. Está destinado a viver com os seus semelhantes; nada pode fazer sem o concurso destes. Abandonado a si mesmo,  ficaria impotente para satisfazer suas necessidades, para desenvolver suas  qualidades.
Depois de Deus, é à sociedade que ele deve todos os benefícios da existência,  todos os proventos da civilização. De tudo aproveita, mas precisamente esse  gozo, essa participação dos frutos da obra comum lhe impõe também o dever de  cooperar nela. Estreita solidariedade liga-o a esta sociedade, como parte  integrante e mutuante. Permanecer inativo, improdutivo, inútil, quando todos  trabalham, seria ultraje à lei moral e quase um roubo; seria o mesmo que lucrar  com o trabalho alheio ou recusar restituir um empréstimo que se tomou.
Como parte integrante da sociedade, o que o atingir também atinge a todos. É  por essa compreensão dos laços sociais, da lei de solidariedade que se mede o  egoísmo que está em nós. Aquele que souber viver em seus semelhantes e por  seus semelhantes não temerá os ataques do egoísmo. Nada fará sem primeiro  saber se aquilo que produz é bom ou mau para os que o rodeiam, sem indagar,  com antecedência, se os seus atos são prejudiciais ou proveitosos à sociedade que  integra. Se parecerem vantajosos para si só e prejudiciais para os outros, sabe que  em realidade eles são maus para todos e por isso se abstém escrupulosamente.
A avareza é uma das mais repugnantes formas do egoísmo, pois demonstra a  baixeza da alma que, monopolizando as riquezas necessárias ao bem comum,  nem mesmo sabe delas aproveitar-se. O avarento, pelo seu amor ao ouro, pelo seu  ardente desejo de adquirir, empobrece os semelhantes e torna-se também  indigente; pois, ainda maior que essa prosperidade aparente, acumulada sem  vantagem para pessoa alguma, é a pobreza que lhe fica, por ser tão lastimável  como a do maior dos desgraçados e merecer a reprovação de todos.
Nenhum sentimento elevado, coisa alguma do que constitui a nobreza da  criatura pode germinar na alma de um avarento. A inveja e a cupidez que o  atormentam sentenciam-lhe uma existência penosa, um futuro mais miserável  ainda. Nada lhe iguala o desespero, quando vê, de além-túmulo, seus tesouros  serem repartidos ou dispersados. Vós que procurais a paz do coração, fugi desse mal repugnante e desprezível.

segunda-feira, 17 de março de 2014

TÉCNICA APOMÉTRICA

PERGUNTA:  Podeis dar-nos maiores informações das vidas passadas do consulente que afluem no psiquismo dos médiuns, como se estes estivessem vivenciando a experiência traumática, e do atendido no grupo apométrico? Como são determinadas, pois entendemos ser algo como procurar agulha num palheiro? Ou seja, o espírito milenar tem tantas reminiscências em sua memória perene que entendemos ser impossível aos médiuns captar aleatoriamente as corretas situações para liberação da condição sintônica do consulente!
 
RAMATÍS:  
 Os médiuns atuam como fiéis exaustores nessas situações. Os sensitivos, tal qual instrumentos musicais afinados para ressonarem ao mínimo acorde, experimentam em si um processo catártico intenso, como eficaz medicamento purgativo, 'soltando" o consulente enfermiço do quadro patológico mórbido de vidas passadas que o perturba e o aflige na atualidade. Deveis entender que quando um assistido adentra no atendimento caridoso de um grupo de Apometria moralizado e com retaguarda do Plano Espiritual Superior, imediatamente temos acesso, em tela holográfica, espécie de monitor de poderosos computadores plasmáticos do Astral que ainda não conseguimos vos descrever pela dificuldade de encontrar palavras no vosso atual vocabulário, a todo o encadeamento cármico das vidas pregressas do adoentado, até o exato instante do vosso tempo em que ele se encontra em corpo presente para ser atendido. Podeis entender as ressonâncias mais comuns somatizadas, como "nós" traumáticos de existências pregressas que ainda repercutem consciencialmente na vida dessa criatura. Nos casos em que há merecimento e não se contraria o livre-arbítrio do cidadão assistido, autorizamos a captação por um médium, como se fosse uma estação receptora televisiva que passará um filme de terror com todas as sensações, dores, emoções, vivenciando a catarse que libertará o doente do quadro repercussivo que o está aturdindo.
Certo está que a maioria de vós não percebe tais sutilezas pela "rapidez" desses procedimentos em vossa dimensão espacial. Disso, podeis inferir que é inconcebível um trabalho de caridade com a Apometria sem o apoio participativo do Plano Espiritual Superior. Deixai de lado as discussões estéreis sobre os animismos e não vos preocupeis exageradamente com as críticas. O fato de determinadas técnicas do abençoado bálsamo, Apometria, que foi materializada na Terra por determinações dos Maiorais sidéreos, serem de cunho a explorar vossas capacidades da alma, não deve vos desanimar sob nenhuma hipótese, pois o ser anímico ou mediúnico é de somenos importância diante da doação amorosa e do desinteresse pessoal, elementos que formam o amálgama que dá condição de sustentação aos bons espíritos do "lado de cá" aos vossos labores na seara do Cristo, como demonstramos neste pequeno exemplo. São muito importantes esses comentários e esclarecimentos, para que cessem os embates divisionistas alardeados pelos críticos zelosos das purezas doutrinárias que, no fundo, denotam acomodação e um certo ranço sectarista por tudo que difere um pouco do diapasão usual a que se acomodaram passivamente.

