A ciência mais difícil que até hoje encontramos foi a de viver em
conjunto, e o mais interessante é que precisamos desse intercâmbio para viver.
A lei nos condicionou a essas necessidades biológicas e espirituais.
A própria vida perde o sentido se nos isolarmos das criaturas.
Elas têm algo que não possuímos e nós doamos a elas certos estímulos que a
natureza lhes negou. Vemos nisto a presença de Deus, levando-nos ao amor de uns
para com os outros. E assim aprendemos a amar por Amor.
A sociedade cada vez mais se aprimora, desde quando seus membros
passam a se respeitar mutuamente, entrosando as qualidades e desfrutando da
fraternidade na convivência. A sociedade é, pois, a flor do aprimoramento
humano. No entanto, essa sociedade não pode existir sem o lar. Ela se
desarmoniza se deixar de existir a família, que é o sustentáculo da harmonia
que pode ser desfrutada pelos homens, em todos os rumos dos seus objetivos.
Se queres paz em teu lar, começa a respeitar os direitos dos que
convivem contigo. Se romperes a linha divisória dos direitos alheios,
afrontarás a tua própria paz.
Quem somente impõe suas ideias, passa a ser joguete dos
pensamentos dos outros, às vezes, sem perceber. Estuda a natureza humana, pelos
livros e pela observação, que a experiência te dirá os caminhos a tomar e a
conduta a ser seguida. Vê como falas a quem te ouve e como ouves a quem te fala
e, neste autoaprendizado, as lições serão guardadas em lugares de que a vida
sabe cuidar.
Não gastes teu tempo em palavras que desagradam, nem em horas de
silêncio que desapontam. Procura usar as oportunidades no bom senso que
equilibra a alma.
Procura conversar com os outros na altura que eles já atingiram.
Isso não é disfarce, é respeito às sensibilidades, é sentir-te irmão de todos
em todas as faixas da vida. Ao encontrares uma criança, não passas a ser outra
para que
ela te entenda? Assim deves fazer nas dimensões da vida
humana em que te encontras.
A felicidade depende da compreensão, que gera Caridade, que gera
Amor.
Conviver com os outros é, realmente, uma grande ciência, é a
ciência da vida. Fomos feitos para viver em sociedade. Se recusarmos,
atrofiamo-nos e disso temos provas observando as plantas que frutificam mais em
conjunto; as pedras, que dão mais segurança quando amontoadas, e os animais,
que sempre andam em convivência. Tudo se une para a maior grandeza da criação.
Essas lições não são somente para os encarnados. Os espíritos, na
erraticidade, igualmente obedecem a essa grande regra de viver bem. Nós nos
unimos em todas as faixas a que pertencemos, no entusiasmo do bem, que nos dá a
vida. Aprendamos, pois, a conviver, a entender e respeitar os nossos irmãos que
trabalham e vivem conosco, que tudo passará a ser, para nós, motivo de
felicidade, onde enxergaremos somente o Amor.
Contrariar as leis que
nos congregam é desagregar a nossa própria paz. E para aprender a viver bem com
os outros, necessário se faz que nos eduquemos em todos os sentidos, que nos
aprimoremos em todas as virtudes. Sem esse trabalho interior, será difícil
alcançar a paz imperturbável no reino do coração.
Do livro: “CIRURGIA MORAL” Lancellin/João Nunes Maia – Fonte Viva.
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