Como
nos relacionar com parentes difíceis, mal educados, ríspidos e que gostam de
humilhar os outros?
O
Espiritismo explica as antipatias familiares que geram conflitos dolorosos
entre os entes consanguíneos e nos aponta também caminhos para a libertação das
culpas, através do Evangelho de Jesus.
Reencarnamos
em lares que podem nos ser simpáticos ou
não. Isso normalmente depende muito das ligações de vidas anteriores, e o
desdobramento de cada caso. Cada existência e oportunidade de liquidarmos
débitos antigos, se dará diante da sagrada permissão da reencarnação num novo
cenário familiar, em um novo corpo físico.
Em
noventa por cento dos casos há desentendimentos médios e graves entre pessoas
de um mesmo agrupamento familiar, o caso “pais e filhos” é o mais comum e quase
sempre o mais difícil. Segundo nos consta, podem levar longos séculos para
que espíritos possam se perdoar e esquecer de traumas de um passado remoto que
têm ressonância com o tempo presente.
Falemos
francamente e sem julgamentos negativos, analisemos nossos casos pessoais uma a
um, dentro de uma linha de raciocínio honesta e direcionada à descoberta de nós
mesmos e vejamos: Nesse planeta habitam quase a totalidade de espíritos
imperfeitos ainda em caminho de vencer as debilidades. Só o entrechoque
familiar pode nos proporcionar experiências que no futuro, nos darão condições
de discernir melhor, julgar com justiça, evoluir moralmente e buscar novos
rumos para a nossa própria evolução espiritual.
A
maior dificuldade que encontramos em nossos lares é a de lidar com um ente
orgulhoso e prepotente, principalmente se for hierarquicamente superior a nós.
Reencontramo-nos na carne com antigos inimigos de outrora, comparsas
inescrupulosos, cúmplices que foram arregimentados no caminho do erro, criaturas
que assassinamos por tolo ciúme, ódio ou pela cega e desmedida ambição tomar o
lugar de destaque e de poder no mundo das formas.
Aquele
que hoje está como pai pode ter sido o filho noutra época, a mãe de agora pode
ter sido a irmã de outrora ou a amante, a filha, a esposa em vidas anteriores. Gastamos
muitas encarnações para aos poucos e sempre, irmos nos aproximando emocionalmente
cada vez mais uns dos outros, até que consigamos enfim nos amar. Mas não é
assim tão simples, o Espiritismo elucida-nos que esta aproximação é complexa, requer
paciência, pois os ódios ainda estão vivos em nossa memória espiritual. Nesse
ínterim desenvolvemos a capacidade de sentir o que emana dos outros para nós, conseguindo
identificar “ali”, por exemplo, um inimigo tenaz de uma existência passada
mesmo sem reconhece-lo de fato. E através das discussões, da violência
doméstica, das traições, das humilhações e implicâncias, podemos perceber no outro a característica que nos
causa perturbação e incômodo e automaticamente nos remete às ressonâncias de
sentimentos represados pelo espírito há séculos, trazendo ao novo convívio familiar
“novas” antipatias,
raivas e ódios inexplicáveis que só o passado pode elucidar. E esses relacionamentos sem perdão e sem harmonia podem
dar início a mais fortes conflitos dolorosos dentro do lar com a nossa atual mãe, pai, irmão, avô, tio, primo, irmã, esposo
ou esposa. Infelizmente alguns desses aspectos ou características de
personalidade podem desagradar-nos sobremaneira, criando por vezes o afastamento.
Aquele
parente orgulhoso e prepotente que humilha, manipula, ofende e fere,
possivelmente foi o algoz do passado ou até mesmo nossa vítima cheia de mágoa e
revolta, que hoje sente-se ameaçado pela possível rejeição ou pelo simples medo
de não ser respeitado, amado ou ouvido.
Mas
como podemos conviver de uma forma equilibrada posto que em muitos casos o
afastamento é impossível, por motivos cármicos, financeiros ou psicológicos? Muitos
parentes não conseguem perdoar mesmo compreendendo a importância desse nobre ato.
Isso é perfeitamente compreensível, já que conseguimos entender como dito
alhures, a complexidade e a demora para que cada parte afetada consiga abrir
mão da disputa perniciosa, da cobrança ou até mesmo do desejo quase
irresistível de vingar-se.
Esse
singelo texto deseja fornecer material para analisarmos particularmente cada
caso e, com simplicidade, tirarmos nossas conclusões buscando o melhor caminho
para uma saudável reflexão.
Se
somos espíritas e sabemos que o perdão é uma porta para a nossa libertação e
equilíbrio espiritual, por que não conseguimos perdoar tão fácil assim? É
simples, porque o ego nos atrapalha.
Aquela
pessoa difícil do nosso convívio familiar pode até ter certa autoridade dentro
do lar e sobre nós, pode nos parecer poderosa, responsável, firme, competente,
forte, capaz, dona de si, “dona” do dinheiro e até sentir-se melhor que os
outros. Nós até podemos crer que ela seja assim por se destacar dos outros, mas
devemos entender que existe uma camada superficial que “cobre”, disfarça os
males daquele indivíduo que quer parecer ser o que não é.
Arrogância
é um mecanismo de autodefesa. Quem gosta de humilhar, na verdade está se escondendo
por trás de um pseudo poder para ocultar o sentimento de pouco valor que dá a
si mesmo.
Os
entes difíceis muitas vezes nos dão desculpas pelas atitudes desagradáveis que
têm, dizem uns que foram educados num regime disciplinar rígido, outros afirmam
que sofreram traumas no período da infância pelo abuso de autoridade e violência dos pais. Cada um dará em algum momento uma explicação
para tentar explicar o jeito de ser, mas a grande maioria das pessoas
duras
de coração, querem é ocultar o medo de que descubramos que eles na verdade se
sentem um nada!
O
orgulhoso e prepotente, por dentro é criatura frágil, insegura e por vezes
covarde que aprendeu de forma distorcida a ferir primeiro, quando percebe que pode
vir a ser rejeitado por algum motivo. Usa de sua influência exercida pela
autoridade que tem dentro do lar, como pai ou mãe para subjugar o outro que
dele precisa. Esse desajuste emocional denota um sentimento de inferioridade.
Por isso, em muitos casos ele precisa elevar-se dessa forma sobre o outro para
sentir-se melhor.
O
que podemos fazer para evitar enfrentamentos que só pioram nossa condição
espiritual?
Uma
das possibilidades seria a de conquistar a independência financeira e sair do
contato tão próximo para arrefecer os ânimos. Mas há os que por questões cármicas ainda não
conseguiram sua “carta de alforria”, então, é necessário olhar para esse ente e ver a pessoa que enfermou moralmente e precisa do
nosso perdão. É preciso olhar para o outro como ele realmente é, frágil,
medroso, fraco e descontrolado, mas que disfarça vivendo um personagem irreal. Olhemos para os parentes difíceis como
olhamos para as crianças malcriadas e indisciplinadas, vendo nelas traços
característicos da imaturidade. Assim também somos nós enquanto espíritos
inferiores no caminho do aprendizado dessa escola terrena. Sem ofensas e
julgamentos, busquemos em nós mesmos esse algoz como forma de reformarmo-nos
intimamente e o disciplinemos com a aplicação do estudo do Evangelho do Mestre
Jesus, a cada dia.
Curemos
a nós mesmos e deixemos o outro, caso seja o seu desejo, à sua própria incúria
e jamais olvidemos as Leis do Pai Maior e o tempo que é mestre e amigo que a
tudo cura.
Namastê!
Letícia Gonçalves
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