sexta-feira, 14 de março de 2014

O Perispírito ou Corpo Espiritual



Os materialistas, em sua negação da existência da alma, muitas vezes têm apelado para a dificuldade de conceberem um ser privado de forma. Os próprios espiritualistas não sabem explicar como a alma imaterial, imponderável, poderia presidir e unir-se estreitamente ao corpo material, de natureza essencialmente diferente. Essas dificuldades encontram solução nas experiências do Espiritismo.
Como precedentemente já o dissemos, a alma está, durante a vida material, assim como depois da morte, revestida constantemente de um envoltório fluídico, mais ou menos sutil e etéreo, que Allan Kardec denominou perispírito ou corpo espiritual. Como participa simultaneamente da alma e do corpo material, o perispírito serve de intermediário a ambos: transmite à alma as impressões dos sentidos e comunica ao corpo as vontades do Espírito. No momento da morte, destaca-se da matéria tangível, abandona o corpo às decomposições do túmulo;
porém, inseparável da alma, conserva a forma exterior da personalidade desta. O perispírito é, pois, um organismo fluídico; é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, sobre a qual se modela o envoltório carnal, como uma veste dupla e invisível, constituída de matéria quintessenciada, que atravessa todos os corpos por mais impenetráveis que estes nos pareçam.
A matéria grosseira, incessantemente renovada pela circulação vital, não é a parte estável e permanente do homem. É o perispírito que garante a manutenção da estrutura humana e dos traços fisionômicos, e isto em todas as épocas da vida, desde o nascimento até à morte. Exerce, assim, a ação de uma forma, de um molde contrátil e expansível sobre o qual as moléculas vão incorporar-se. Esse corpo fluídico não é, entretanto, imutável; depura-se e enobrece-se com a alma; segue-a através das suas inumeráveis encarnações; com ela sobe os
degraus da escada hierárquica, torna-se cada vez mais diáfano e brilhante para, em algum dia, resplandecer com essa luz radiante de que falam as Bíblias (antigas) e os testemunhos da História a respeito de certas aparições. É no cérebro desse corpo espiritual que os conhecimentos se armazenam e se imprimem em linhas fosforescentes, e é sobre essas linhas que, na reencarnação, se modela e forma o cérebro da criança. Assim, o intelecto e o moral do Espírito, longe de se perderem, capitalizam-se e se acrescem com as existências deste. Daí as aptidões extraordinárias que trazem, ao nascer, certos seres precoces, particularmente favorecidos.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Os Fluidos - O Magnetismo





Esse mundo dos fluidos, que se entrevê além do estado radiante, reserva bastantes surpresas e descobertas à Ciência. Inumeráveis são as variedades de formas que a matéria, tornando-se sutil, pode revestir para as necessidades de uma vida superior.

Já muitos observadores sabem que, fora das nossas percepções, além do véu opaco que nossa espessa constituição apresenta, existe um outro mundo, não mais o dos infinitamente pequenos, porém um Universo fluídico completamente povoado de multidões invisíveis.

Seres sobre-humanos, mas não sobrenaturais, vivem junto de nós, testemunhas mudas dos nossos atos, e só manifestando a sua existência em condições determinadas, sob a ação de leis naturais, exatas, rigorosas. Importa penetrar o segredo dessas leis, porque de seu conhecimento decorrerá para o homem a posse de forças consideráveis, cuja utilização prática pode transformar a face da Terra e a ordem das sociedades. É esse o domínio da Psicologia experimental; outros diriam o das ciências ocultas. Essas ciências são tão velhas quanto o mundo. Já falamos dos prodígios efetuados nos lugares sagrados da Índia, do Egito e da Grécia. Não está em nosso programa nos estendermos demasiado sobre esta ordem de fatos, mas há uma questão conexa que não devemos deixar passar em silêncio: é a do Magnetismo.

