O melhoramento espiritual é fruto de auto-sacrifício, e
Deus não faz concessões levado por compungidos louvores de suas criaturas que, que
no mais das vezes só à perspectiva de sofrimentos compulsórios, despertam a
vontade adormecida. E o Espiritismo surgiu no momento psicológico exato, assim
que o homem terrícola principiou a transpor as fronteiras da letargia das
formas para atuar na intimidade da energia em liberdade. A magnanimidade do
Criador só entreabriu as cortinas do milenário mistério às massas quando
verificou a realidade do seu despertamento mental para as forças ocultas.
A maturidade científica e a receptividade psíquica,
sensibilizada nos milênios findos, recomendam que a mensagem do Espiritismo, em
sua plenitude oculta, seja transferida para o entendimento cotidiano do homem
comum. Cada homem deve ser o seu próprio fiscal na trama da vida de relações;
há que vigiar severamente os seus atos e intercâmbio com os demais seres, pois
em face da proximidade dos tempos das aflições, profetizados por Jesus, o cenário
aberto do mundo profano já substitui as abóbadas severas dos templos
iniciáticos. O exaustivo entrechoque de ideias e o crescimento do conflito
emotivo, entre as criaturas cada vez mais dominadas pela cobiça, o egoísmo e
oportunismos anticrísticos, significam as provas que devem graduar os
discípulos para as glórias do "Eu Superior". E o Espiritismo, embora
para alguns se afigure apenas um conjunto de princípios reduzidos, do mundo
oculto, é realmente a porta entreaberta para as almas dotadas de ânimo, coragem
e perseverança, decididas a encontrar a "pedra filosofal" da
purificação interior e que, diante do umbral do Templo, repleto de sugestões
equívocas e seduções perigosas, não temem em levantar completamente o decantado
"Véu de ísis", da tradição iniciática.