O Magnetismo, estudado e praticado secretamente em todas as épocas da História, vulgarizou-se sobretudo nos fins do século XVIII. As academias ainda o encaram como suspeito, e foi sob o novo nome de Hipnotismo que os mestres da Ciência resolveram-se a admiti-lo, um século depois do seu aparecimento.

segunda-feira, 10 de março de 2014

VÊ QUEM ESTÁ AO TEU LADO



Vê quem está ao teu lado, ajudando-te a compreender os movimentos da Vida. Nunca estás sós nos campos do aprendizado. As tuas companhias andam contigo em todos os lances que empreendes, em todos os sentidos que, porventura, seguires. E essas companhias são espirituais e físicas. Vê a responsabilidade que tens diante delas: umas de receber o teu exemplo, outras de te instruir nas linhas da evolução a quem pretendes atingir.
Devemos afirmar, quantas vezes forem necessárias, que ninguém vive sozinho, nem anda sem companhias. Quem pretender isolar-se, atrofia as suas próprias faculdades.
A lei nos recomenda viver em grupos e nunca nos esquecermos daqueles que nos cercam. A gratidão é força nova em novos entendimentos. Não fazemos nada escondido.
Muitos olhos estão a nos observar, sem faltar uma fração de segundo, registrando e nos ajudando a registrar tudo o que ocorre conosco. Quem se conscientiza desta verdade, procura em toda a área em que opera, errar menos, usando todos os meios possíveis para acertar mais.
Devemos ainda visualizar o Cristo andando conosco, essa Companhia Invisível que nos dá força para trilhar caminhos mais seguros e compreender, com mais eficiência, aqueles que nos acompanham.
A educação nos concita, do lar à escola e desta ao trabalho, a um procedimento que não nos deixa exteriorizar a nossa inferioridade, sendo disciplina que, quando permanentemente limpa desobstrui todos os remanescentes das antigas condições de inferioridade, colocando-nos como almas que desejam e começam a conhecer a Verdade. Não é necessário que conheças todos os países do mundo, principalmente aqueles a que chamas mais civilizados, para que possas iniciar-te na civilização. Se observas os que andam contigo, todos os dias, as tuas reações, em todos os momentos, podes deduzir, sem anunciar, o que deve ser melhor para ti.

sábado, 8 de março de 2014

ASSIM ESTAVA ESCRITO – Parte final





...Marilda e Sônia desceram à carne para cumprir uma prova de desventuras esquematizadas pelas imprudências de outrora. Sem dúvida, a Lei Cármica marcou-as com a orfandade, sem o direito do lar amigo, que já haviam conspurcado ou desprezado antes.
Planificaram a atual existência conforme linhas de forças espirituais geradas carmicamente, que não lhes davam o direito ao berço quente e amigo. Graças aos sentimentos generosos de criaturas bondosas, elas foram ternamente acolhidas na 'Casa Madalena" e passaram a usufruir de conforto, prazeres e estima ou favores, a que ainda não tinham direito. Todavia, a Lei Espiritual, que não é punitiva, porém educativa, aguardou a regeneração de ambas nessa oportunidade e só voltou a agir, quando verificou que elas, incautas, continuaram a repetir os erros passados, cedendo novamente aos impulsos animais inferiores. Almas primárias, reagiram iradas e insatisfeitas contra a primeira advertência justa e disciplina corretiva.
Embora materialmente amparadas não estavam suficientemente esclarecidas para enfrentar as dificuldades e os sofrimentos próprios da vida cotidiana e foram atraídas para a prostituição, pelas tendências ancestrais pregressas. Lavínia mostrou-se inquieta e nervosa, interpelando o guia:
— Porventura, irmão Abelardo, ainda fomos insuficientes a essas órfãs?
— Em verdade, não faltou amor nem proteção às jovens frustradas, porém, esclarecimento de modo a superar as ciladas da vida profana. — Insistiu Abelardo cordialmente. — Não se pode culpar os integrantes da "Casa Madalena" por essa omissão involuntária, quando os seus servidores mal conseguem atender às necessidades materiais das internas.
E Abelardo completou, num sorriso fraterno:
— Aliás, isso já aconteceu a todos nós!
— Não compreendo! — redarguiu Lavínia, algo confusa.
— Criaturas como Sônia e Marilda, ainda não conseguem dominar 'os desejos, as tentações e dificuldades da vida humana, enquanto não forem convenientemente educadas espiritualmente. Até as almas de melhor padrão espiritual, por vezes fracassam no intercâmbio com as paixões humanas. Espíritos primários, reagem voluntariamente ante a primeira contrariedade, magoam-se pela diferença de tratamento alheio e revoltam-se quando lhes impedem a realização imediata dos seus desejos.
— Mas isso é suficiente para justificar-lhes a prostituição? — insistiu Lavínia, inconformada.
— Cinjo-me apenas aos fatos já ocorridos, sem examinar sentimentos ou tecer críticas à vossa boa intenção. Embora a ternura, o devotamento e a renúncia sejam virtudes que vos glorificam perante Deus, nem por isso elas modificam a aplicação correta e educativa da Lei do Carma sobre os espíritos falidos. Examinamos "friamente" a vida agradável e sem obrigação onerosa de Marilda e Sônia transcorrida na "Casa Madalena" até os dezessete anos de idade, em comparação com os contrastes que ambas defrontaram no trabalho penoso de mulheres casadas com homens pobres.
Na "Casa Madalena" elas andavam sobre assoalhos de "parquete" encerado, repousavam em poltronas fofas e aveludadas, dormiam em colchões de molas, macios e confortáveis, guarnecidos de lençóis alvíssimos e cálidos acolchoados. Viviam despreocupadas e alegres, assistindo filmes cinematográficos e programas de televisão. Aos domingos excursionavam às praias e outros lugares pitorescos. Durante o Inverno eram protegidas pelos aquecedores e no Verão dormiam tranquilamente em aposentos amplos e de boa ventilação. Em suas dores e incômodos, sempre tiveram assistência médica carinhosa.
Cumpriam as tarefas escolares entre jardins floridos e alimentavam-se fartamente, acrescidas de gostosas sobremesas. Durante o Natal e a Páscoa, os espíritas ofereciam-lhes presentes e bombons de chocolate, ou então festejavam-lhes os aniversários em comemorações joviais em torno dos simbólicos bolos de velas. Infelizmente, devido ao seu primarismo espiritual e cegas pelo egoísmo e amor-próprio, elas atingiram a mocidade sem desenvolver a paciência, resignação, coragem e estoicismo, virtudes necessárias às mulheres oneradas com a pobreza. Sem dúvida, julgando vingar-se dos benfeitores, terminaram cavando a própria ruína na rebeldia contra a disciplina e os estatutos da "Casa Madalena", e depois não puderam superar os "contrastes violentos" e óbices imprevistos encontrados no mundo.

terça-feira, 4 de março de 2014

Você sabe o que é ser um bom médium?



“Não são os que gozam saúde que precisam de médico.” (S. Mateus, 9:10 a 12.)


“O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência.”

                                            Allan Kardec




Esse tema é difícil e polêmico, já que os médiuns são na verdade pessoas comuns com defeitos, dificuldades e limitações das mais diversas. Entretanto, o caminho para o êxito moral e espiritual sempre nos é apontado pelos espíritos benevolentes, por isso vamos com respeito e sinceridade expor nossa opinião sobre o assunto.
Dizem os bons entendedores do Espiritismo que “mediunidade é coisa séria”, mas são muitos os empecilhos para que o médium seja respeitado. Um deles é a sua vaidade, outro é o melindre.
As pessoas dotadas de faculdades mediúnicas, não são especiais ou melhores que ninguém.
Allan Kardec, no livro “O Evangelho Segundo O Espiritismo” nos diz que: “...a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado.” (pág. 400, segundo parágrafo). Ou seja, Deus não privilegia uns em detrimento de outros, ou não seria Perfeito. Somos nós que por causa de nossa incúria nos prejudicamos. A mediunidade por si não faz de ninguém um ser melhor, é o bom caráter e o correto uso que fazemos das nossas faculdades mediúnicas em nome da caridade com Jesus, que nos tornam criaturas mais equilibradas, respeitadas como medianeiros e felizes.
O médium precisa estudar e conhecer a si mesmo para reformar-se moralmente ao longo da vida, o que já é extremamente difícil, pois como somos seres ainda imperfeitos, mais tropeçamos em nossas imperfeições morais do que conseguimos andar com desenvoltura “nas” nossas qualidades.
Tem muita gente que pensa que ser um bom médium é ter facilidade em comunicar-se com os desencarnados, como por exemplo, ver, ouvir, incorporar, psicografar, ser instrumento deles através da psicofonia, entre outros. Lá na frente, depois de cairmos feio, tropeçando na nossa própria vaidade, veremos que não é a quantidade, mas sim a qualidade das comunicações e estas só se dão se os bons espíritos forem simpáticos aos médiuns. Lamento dizer, mas para que isto aconteça, é necessário que o encarnado tenha uma boa conduta moral, seja humilde, responsável e estudioso.